Psicoterapeuta. - CRT 42.156

Psicoterapeuta. - CRT 42.156
Fernando Cesar Ferroni de Freitas

sábado, 31 de dezembro de 2011

FONTE - OBID

  • Livro - Adolescência, Uso e Abuso de Drogas: uma Visão Integrativa (19/12/2011)
  • Organizado por Eroy Aparecida da Silva e Denise de Micheli, a obra é composta de módulos de textos de especialistas de diferentes áreas – pediatras, psicólogos, pedagogos, sociólogos, antropólogos, economistas e geógrafos, além de médicos de diferentes especialidades. O objetivo é apresentar a questão da drogadição na adolescência dentro de uma perspectiva integrativa, baseada no paradigma da complexidade, o que permite perceber ao mesmo tempo a singularidade das situações – o sofrimento psíquico, a subljetividade -  e a globalidade do fenômeno. Desta forma, os sentidos para o ato de se drogar podem ser abordados evitando-se que o adolescente seja reduzido à condição de doente ou delinqüente.
    Eroy Aparecida da Silva é psicóloga, psicoterapeuta familiar, pesquisadora na área de Álcool e Outras Drogas e doutora em Ciências pelo Departamento de Psicobiologia da Unifesp. Denise De Micheli é professora adjunta da disciplina de Medicina e Sociologia do Abuso de Drogas (Dimesad) do Departamento de Psicobiologia da Unifesp. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Centro de Tratamento na ZONA LESTE de São Paulo

Centro de tratamento na zona leste de São Paulo oferece:


  • Tratamento de 1 a 6 meses de internação + acompanhamento ambulatorial (pós-internação); Acompanhamento familiar;
  • Tratamento feminino (internação e ambulatório);
  • Tratamento exclusivamente ambulatorial / residência terapêutica.


Equipe multidisciplinar:

  • Clinico Geral;
  • Psiquiatra;
  • Psicólogos;
  • Terapeutas;
  • Enfermeiros.

Att.
Fernando Cesar
Terapeuta.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

DROGAS - Definição e Histórico

HISTÓRICO
O termo droga tem origem na palavra drogg, proveniente do holandês antigo e cujo significado é folha seca. Esta denominação é devido ao fato de, antigamente, quase todos os medicamentos utilizarem vegetais em sua composição. Atualmente, porém, o termo droga, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde – OMS, abrange qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas produzindo alterações em seu funcionamento.

DEFINIÇÃO
As drogas utilizadas para alterar o funcionamento cerebral, causando modificações no estado mental são chamadas drogas psicotrópicas. O termo psicotrópico é formado por duas palavras: psico e trópico. Psico está relacionado ao psiquismo, que envolve as funções do sistema nervoso central; e trópico significa "em direção a". Drogas psicotrópicas, portanto, são aquelas que atuam sobre o cérebro, alterando de alguma forma o psiquismo. Por essa razão, são também conhecidas como substâncias psicoativas.
As drogas psicotrópias dividem-se em três grupos: depressoras, estimulantes e perturbadoras. 
As drogas depressoras do sistema nervoso central – álcool, barbitúricos, benzodiazepínicos, inalantes e opiáceos - fazem com que o cérebro funcione lentamente, reduzindo a atividade motora, a ansiedade, a atenção, a concentração, a capacidade de memorização e a capacidade intelectual. 
As estimulantes do sistema nervoso central - anfetaminas, cocaína e tabaco - por outro lado, aceleram a atividade de determinados sistemas neuronais, trazendo como conseqüências um estado de alerta exagerado, insônia e aceleração dos processos psíquicos. 
Por fim, as drogas perturbadoras do sistema nervoso central – maconha, alucinógenos, LSD, êxtase e anticolinérgicos – produzem uma série de distorções qualitativas no funcionamento do cérebro, como delírios, alucinações e alteração na senso-percepção. Por essa razão, são também chamadas de alucinógenos. Uma terceira denominação para esse tipo de droga é psicotomiméticos, devido ao fato de serem conhecidas como psicoses as doenças mentais nas quais esses fenômenos ocorrem de modo espontâneo.
É importante ressaltar que nem todas as substâncias psicoativas têm a capacidade de provocar dependência. Muitas são usadas com a finalidade de produzir efeitos benéficos, como o tratamento de doenças, sendo consideradas, assim, medicamentos.

Diferentes abordagens no tratamento da dependência química

O tratamento da dependência de álcool e de outras drogas têm recebido atenção da psiquiatria desde que a dependência foi aceita como doença. Várias são as modalidades propostas, e neste capítulo iremos destacar algumas que acreditamos ter particular importância.


1. TRATAMENTO CLÁSSICO


A internação em hospital psiquiátrico, assim como em unidades especializadas, é um modo de tratamento clássico que se baseia na expectativa de que impossibilitando o acesso do dependente ao álcool e a outras drogas ele teria possibilidades de se afastar definitivamente delas.
Esta é uma das modalidades mais utilizadas no nosso meio.
Um dos problemas da internação é o seu custo elevado. Exige cuidados intensivos e tem altos custos indiretos por afastar o paciente de seu meio e impedi-lo de trabalhar durante este período. Além disso, não tem efetividade superior à de tratamentos ambulatoriais e contribui para estigmatização dos pacientes. 


2. TRATAMENTOS PSICOTERÁPICOS


São inúmeros, desde a psicanálise até técnicas cognitivas – comportamentais.
A psicoterapia pode ser:
  • Individual grupal;
  • Breve ou sem duração limitada;
  • Intervenções envolvendo seu parceiro (terapia de casal) ou sua família;
  • Intervenções com envolvimento do ambiente de trabalho.
FATO INTERESSANTE


É interessante que, em nosso meio, a psicanálise continua sendo utilizada como modelo de tratamento de dependentes, a despeito da falta de evidências de sua efetividade nesta área.


3. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO


Tentativas de tratamento medicamentoso são inúmeras:
  • Tratamentos aversivos;
  • Substituição de uma substância por outra para diminuição de prejuízos associados (heroína por metadona, p. ex.);
  • Medicamento para diminuir o desejo de consumir substâncias;
  • Medicamentos antagonistas.
4. OUTRAS MODALIDADES


Aconselhamento pelo clínico geral ou por enfermeiros, fora de programas específicos para dependência, também foram descritos como tendo algum sucesso.
Os grupos de mútua-ajuda, como os Alcoólicos Anônimos e os Narcóticos Anônimos, merecem destaque por terem grande divulgação e abrangência.


5. ASPECTOS GERAIS DA EFETIVIDADE DOS TRATAMENTOS

Já que não é possível listar todos os tratamentos neste capítulo, passemos então a discutir alguns aspectos gerais acerca de sua efetividade, considerada baixa.
A avaliação da efetividade dos tratamentos também contribui para sua seleção, embora devesse ser o parâmetro principal, isso não ocorre.
Um fator que contribui para isso é, sem dúvida, a dificuldade em determinar a efetividade das diversas modalidades terapêuticas existentes.
Embora esse tema tenha recebido especial atenção pela literatura especializada nos últimos anos, há muitas questões ainda por resolver. A determinação da existência deste ou daquele tratamento obedece a vários critérios:
  • Moda, cuja tradução é a da crença de que aquele tratamento é eficaz.
  • Política de custeio de tratamento. Em geral tratamentos mais baratos são preferíveis, mas estratégias de “marketing” podem inverter essa regra.
  • Existência de profissionais habilitados para implementação desta ou daquela modalidade terapêutica.


6. PARÂMETROS DE EFETIVIDADE DO TRATAMENTO

Intervalo de tempo considerado. Avaliações em prazos muito curtos tendem a ter melhores resultados que avaliações em períodos mais longos.
Recursos disponíveis para tratamento. Não adianta propor determinada técnica de intervenção se não há profissionais habilitados para desempenhá-la adequadamente.
Riscos que são considerados admissíveis face à gravidade da doença do paciente. O tratamento não pode acarretar riscos maiores que a doença.
Substância em questão. Diferentes substâncias levam a diferentes consequências que definem diferentes estratégias de abordagem.
Características do paciente, e este parece ser um dos principais determinantes da efetividade dos tratamentos. Estas características vão desde traços estáveis como sexo, até fatores muitos instáveis.


FATO INTERESSANTE


De maneira geral, a efetividade terapêutica tem sido mais estudada na dependência do álcool que na dependência de outras drogas, pois a dependência alcoólica pode trazer uma série de complicações (síndrome amnésica, síndrome de abstinência, etc.), inclusive risco de vida.
O mesmo não ocorre com a dependência de cannabis, assim sendo, o tratamento da dependência do álcool deve levar em conta, por exemplo, o tratamento medicamentoso da síndrome de abstinência, o que não é necessário na dependência de cannabis. A literatura acerca da afetividade terapêutica é muito mais abundante para a dependência do álcool do que para a dependência de outras substâncias psicoativas.




domingo, 11 de dezembro de 2011

OXI - Uma nova DROGA!

1 - APRESENTAÇÃO
Informações recentes de várias fontes sugerem que uma nova droga ilícita, chamada de “oxi”, estaria se espalhando por todo o Brasil. Ela seria utilizada na forma fumada e seria muito similar à cocaína na forma de crack: pequenas pedras de amareladas a marrom-claro. Como foi divulgado pela mídia, a cocaína na forma de “oxi” seria diferente do crack por este conter sais carbonato ou bicarbonato, enquanto o “oxi” teria cal (óxido de cálcio) e querosene (ou gasolina) em sua formulação.

Este trabalho apresenta um estudo comparativo entre amostras apreendidas em condições de consumo (drogas de rua) pela Polícia Civil do Estado do Acre (PC/AC) e amostras apreendidas em condições de tráfico internacional ou interestadual pela Polícia Federal no Acre (PF/AC).


2 – MATERIAIS
Foram analisadas neste estudo 20 amostras de “oxi” da PC/AC e 23 amostras de cocaína da PF/AC. As amostras se apresentavam como pedras e grumos, com coloração variada (branca, amarelada ou marrom-claro).


3 – MÉTODOS
A análise de perfil químico das amostras foi conduzida pelo PCF Ronaldo (SETEC/SR/DPF/AC) no Serviço de Laboratório do Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília, com a colaboração da equipe do programa de Perfil Químico das Drogas da PF (Projeto PeQui).

Foram utilizadas diversas técnicas para análise dos materiais, dentre elas destaca-se a espectroscopia na região do infravermelho (ATR-FTIR), análise termogravimétrica (TGA) e análises por cromatografia gasosa (GC), acoplando-se detectores de ionização de chamas (FID) ou espectrômetro de massas (MS) e injetores para soluções (ATS) ou de fase vapor (headspace-HS). Análises elementares qualitativas também foram conduzidas segundo procedimentos clássicos de via úmida (determinação de cátions, ânions, açúcares).

Foram quantificados por GC-FID a cocaína, cis e trans-cinamoilcocaína (valores expressos como base) e fármacos adulterantes (benzocaína, fenacetina, cafeína, lidocaína, levamisol, hidroxizina e diltiazem), utilizando-se as metodologias do Projeto PeQui.

A classificação dos níveis de oxidação (refino) da amostra foi realizada através da aplicação dos critérios do DEA/EUA: amostras contendo menos que 2% de cinamoilcocaínas relativas ao teor de cocaína foram classificadas como “altamente oxidadas”; amostras com teores de 2-6% foram classificadas como “moderadamente oxidadas” e amostras com teores maiores que 6% foram classificadas como “não oxidadas”.


4 - RESULTADOS
As 23 amostras da PF/AC, todas contendo cocaína na forma de base livre, exibiram teores de cocaína na faixa de 50-85% (média de 73%), sendo compostas predominantemente de cocaína “não oxidada”, isto é, na forma de pasta base de coca. As demais amostras foram refinadas (“moderadamente oxidadas” ou “altamente oxidadas”) e se encontravam na forma de cocaína base.

Para as 20 amostras de “oxi”, vindas das apreensões da PC/AC, foram observados teores de cocaína na faixa de 29-85% (média de 65%). Dentre elas, 04 amostras apresentavam menores teores de cocaína (29-47%) e quantidades significativas de carbonatos, sendo típicos exemplos da cocaína na forma crack.

Outras 06 amostras se apresentavam na forma de cocaína sal cloridrato (57-85% de cocaína nestas amostras), que não são normalmente utilizadas na forma fumada e que, portanto, não foram consideradas como possíveis amostras de “oxi”.

Os resultados obtidos por TGA, HS-GSMS e análises qualitativas revelam que não há quantidades significativas de cal (óxido de cálcio) e de hidrocarbonetos (como querosene ou gasolina) nas amostras de “oxi” apreendidas pela PC/AC. Isto é, os resultados deste estudo não confirmam a informação que tem sido vinculada na mídia que quantidades significativas destas substâncias teriam sido utilizadas na formulação da cocaína “oxi”.

Dentre as 10 amostras restantes de “oxi”, 07 eram compostas de cocaína “não oxidada” e, portanto, classificadas como pasta base de coca (55-85% de cocaína nestas amostras) e as últimas 03 amostras eram compostas de cocaína que passou por algum refino oxidativo e, portanto, classificadas como cocaína base (43-73% de cocaína nestas amostras).

O único fármaco adulterante encontrado nas amostras de “oxi” analisadas foi a fenacetina, encontrada entre 0,4-10% em 05 amostras da PF/AC e entre 0,4-22% em 07 amostras da PC/AC.

As tabelas e gráficos em anexo apresentam os resultados obtidos mais detalhadamente.

5 - CONCLUSÕES
A análise de perfil químico das amostras de “oxi” apreendidas no estado do Acre indicam que não existe uma “nova droga” no mercado ilícito.
O que se observa são diferentes formas de apresentação típicas da cocaína (sal, crack, pasta base, cocaína base) sendo arbitrariamente classificadas como “oxi”, sem que sejam utilizados para este processo critérios objetivos e técnicos.

As amostras de “oxi” analisadas neste estudo não podem também ser classificadas como uma “nova forma de apresentação da cocaína”, uma vez que os componentes majoritários/minoritários e adulterantes encontrados são os mesmos encontrados nas formas de apresentação usualmente apreendidas para esta droga.

O trabalho também mostra que, além do crack e da cocaína sal (tradicionais formas de apresentação comercializadas na rua), os usuários estão consumindo diretamente pasta base (sem refino) e cocaína base (refinada) com elevados teores da droga (acima de 60% de cocaína), o que pode contribuir para gerar pronunciados efeitos estimulantes e psicotrópicos e aumentar a possibilidade de efeitos deletérios como overdose, por exemplo.


6 - ANEXOS











 Fonte: OBID - Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas

sábado, 10 de dezembro de 2011

CEBRID- Boas Novas

O III Levantamento Domiciliar sobre consumo de Psicotrópicos CEBRID/SENAD vem aí!
O CEBRID, com apoio da SENAD, já realizou dois Levantamentos Domiciliares nas Capitas Brasileiras sobre o consumo de drogas por pessoas de 12 a 65 anos.
O CEBRID apresentou o projeto para o III Levantamento à SENAD, no ano de 2010. Entretanto, devido ao processo eleitoral para Presidência da República e à posse da nossa Presidenta, houve um compreensível retardo no caminhar burocrático do projeto.
Pois bem! Agora recebemos a boa notícia. O III Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, abrangendo desta vez 300 novos municípios, foi aprovado pela SENAD, com méritos. Será o primeiro a ter a verba liberada e a ser iniciado, havendo o descontingenciamento das primeiras verbas pelo Executivo Nacional. Esperamos assim, iniciar brevemente os trabalhos.

CEBRID - Pesquisa realizada na Australia

Interessante pesquisa feita na Austrália, entrevistando 8.256 estudantes de 10 a 14 anos de 30 comunidades estratificadas para representar diferentes níveis socioeconômicos e regionais.
Os resultados mostraram que a prática de convivência familiar pode contribuir para obtenção de abstinência do álcool nos adolescentes. Além do mais, um estreito relacionamento emocional com o pai pode também promover a abstinência; todavia o consumo de álcool pelo pai precisa também ser considerado.

TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade

O uso de substâncias psicoativas  pode estar  associado ao desenvolvimento do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) antes, durante ou depois do início do uso.
Isso em relação a crianças, adolescentes  e adultos.
Tire suas dúvidas enviando um e-mail para ffreitas2@hotmail.com, você pode também postar sua dúvida aqui no blog.
Atenciosamente.
Fernando Cesar.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Prazer compulsivo

Para o cérebro, toda recompensa é bem-vinda, venha ela de uma droga ilícita ou da experiência vivida. Sempre que os neurônios dos centros encarregados de reconhecer recompensas são estimulados repetidamente por substâncias químicas ou vivências que confiram sensação de prazer, existe risco de um cérebro vulnerável ficar dependente delas e desenvolver uma compulsão. Por isso tanta gente bebe, fuma, cheira cocaína, perde casa em jogo de baralho, come demais, faz sexo sem parar, compra o que não pode pagar e levanta peso compulsivamente nas academias.
A palavra dependência vem sempre associada às drogas químicas, ao desespero do dependente para consegui-las, ao aumento da tolerância às doses crescentes e à crise de abstinência provocada pela ausência delas na circulação. A tríade compulsão-tolerância-abstinência, no entanto, não é obrigatória mesmo no caso de substâncias dotadas de alto poder de adição.
A cocaína, por exemplo, droga de uso altamente compulsivo, causa síndromes de abstinência relativamente discretas, desde que o usuário não entre em contato com a droga ou com alguém sob o efeito dela. Apesar de causar dependência, a maconha muitas vezes é consumida esporadicamente, sem que o usuário apresente crises de abstinência dignas de nota. Doentes que tomam morfina para combater dores fortes, em menos de 3% dos casos, desenvolvem obsessão pelo medicamento quando as dores param.
Toda vez que o cérebro é submetido a estímulos repetitivos carregados de conteúdo emocional, os circuitos de neurônios envolvidos em sua condução se modificam para tentar perpetuar a sensação de prazer obtida.
Esse mecanismo, conhecido como neuroadaptação, é arcaico. Quando a abelha penetra uma flor e sente o prazer de encontrar o alimento desejado, é liberado, em seu cérebro, um neurotransmissor chamado octopamina. Quando um adolescente fuma maconha ou cheira cocaína, ocorre, nas terminações nervosas de certas áreas cerebrais, aumento na concentração de dopamina. A semelhança de nomes entre ambos os neurotransmissores traduz a proximidade da estrutura química existente entre as duas moléculas. Apesar de as abelhas terem divergido da linhagem que nos deu origem há mais de 300 milhões de anos, os mediadores da sensação de prazer são quase os mesmos nas duas espécies. Na seleção natural das espécies, levaram vantagem reprodutiva aquelas que desenvolveram mecanismos de recompensa ao prazer com o objetivo de criar a necessidade de buscar sua repetição. Para o organismo, em princípio, tudo o que traz bem-estar é bom e deve ser repetido. Se não fosse assim, nós nos esqueceríamos de nos alimentar, de fazer sexo ou de procurar a temperatura mais agradável na hora de dormir.
Os estudos para entender o mecanismo de neuroadaptação em resposta aos estímulos repetitivos de prazer levam a crer que os neurônios se organizem em circuitos que convergem para estações cerebrais situadas nas proximidades dos centros que coordenam memórias e emoções. Neurônios situados nessas estações ligadas à recompensa estabelecem conexões com outros que convergem para o chamado centro da busca. Estes, quando ativados, interferem no comportamento, criando forte sensação de ansiedade para induzir o corpo a buscar a repetição do prazer. Por isso o fumante sai da cama atrás de um bar para comprar cigarro, o alcoólatra bebe no horário de trabalho e o craqueiro pede esmola para comprar a droga. Por um capricho da natureza, entretanto, a estimulação repetida do centro do prazer pode provocar ativação irreversível do centro da busca, de modo que este permanece estimulado mesmo quando o uso da droga já não traz mais prazer nenhum. Em outras palavras, o prazer repetido à exaustão pode disparar o centro da busca irreversivelmente. É freqüente entre os usuários crônicos de drogas o aparecimento de quadros persecutórios em que o dependente imagina ser perseguido pela polícia ou por algum desafeto. No caso da cocaína, da heroína, do crack, da morfina ou do álcool, não é raro surgirem alucinações em que o usuário vê bichos na parede e inimigos embaixo da cama. Nessa fase da adição, nem o dependente é capaz de entender o que o leva a tomar outra dose e a repetir experiência tão dolorosa. O centro da busca assumiu o controle; obriga o dependente a ir atrás de um prazer que não existe mais.
Esse mecanismo neuroadaptativo, associado à tolerância que o organismo desenvolve a doses crescentes de qualquer droga administrada repetidas vezes, constrói a armadilha que aprisiona tantas pessoas no inferno da dependência química. A primeira cerveja deixa o adolescente bêbado; depois de alguns anos, é preciso tomar meia dúzia para obter efeito semelhante. A primeira cachimbada de crack tira de órbita e faz o ouvido zumbir durante meia hora, mas, após alguns dias de uso, o efeito dura menos de um minuto. Pela mesma razão, todo usuário crônico de maconha se queixa equivocadamente de que não existem mais baseados como aqueles de antigamente.
Em artigo publicado na revista “Science”, um grupo seleto de neurocientistas mostra que, por trás do consumo de drogas, das compulsões alimentares, sexuais ou de fazer compras, da cleptomania e do vício do jogo ou de fazer exercícios exageradamente, existe um mecanismo comum de neuroadaptação.

Dráuzio Varella

Governo lança plano novo contra o crack de R$ 4 bilhões

O governo federal lançou nesta quarta-feira (7) um plano anticrack que terá investimento de R$ 4 bilhões do governo federal até 2014, entre ações dos ministérios da Saúde e da Justiça. Além de busca ativa de viciados e ampliação do número de leitos disponíveis, a presidente Dilma Rousseff buscou reforçar a repressão ao tráfico e ao contrabando.
Brasil precisa vencer crack para ser país desenvolvido, afirma Dilma no lançamento
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (7) que o combate à droga e a seus efeitos são uma condição tão importante para o Brasil ser um país desenvolvido quanto o crescimento da economia. Ela disse ainda que essa vitória não depende apenas do poder público e que é um “compromisso de todos”.
“Sem nenhuma vacilação vamos combater esse processo que instaura violência no país. Isso é fundamental para que possamos nos orgulhar de sermos um país desenvolvido. Temos de garantir que essa filosofia 'drogas não e vida sim' seja um compromisso de cada um de nós”, afirmou a presidente. “Não achamos que temos todas as respostas nem que esse seja um caso fácil de lidar. Mas precisamos.”
Na área da saúde, as principais medidas são a criação de consultórios de rua, centros de atendimento 24h e enfermarias especializadas para tratar de viciados em abstinência ou em intoxicação grave. O governo aumentou em 2.462 as vagas de internação, para 3.562. O valor gasto por paciente subirá de R$ 57 para R$ 200.
“Vamos colocar o dedo na ferida”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao falar sobre o primeiro plano na área lançado no governo Dilma – no governo Luiz Inácio Lula da Silva houve outros. “O crack para nós hoje tem a mesma dimensão do problema da Aids décadas atrás.” Pesquisas recentes indicaram a presença da droga até no meio rural.
O governo prometeu criar pelo menos 300 consultórios de rua e ampliar os horários de funcionamento de centros especializados. “Não podemos funcionar só no horário comercial. Precisamos de busca ativa e também de disponibilidade no momento em que as pessoas podem estar mais vulneráveis”, afirmou o ministro da Saúde.
Além de condições médicas, Padilha afirmou que os viciados terão mais políticas para reinserção social, como 430 vagas em abrigos provisórios especializados. “O crack se tornou uma grande ferida social. Precisamos combatê-lo em frentes diferentes. Permitir às pessoas recomeçar suas vidas”, disse.
Na frente da repressão, o governo fortalecerá sua política de policiamento de fronteiras e de inteligência. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que nem todos os detalhes sobre as iniciativas serão divulgados por questão de segurança.
O Palácio do Planalto enviará ao Congresso, como parte do plano, um projeto de lei para mudar o Código de Processo Penal para acelerar a destruição de drogas apreendidas pela polícia, assim como o leilão de bens usados no tráfico.

Informações do CEBRID ( Centro Brasileiro Sobre Drogas Psicotrópicas)

LINHAS DE PESQUISA
O grupo de drogas psicotrópicas apresenta duas linhas principais de atividade: uma voltada para a divulgação de informações científicas e a outra voltada para geração de informações através de pesquisas científicas.

1. Divulgação de Informações

A divulgação de informações de qualidade sobre drogas psicotrópicas representa um dos primeiros passos para uma melhor orientação da situação do consumo indevido de drogas no Brasil. No entanto, estudos têm mostrado a carência de informações de qualidade, não apenas entre a população geral, como também entre profissionais das diferentes áreas.
Nesse sentido, ao longo dos últimos anos, o CEBRID foi desenvolvendo um setor especificamente voltado para a divulgação de informações de qualidade, que possui credibilidade e representa uma referência nacional para a busca de conhecimentos.
Atualmente, o CEBRID é diariamente consultado por pessoas dos mais diferentes perfis; médicos, psicólogos, professores, advogados, jornalistas, familiares de dependentes, estudantes, entre outros.
As principais formas de divulgação de informações são:
Livretos informativos para alunos do ensino fundamental
Boletins informativos - com tiragem trimestral de cerca de 8.000
Banco de Publicações: com mais de 3.750 publicações nacionais sobre drogas - utilizado como referência nacional para busca de informações científicas
Entrevistas para Jornais, Revistas, Rádio e Televisão
Palestras
Cursos

2. Pesquisas científicas

A linha de pesquisa do CEBRID é caracterizada por uma série de estudos voltados para a avaliação quantitativa e qualitativa do consumo de drogas psicoativas no Brasil, como levantamentos populacionais entre estudantes e, crianças e adolescentes em situação de rua. Realizou em 2001 o Primeiro e em 2005 o Segundo Levantamento Domiciliar Nacional sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, envolvendo as 108 maiores cidades do país. Realizou ainda, cinco Levantamentos sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio, sendo o último em 2004, realizado nas 27 capitais do país. Os levantamentos sobre a utilização de drogas entre meninos em situação de rua também já completou cinco unidades publicadas, sendo a última em 2003 também em todas as 27 capitais brasileiras. Também são avaliados indicadores epidemiológicos como as internações hospitalares, apreensões de drogas pela Polícia Federal, laudos do IML, artigos jornalísticos, sistema de psicofarmacovigilância, notificações de receitas de medicamentos psicotrópicos, violência familiar, entre outros.
A avaliação do perfil do uso de drogas em uma dada população permite o desenvolvimento de programas assistenciais mais realistas e ainda, quando a pesquisa é realizada sistematicamente, passa a representar um indicador fundamental para a avaliação dos resultados de intervenções eventualmente implementadas em um dado período de tempo.
Atualmente o grupo é composto por quatro doutores, três mestres e uma pesquisadora com formação na área de comunicação social. Conta ainda com alunos de pós-graduação, iniciação científica e estagiários nas áreas de farmácia, psicologia e medicina.

Dependência Química e Alcoólica

O que é dependência química?
A resposta para esta questão ainda não está clara, apesar de inúmeros estudos realizados, existe uma grande variedade de teorias que tentam explicar a complexidade da natureza desse transtorno, que virou uma pandemia.
Pode-se falar sobre uma suscetibilidade biológica aos efeitos do álcool e de outras drogas, é similar à hipertensão, à diabetes.
Não existe uma fronteira clara entre uso, abuso e dependência, pode-se dizer com certeza que há continuidade, uma evolução progressiva entre esses níveis de consumo. O conceito de síndrome de dependência nos leva a duas dimensões distintas:
A psicopatologia de um lado, e os problemas decorrentes do uso de outro.
Reconhecida pela O.M.S. (Organização Mundial de Saúde) dentro do C.I.D. 10 (Código Internacional de Doenças) ela é descrita como  F19 - Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de múltiplas drogas e ao uso de substâncias psicoativas.