Psicoterapeuta. - CRT 42.156

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Fernando Cesar Ferroni de Freitas

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Diferentes abordagens no tratamento da dependência química

O tratamento da dependência de álcool e de outras drogas têm recebido atenção da psiquiatria desde que a dependência foi aceita como doença. Várias são as modalidades propostas, e neste capítulo iremos destacar algumas que acreditamos ter particular importância.


1. TRATAMENTO CLÁSSICO


A internação em hospital psiquiátrico, assim como em unidades especializadas, é um modo de tratamento clássico que se baseia na expectativa de que impossibilitando o acesso do dependente ao álcool e a outras drogas ele teria possibilidades de se afastar definitivamente delas.
Esta é uma das modalidades mais utilizadas no nosso meio.
Um dos problemas da internação é o seu custo elevado. Exige cuidados intensivos e tem altos custos indiretos por afastar o paciente de seu meio e impedi-lo de trabalhar durante este período. Além disso, não tem efetividade superior à de tratamentos ambulatoriais e contribui para estigmatização dos pacientes. 


2. TRATAMENTOS PSICOTERÁPICOS


São inúmeros, desde a psicanálise até técnicas cognitivas – comportamentais.
A psicoterapia pode ser:
  • Individual grupal;
  • Breve ou sem duração limitada;
  • Intervenções envolvendo seu parceiro (terapia de casal) ou sua família;
  • Intervenções com envolvimento do ambiente de trabalho.
FATO INTERESSANTE


É interessante que, em nosso meio, a psicanálise continua sendo utilizada como modelo de tratamento de dependentes, a despeito da falta de evidências de sua efetividade nesta área.


3. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO


Tentativas de tratamento medicamentoso são inúmeras:
  • Tratamentos aversivos;
  • Substituição de uma substância por outra para diminuição de prejuízos associados (heroína por metadona, p. ex.);
  • Medicamento para diminuir o desejo de consumir substâncias;
  • Medicamentos antagonistas.
4. OUTRAS MODALIDADES


Aconselhamento pelo clínico geral ou por enfermeiros, fora de programas específicos para dependência, também foram descritos como tendo algum sucesso.
Os grupos de mútua-ajuda, como os Alcoólicos Anônimos e os Narcóticos Anônimos, merecem destaque por terem grande divulgação e abrangência.


5. ASPECTOS GERAIS DA EFETIVIDADE DOS TRATAMENTOS

Já que não é possível listar todos os tratamentos neste capítulo, passemos então a discutir alguns aspectos gerais acerca de sua efetividade, considerada baixa.
A avaliação da efetividade dos tratamentos também contribui para sua seleção, embora devesse ser o parâmetro principal, isso não ocorre.
Um fator que contribui para isso é, sem dúvida, a dificuldade em determinar a efetividade das diversas modalidades terapêuticas existentes.
Embora esse tema tenha recebido especial atenção pela literatura especializada nos últimos anos, há muitas questões ainda por resolver. A determinação da existência deste ou daquele tratamento obedece a vários critérios:
  • Moda, cuja tradução é a da crença de que aquele tratamento é eficaz.
  • Política de custeio de tratamento. Em geral tratamentos mais baratos são preferíveis, mas estratégias de “marketing” podem inverter essa regra.
  • Existência de profissionais habilitados para implementação desta ou daquela modalidade terapêutica.


6. PARÂMETROS DE EFETIVIDADE DO TRATAMENTO

Intervalo de tempo considerado. Avaliações em prazos muito curtos tendem a ter melhores resultados que avaliações em períodos mais longos.
Recursos disponíveis para tratamento. Não adianta propor determinada técnica de intervenção se não há profissionais habilitados para desempenhá-la adequadamente.
Riscos que são considerados admissíveis face à gravidade da doença do paciente. O tratamento não pode acarretar riscos maiores que a doença.
Substância em questão. Diferentes substâncias levam a diferentes consequências que definem diferentes estratégias de abordagem.
Características do paciente, e este parece ser um dos principais determinantes da efetividade dos tratamentos. Estas características vão desde traços estáveis como sexo, até fatores muitos instáveis.


FATO INTERESSANTE


De maneira geral, a efetividade terapêutica tem sido mais estudada na dependência do álcool que na dependência de outras drogas, pois a dependência alcoólica pode trazer uma série de complicações (síndrome amnésica, síndrome de abstinência, etc.), inclusive risco de vida.
O mesmo não ocorre com a dependência de cannabis, assim sendo, o tratamento da dependência do álcool deve levar em conta, por exemplo, o tratamento medicamentoso da síndrome de abstinência, o que não é necessário na dependência de cannabis. A literatura acerca da afetividade terapêutica é muito mais abundante para a dependência do álcool do que para a dependência de outras substâncias psicoativas.




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