domingo, 28 de janeiro de 2018
Aumenta acesso de jovens a álcool e drogas, revela IBGE
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta sexta-feira, 26, revela o aumento do acesso precoce a bebidas alcoólicas e a drogas ilícitas entre alunos do 9º ano do ensino fundamental. Mais da metade dos jovens (55%, ou 1,44 milhão de alunos) relataram já ter tomado ao menos uma dose de bebida alcoólica, proporção superior aos 50,3% registrados em 2012. redução dos jovens que informaram ter consumido bebidas alcoólicas nos 30 dias anteriores à pesquisa. Em 2012, 26,1% disseram ter bebido recentemente, porcentual que caiu para 23,8% em 2015. O dado mais preocupante foi o que mostrou que, tanto em 2012 como em 2015, um em cada cinco jovens (21,8% e 21,4% respectivamente) tiveram pelo menos um episódio de embriaguez.
"Hábitos saudáveis e não saudáveis tendem a ser mais duradouros quando adquiridos na adolescência, no que se refere tanto a fumo e bebida alcoólica quanto à prática de esportes e boa alimentação. Por isso a Organização Mundial da Saúde recomenda pesquisas com adolescentes, para prevenção de doenças cardiovasculares, câncer e displasias", diz o pesquisador do IBGE Marco Andreazzi, gerente da Pense.
Estados da Região Sul estão entre os que registraram maior índice de consumo de álcool nos 30 dias anteriores à pesquisa - Rio Grande do Sul, 34%, e Santa Catarina, 33,8%, seguidos de Mato Grosso do Sul (31,2%) e Paraná (30,2%)
Uma pequena proporção, de 0,5%, revelou ter consumido crack nos 30 dias anteriores à pesquisa. No universo total de alunos do 9º ano, seriam 13 mil usuários da droga, mesmo que eventuais. Para o gerente da Pense, já é um alerta para pais e professores.
O crack costuma retirar os alunos da escola, é a ponta do iceberg. Estamos entre os países com menor índice de consumo de drogas ilícitas entre os adolescentes, mas o uso nos últimos 30 dias indica hábito, ou vício. Se for usado antes dos 14 anos, é um risco a mais", diz Andreazzi. Revelaram ter experimentado alguma droga ilícita 9% dos alunos, ou 236,7 mil estudantes, em 2015, proporção maior que dos 7,3% de 2102.
Houve pequena redução entre os jovens que já fumaram cigarro. A proporção dos que experimentaram pelo menos uma vez caiu de 19,6% em 2012 para 18,4% em 2015. Entre os que fumaram nos 30 dias anteriores, foi detectado pequeno aumento, de 5,1% para 5,6%.
domingo, 14 de janeiro de 2018
O uso de substâncias psicoativas
permeia os vários cenários da comunidade, desde os conflitos familiares, os
casos de violência, o sofrimento psíquico e a circulação comercial das
substâncias. O efeito da droga no organismo de cada pessoa depende de muitos
fatores, dentre os quais as questões de concentração e características da
substância utilizada, da via de administração, de sua distribuição, metabolismo
e eliminação no corpo. Há diferenças fundamentais no padrão de consumo, onde a
experimentação, o uso, o abuso e a dependência irão determinar o diagnóstico e
o tratamento, se necessário.
Existem diferenças conceituais ao
definirmos o uso e abuso de drogas. O primeiro diz respeito a qualquer consumo
de substância, seja experimental, esporádico ou episódico. Já o abuso, pode ser
entendido como um padrão de uso que aumenta o risco de consequências
prejudiciais para o usuário, podendo chegar à dependência. Segundo a
Classificação Internacional de Doenças (CID 10), o termo “uso nocivo” é o que
resulta em dano físico ou mental, enquanto no Manual Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais (DSM - V), “abuso” engloba também consequências sociais.
A partir do reconhecimento da dependência química como um problema de múltiplos
fatores e considerando a dinâmica familiar um fator importante a ser analisado,
percebe-se que os relatos das histórias de vida dos sujeitos dependentes de
drogas, assim como de seus familiares, não apenas enriquece o processo de
tratamento (compreendendo esse indivíduo em suas relações), como possibilita a
busca de alternativas conjuntas para os problemas apresentados.
Na atualidade, diferentes tipos
de substâncias psicoativas vêm sendo usados entre uma gama de finalidades que
se estende desde o uso lúdico, com fins prazerosos no desencadeamento de estado
de êxtase, como uso místico, curativo entre outros. A experimentação e o uso
dessas substâncias crescem de forma consistente em todos os segmentos, gênero e
idade. Em uma sociedade focada no consumo, na qual o importante é o “ter” e não
o “ser”, e a inversão de crenças e valores que geram desigualdades sociais,
favorece a competitividade e o individualismo, não há mais certezas religiosas,
morais, econômicas ou políticas. Esse estado de insegurança e insatisfação gera
um estresse constante que acaba por incentivar a busca de novos produtos e
prazeres, nesse contexto, as drogas são um deles. Pode-se dizer que as
características individuais e os fatores emocionais, tais como a falta de
preparo ao lidar com os problemas, baixa tolerância a frustrações, inseguranças
sociais, dentre outros, funcionam muitas vezes como uma mola propulsora de
incentivo ao uso de qualquer droga. Torna-se de grande valia perceber qual a
função que a substância química está exercendo na vida daquele sujeito,
buscando escutá-lo a fim de compreender a sua relação com a droga. Um dos
fatores bastante vistos, que podem contribuir, na questão familiar, é a falta
ou excesso, de proteção, cuidados, regras e limites. A permissividade parental
e a ausência de regras claras podem influenciar direta e indiretamente no
processo da dependência.
A família é a primeira referência
da pessoa, nesse ambiente, mediador entre o indivíduo e a sociedade, que
aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele. Ela é a principal
responsável por nossa formação pessoal e social. Atitudes como esta, podem
confundir ainda mais os papéis familiares, fazendo com que o dependente químico
perca a oportunidade de perceber algumas consequências de sua dependência,
principalmente se a família não associar o uso das drogas como fator desencadeador
de sua ausência. Como exemplo, a esposa que assume as responsabilidades sobre a
casa em função do alcoolismo do marido, ou a filha mais velha cuidar dos irmãos
e afazeres da casa em função da drogadição da mãe, dentre outras
circunstâncias. As famílias que fazem parte dessa realidade se mostram tão
fragilizadas e perdidas, quanto o próprio dependente químico, sem saber
exatamente sua causa, a quem recorrer e onde erraram. Razões pelas quais se faz
presente a disponibilidade de atendimento também aos familiares. O objetivo não
se limita à busca de responsabilizar os culpados, mas sim à compreensão do
funcionamento familiar e a potencialização de mudança de todas as partes.
Na prevenção, várias atitudes dos
pais e familiares podem ajudar, tais como: amor, carinho, informações
adequadas, diálogo aberto, apoiar o modo de eles serem, ajudá-los a ter
objetivos e metas de vida, mesmo com a dependência instalada, desenvolvendo uma
pessoa mais saudável emocionalmente. Lembre-se que o fato de um indivíduo usar
ou até ser um dependente da droga não faz com que esteja condenado a nunca mais
se recuperar. O tipo de tratamento a escolher depende da gravidade do uso e dos
recursos disponíveis para o encaminhamento.
Eles devem ser indicados conforme
os critérios previamente estabelecidos e muitas vezes se constituem em
abordagens complementares para um mesmo indivíduo, e nenhum deles pode ser
desprezado. Os grupos de autoajuda (Alcoólicos Anônimos/ Narcóticos Anônimos),
auxílio médico (psiquiatra, especialistas), internamentos (hospitais e clínicas
psiquiátricas), acolhimento em Comunidade Terapêutica, CAPS AD, tratamento
ambulatorial. Individualmente, ou em conjunto, formam um todo multidisciplinar que
visa a melhora do usuário.
Não queime seu
tempo, valorize a sua vida.
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