O tratamento da dependência de álcool e de outras drogas têm recebido atenção da psiquiatria desde que a dependência foi aceita como doença. Várias são as modalidades propostas, e neste capítulo iremos destacar algumas que acreditamos ter particular importância. 1. TRATAMENTO CLÁSSICO A internação em hospital psiquiátrico, assim como em unidades especializadas, é um modo de tratamento clássico que se baseia na expectativa de que impossibilitando o acesso do dependente ao álcool e a outras drogas ele teria possibilidades de se afastar definitivamente delas. Esta é uma das modalidades mais utilizadas no nosso meio. Um dos problemas da internação é o seu custo elevado. Exige cuidados intensivos e tem altos custos indiretos por afastar o paciente de seu meio e impedi-lo de trabalhar durante este período. Além disso, não tem efetividade superior à de tratamentos ambulatoriais e contribui para estigmatização dos pacientes. 2. TRATAMENTOS PSICOTERÁPICOS São inúmeros, desde a psicanálise até técnicas cognitivas – comportamentais. A psicoterapia pode ser:
É interessante que, em nosso meio, a psicanálise continua sendo utilizada como modelo de tratamento de dependentes, a despeito da falta de evidências de sua efetividade nesta área. 3. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Tentativas de tratamento medicamentoso são inúmeras:
Aconselhamento pelo clínico geral ou por enfermeiros, fora de programas específicos para dependência, também foram descritos como tendo algum sucesso. Os grupos de mútua-ajuda, como os Alcoólicos Anônimos e os Narcóticos Anônimos, merecem destaque por terem grande divulgação e abrangência. 5. ASPECTOS GERAIS DA EFETIVIDADE DOS TRATAMENTOS Já que não é possível listar todos os tratamentos neste capítulo, passemos então a discutir alguns aspectos gerais acerca de sua efetividade, considerada baixa. A avaliação da efetividade dos tratamentos também contribui para sua seleção, embora devesse ser o parâmetro principal, isso não ocorre. Um fator que contribui para isso é, sem dúvida, a dificuldade em determinar a efetividade das diversas modalidades terapêuticas existentes. Embora esse tema tenha recebido especial atenção pela literatura especializada nos últimos anos, há muitas questões ainda por resolver. A determinação da existência deste ou daquele tratamento obedece a vários critérios:
6. PARÂMETROS DE EFETIVIDADE DO TRATAMENTO Intervalo de tempo considerado. Avaliações em prazos muito curtos tendem a ter melhores resultados que avaliações em períodos mais longos. Recursos disponíveis para tratamento. Não adianta propor determinada técnica de intervenção se não há profissionais habilitados para desempenhá-la adequadamente. Riscos que são considerados admissíveis face à gravidade da doença do paciente. O tratamento não pode acarretar riscos maiores que a doença. Substância em questão. Diferentes substâncias levam a diferentes consequências que definem diferentes estratégias de abordagem. Características do paciente, e este parece ser um dos principais determinantes da efetividade dos tratamentos. Estas características vão desde traços estáveis como sexo, até fatores muitos instáveis. FATO INTERESSANTE De maneira geral, a efetividade terapêutica tem sido mais estudada na dependência do álcool que na dependência de outras drogas, pois a dependência alcoólica pode trazer uma série de complicações (síndrome amnésica, síndrome de abstinência, etc.), inclusive risco de vida. O mesmo não ocorre com a dependência de cannabis, assim sendo, o tratamento da dependência do álcool deve levar em conta, por exemplo, o tratamento medicamentoso da síndrome de abstinência, o que não é necessário na dependência de cannabis. A literatura acerca da afetividade terapêutica é muito mais abundante para a dependência do álcool do que para a dependência de outras substâncias psicoativas. |
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Diferentes abordagens no tratamento da dependência química
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