Psicoterapeuta. - CRT 42.156

Psicoterapeuta. - CRT 42.156
Fernando Cesar Ferroni de Freitas

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Transtornos mentais afetam cada vez mais as crianças.

Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. E de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria 17% das pessoas no Brasil já pensaram, em algum momento, em tirar a própria vida.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quase 800 mil pessoas se suicidam por ano no mundo, uma a cada 40 segundos. Ou seja, enquanto você está lendo esse texto, uma pessoa está cometendo esse ato, que é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos de idade.
A OMS diz que são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. E de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria 17% das pessoas no Brasil já pensaram, em algum momento, em tirar a própria vida.
Para falar sobre a realidade do estado e apontar caminhos para mudar esse cenário, conversamos com o médico psiquiatra Ruy Palhano, integrante do Fórum Estadual de Prevenção da Automutilação e do Suicídio, Secretário Adjunto da Associação Maranhense de Psiquiatria e eleito recentemente, Diretor-Secretário da Região Norte da Associação Brasileira de Psiquiatria para o triênio 2020-2023.
“O Maranhão integra a Região Norte por ter dado apoio ao Amazonas em um momento crítico pelo qual passou aquele estado. Temos a responsabilidade não só mais com o Maranhão, de implementar as políticas públicas de saúde mental e de psiquiatria também nos estados do Acre, Rondônia, Pará, Amazonas e Amapá”, comenta o médico.
Segundo ele, a ideia é desenvolver estratégias políticas na área da prevenção das doenças mentais e tentar ajudar gestores públicos a organizar melhor as estratégias pra enfrentamento da depressão, suicídio, transtorno de ansiedade, hoje um problema gravíssimo no mundo. “O Brasil por exemplo, é o primeiro país no mundo a deter os maiores índices de transtorno de saúde e o segundo de depressão, sem falar nas questões relacionadas às drogas que também são foco da ABP, em colaborar com os estados brasileiros no sentido de organizar políticas mais consistentes, mais eficazes, mais efetivas”, disse o médico.
Dr. Ruy Palhano foi eleito no dia 12 de outubro e será empossado em fevereiro de 2020. De acordo com ele sua primeira atitude será fazer uma reunião regional para ouvir as necessidades, demandas e interesses de cada estado. “Nós temos a Associação Maranhense de Psiquiatria que já tem pelo menos 40 anos de pleno funcionamento e é um membro importante da ABP. Quem chefia essa associação é Dr. Francisco Frazão. Eu fui presente por 3 mandatos e é uma das importante federadas brasileiras, porque todos os anos nós fazemos eventos relacionados à psiquiatria e saúde mental. Agora no dia 19 de novembro nos faremos a 13ª Jornada Maranhense de Psiquiatria que terá participantes de todo o Brasil. 

Confira a entrevista.

Como está o Maranhão no aspecto da saúde mental?

Eu te diria sem nenhuma dúvida, sem medo de errar, que a doença psiquiátrica hoje no mundo e particularmente no Brasil, e mais ainda particularmente no Maranhão é um dos maiores desafios em matéria de saúde pública. Não há nenhuma outra doença que exija cuidados com tanto rigor, no presente momento, que as doenças psiquiátricas. O país detém o primeiro lugar no ranking dentre todos os países no mundo com índice de transtorno de ansiedade, é o segundo do mundo em transtorno de depressão, e que aí já leva milhões de pessoas, tem transtornos relacionados ao consumo de substâncias, uso de drogas por exemplo, que é uma coisa avassaladora. Sobretudo, com ameaça imediata da liberação de droga pelo Supremo Tribunal Federal que vai acontecer no dia 6 de novembro, quando será decidido juridicamente a liberação de droga no pais. Fatalmente, certamente, com essa liberação irão se desenvolver mais doenças psiquiátricas.

Piora o cenário…

Lamentavelmente. De transtorno relacionado a consumo de substancia nós temos 10 a 13 por cento da população brasileira dependente de álcool, só aí já vai mais de 17 milhões de pessoas. Então a gente está entro de um cenário muito complicado e as situação mais complexa que tem de tudo isso é que cada vez mais o número decresce, para esses transtornos, a idade das pessoas envolvidas. Tem crianças com depressão que tem 8, 9 anos de idade.
Crianças com transtorno de ansiedade com 7 anos. Isso te dá um cenário de perguntar para onde que vai essa situação? Outra coisa importante é que a situação está aí imposta, os números não mentem.

E o que está sendo feito efetivamente para solucionar isso?

Já houve uma melhora com a promulgação, em abril, da nova legislação brasileira sobre saúde mental. Então, ampliaram-se as possibilidades de criar-se ambulatórios, serviços de internação hospitalar, ampliação das redes de atendimento. Mas eu, pessoalmente, acho que deveriam ser tomadas outras medidas para se enfrentar isso.

O que por exemplo?

Treinar Upas (Unidades de Pronto Atendimento) para atendimento de doenças psiquiátricas. As Upas deveriam ser aparelhadas, os médicos treinados para poder prestar o primeiro atendimento do doente psiquiátrico. Porque muitas vezes só se recorre ao Hospital Nina Rodrigues para um atendimento desses enfermos. É um hospital super lotado, não tem infraestrutura pra dar conta de todas as demandas do estado do Maranhão. Eu acho que poderia ter uma espécie de rastreamento para esse atendimento nas unidades de pronto atendimento que não são preparadas para isso. Outro ponto é o desenvolvimento nos prontos socorros psiquiátricos, de unidade de atendimento de paciente com depressão, pacientes suicidas.

Como ocorre hoje?

Se a pessoa tenta suicídio e graças a Deus não consegue, a pessoa vai para a unidade, é atendida, socorrida, medicada… e depois? É mandada para casa. Mas não é para mandar para casa, é para mandar para uma unidade psiquiátrica preparada, capacitada para poder fazer um contraponto dessa tentativa de suicídio.

Outra medida é o atendimento em hospitais pediátricos de urgência psiquiátricas. Onde é que estão sendo atendidos nossas crianças e adolescentes? Não tem. Pai e mãe ficam desesperados porque não tem onde recorrer. Temos uma o CAPSI (Centro de Atenção Psicossocial para Infância e Adolescência), então porque não se ampliam esses centros? Então, essa população está desassistida. Outra medida, do ponto de vista médico, que pode ser implementada, é o treinamento de escolas para lidar com automutilação. As professoras, coitadas, não sabem o que fazer com o volume de crianças e adolescente se mutilando. É gigante, e como é um assunto relativamente novo não se tem, epidemiologicamente, um número exato, mas estima-se que 60% das crianças e adolescentes tem se automutilado.

Porque ocorrem esses transtornos cada vez mais cedo?

Temos três fatores para explicar o comportamento psicopatológico de um sujeito ou de uma sociedade. Primeiro: As condições genéticas. A absoluta maioria dos transtornos psiquiátricos tem um braço genético fortíssimo. Então tem pessoas que tem vulnerabilidade, suscetibilidade, tendência para o desenvolvimento de determinadas doenças, como depressão, esquizofrenia, alcoolismo, que são transtornos que estão geneticamente determinados; outro fator é a própria sociedade. Qual é o preparo que a família tem para lidar com problemas psiquiátricos? A família não sabe o que fazer.

Se uma mãe assiste que o filho está se drogando ela fica desesperada, mas não procura um serviço médico. Não tem uma adequação, a família está despreparada para manejar com isso; E por fim, o terceiro fator é a nossa violência. Então você vê uma família desagregada, os pais não cuidam do filho, cada um cuida da sua vida porque tem que aparecer os interesses financeiros da família e etc. E esse filho está sendo educado aonde? Ou pela escola que não é responsabilidade dela, ou por alguém da rua, ou pela internet. Esses fatores sociais estão contribuindo muito para a formação dessas doenças mentais. Junta esses fatores genéticos, ambientais, os da própria natureza humana, acaba formando uma bomba que está permeando todas as instâncias da sociedade.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Doenças psicóticas nos jovens: «Tem que se atuar precocemente, antes da fase de rutura»


"A intervenção nas idades jovens para pessoas com doença mental grave devia ser uma prioridade em termos de saúde mental”, afirma Pedro Levy, presidente da Secção do Primeiro Psicótico da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental.
Em declarações à Just News, o psiquiatra adverte que “não há muita sensibilização” para a questão de intervir o mais precocemente possível nas psicoses, inclusive entre profissionais de saúde: “Entre nós, psiquiatras, acho que ainda não há a priorização que penso que devia haver relativamente a este assunto.”

Pedro Levy dá o "bom exemplo" do Reino Unido, onde há praticamente 20 anos “as unidades de saúde mental possuem equipas de intervenção em pessoas jovens com psicose”:

“Foi uma orientação política todos os centros de saúde mental terem uma intervenção nesta área porque se sabe que agir precocemente melhora o prognóstico e a evolução do doente. Portanto, há aqui uma situação de prioridade!”, frisa o médico, salientando “as grandes incapacidades” que este conjunto de doenças determina, obrigando a um “acompanhamento bem estruturado desde cedo”.
Se a importância da intervenção precoce no que diz respeito ao enfarte ou à doença neoplásica, por exemplo, é constantemente sublinhada, Pedro Levy entende que “esta não será uma área da medicina diferente”. E conclui:
“Se pretendermos que as pessoas com psicose tenham uma vida mais saudável e mais ativa, tem que se atuar precocemente.” Na Europa, em geral, financiam-se cada vez mais programas de intervenção dirigidos a jovens. Além do Reino Unido, é o caso de Espanha ou dos países nórdicos. A Austrália e a Nova Zelândia também são bons exemplos.
Relativamente a Portugal, considera que “ainda não houve uma reflexão suficientemente abrangente para se poder definir quais as áreas, dentro da Saúde Mental, em que é prioritário intervir". E não tem dúvidas de que "as famílias dos doentes podem ser um elemento importante, um fator de pressão”.
“É preciso saber esperar que a pessoa melhore”
Pedro Levy afirma ser essencial compreender que uma doença psicótica tem várias fases. E explica que "depois de uma situação aguda, em que a pessoa se mostra bastante perturbada, muito incoerente, desconfiada, com alucinações e distorcendo a realidade, segue-se um período de vários meses, por vezes, até mais de um ano, marcado por uma grande ausência de iniciativa".
O psiquiatra acrescenta: “O doente revela falta de motivação, apresenta uma tendência para o isolamento, pode acontecer dormir muitas horas seguidas, tem dificuldade em concentrar-se, revela problemas de memória, não consegue programar o seu quotidiano. Frequentemente, os familiares costumam dizer que ‘agora está com preguiça’, mas não é preguiça, é uma fase da doença."
Na sua opinião, "é preciso saber esperar que a pessoa melhore, algo que pode demorar mais ou menos tempo. Depois da fase aguda estar resolvida, temos uma fase longa de recuperação, caracterizada por aquilo a que se chama a sintomatologia negativa, a sintomatologia cognitiva e até a afetiva.”
O especialista refere que, por vezes, “é difícil transmitir isto às famílias”. Mas também os técnicos “precisam de estar atentos e de reconhecer que existe esta fase de evolução prolongada e que não podemos precipitar- nos em querer que a pessoa retome imediatamente as atividades todas, pois, faz parte da doença não ter ainda essa capacidade”.
Mas o certo é que a passagem para esta segunda fase “só é possível com acompanhamento, porque senão a agitação e a desorganização poderão manter-se”.

Unidade do 1.º Episódio Psicótico do CHULN

Um dos fatores que contribuem decisivamente para que a evolução de uma psicose seja prejudicada prende-se com o consumo de drogas. Pedro Levy coordena a Unidade do Primeiro Episódio Psicótico do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e revela que 60% dos doentes que ali chegam consomem substâncias que põem seriamente em causa o tratamento.
“É muito complicado persuadi-los a manterem-se sem consumir, sabendo nós que, por exemplo, a utilização de cannabis faz com que haja mais recaídas, surgindo outros sintomas e sendo mais difícil a remissão”, observa.
O que se verifica em Santa Maria não é diferente do que acontece nos outros hospitais, isto é, a maior parte dos casos de primeiro episódio psicótico – boa parte deles são de jovens entre os 17 e os 24 anos – surgem através da Urgência, o que “significa que nós não temos ainda uma rede de articulação com outros cuidados de saúde, ou com estruturas que cuidam de jovens, suficientemente boa para podermos intervir antes dessa fases de rutura”.

Nos próximos dias 29 e 30 de novembro, vai realizar-se, em Lisboa, o 5.º Encontro Nacional do Primeiro Episódio Psicótico, uma reunião "aberta a diversos grupos de profissionais". Pedro Levy faz questão em sublinhar: “Nós, nos cuidados de saúde mental, precisamos de pessoas com várias formações: psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais,
psicopedagogos, assistentes sociais, enfermeiros…”

Pedro Levy com Patrick McGorry

O convidado principal será Patrick McGorry, considerado o fundador do modelo de intervenção nas fases iniciais das doenças psicóticas nos jovens e que dirige, na Austrália, um grande centro assistencial e de investigação.
Dois dirigentes da IEPA – Early Intervention in Mental Health, entre os quais a própria presidente, Lucia Valmaggia, integrarão a lista de palestrantes, esperando-se que a assistência atinja os 250 participantes.
Presidida por Pedro Levy, a Secção do Primeiro Episódio Psicótico da SPPSM tem como vice-presidente Ricardo Coentre, incluindo os seus órgãos dirigentes os psiquiatras Hugo Silva, Nuno Madeira e Tiago Santos. Esta equipa termina agora um mandato de 3 anos.

O que vem primeiro: a frustração ou o "vício" por games?

Jogar demais é doença? A Associação Americana de Psiquiatria (APA) e, este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passaram a considerar a compulsão por games como um transtorno de saúde mental. A decisão foi baseada em estudos e no crescente número de pessoas que acumulam prejuízos graves na vida social, acadêmica ou profissional por causa do comportamento. Mas muitos especialistas ainda são cautelosos em chamar o hábito de "vício". Afinal de contas, videogame não é como álcool ou certas drogas que geram dependência fisiológica. Nos últimos dias, uma pesquisa publicada por um instituto ligado à Universidade de Oxford, no Reino Unido, tenta fortalecer a tese de que o problema nã... -
Veja mais em:
https://doutorjairo.blogosfera.uol.com.br/2019/10/23/o-que-vem-primeiro-a-frustracao-ou-o-vicio-por-games/?cmpid=copiaecola

Governo federal destina R$ 2,3 milhões a reforço da rede de atendimento psiquiátrico

Verba irá reforçar implantação de 115 residências terapêuticas.

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (23) que aplicará R$ 2,3 milhões na implantação 
de 115 Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), também conhecidos como residências terapêuticas, em 19 municípios de sete estados (AL/ MA/ PA/ PE/ RJ/ RS/ SP). Serão repassados, em parcela única, R$ 20 mil de incentivo financeiro para cada unidade.
Os serviços são moradias que cuidam de pacientes com transtornos mentais, incluindo dependentes de álcool e outras drogas, que tiveram alta de internações psiquiátricas, mas não têm suporte financeiro, social ou laços familiares que permitam a reinserção social.
Segundo o Ministério da Saúde, essas moradias têm como objetivo o convívio social, a reabilitação psicossocial e o resgate da cidadania do paciente. Cada serviço residencial deve estar vinculado a uma equipe de saúde mental de referência que dará o suporte técnico profissional necessário, como também a uma unidade de Atenção Primária. O país conta, atualmente, com 633 residências terapêuticas.
Ao mesmo tempo em que estamos reforçando a Rede de Atenção Psicossocial nas cidades brasileiras, trabalhando a reabilitação e reinserção social dos pacientes com agravos de saúde mental, também estamos trabalhando a prevenção de problemas relacionados à saúde mental e dependência química — destaca o secretário de Atenção Primária à Saúde, Erno Harzheim.
No Rio Grande do Sul, duas unidades serão beneficiadas: uma em Porto Alegre, com reforço de R$ 220 mil, e outra em Santa Maria, com R$ 20 mil.

Instituição de ensino lança nova pós-graduação, o curso de Dependência Química e Transtornos Psicóticos para profissionais da saúde

Visando a necessidade de capacitação profissional do indivíduo, a instituição de ensino, POSFG, acaba de lançar uma nova especialidade, o curso de Dependência Química e Transtornos Psicóticos. Destinado a profissionais da área da saúde que atuam com o tratamento de dependência química e saúde mental.
O Brasil apresenta um crescimento elevado no uso de drogas, mais de 29 milhões de pessoas têm alguma relação familiar com algum dependente químico. Cerca de 8 milhões de brasileiros são viciados em maconha, álcool ou cocaína. O país também é o maior mercado na América do Sul de derivados de ópio, cerca de 600 mil pessoas são usuárias desse tipo de substância.
Com objetivo de aprimorar a formação do profissional através de fundamentos teóricos e práticos da área e capacitá-lo para atuar com as complexidades inerentes da especialidade, promovendo uma melhor qualidade dos serviços prestados, por meio de treinamento multidisciplinar, com o fim de capacitar os egressos para a atuação sistemática na especialidade.
Além disso, permitirá que os profissionais possam colaborar para realizar avaliações multidisciplinares precoces, inserindo os pacientes em programas adequados de tratamento e reabilitação multiprofissional com a inclusão da família nas abordagens instituídas.
Após a conclusão, o profissional estará plenamente apto a lecionar em universidades, exercer a função em clínicas particulares, unidades básicas de saúde, gerenciar unidades de saúde ou combinar mais de uma dessas atividades. No setor público, poderá atuar em hospitais, unidades de saúde, e/ou participar de concursos públicos, conforme edital dos mesmos.
O corpo docente da instituição é composto por especialistas, mestres e doutores. O curso é reconhecido pelo Ministério da Educação, com 432h de aulas. Os alunos dispõem de acesso ao sistema de aprendizado virtual durante 24 horas por dia. Para ser intitulado especialista, o médico precisa preencher todos os pré-requisitos exigidos pela Sociedade Brasileira da especialidade escolhida, além de ser aprovado na prova de título.

Aprovado projeto que cria Superintendência de Cuidados e Prevenção às Drogas

Projeto garante auxílio aos dependentes químicos em tratamento.

No último dia 15, o prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD), sancionou a Lei N° 6.311/19 que determina a criação da Superintendência de Cuidados e Prevenção às Drogas. O projeto foi aprovado durante a sessão na Câmara Municipal de Campo Grande, no dia 17 de setembro, de autoria do vereador Dr. Wilson Sami (MDB).
A sanção publicada no dia 16 de outubro no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) detalha que a referida Superintendência, tem por finalidade planejar, organizar, dirigir, coordenar eventos e, controlar as atividades setoriais a cargo do município, relativas ao uso indevido de substâncias e produtos psicoativos em Campo Grande, incluindo a prevenção, tratamento, reabilitação e reinserção social, dos dependentes ou usuários de substâncias ou produtos psicoativos.
O parlamentar ressaltou que a idéia não é criar clínicas, mas dar suporte àquelas que já existem, com subsídios para que haja equipe multidisciplinar para recuperação dos dependentes químicos em tratamento. 
A equipe consiste em médico, psicólogo, fisioterapeuta e fonoaudiólogo, entre outros profissionais da área da saúde, necessários para a efetiva recuperação.
Também estão previstos estudos e pesquisas referentes ao tratamento e prevenção à dependência química, tendo o COMAD (Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas) como órgão responsável pelas ações da Superintendência de Cuidados e Prevenção às Drogas.

Ações preventivas 

Além de apoiar a ressocialização de dependentes químicos em tratamento, a Superintendência tem o objetivo de prevenir que outras pessoas, em especial crianças e jovens, tenham contato e se viciem em drogas. Estão previstas ações de prevenção ao uso ou abuso de substâncias psicoativas, com finalidade de planejar, coordenar, promover, estimular, executar e supervisionar ações de prevenção, incluindo palestras, seminários em escolas e ações com crianças e jovens.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

VOTAÇÃO SOBRE LEGALIZAÇÃO DE DROGAS - ENVIE SEU EMAIL PARA OS MINISTROS DO STF

Lotus Tratamento.: Tratamento gratuito para dependentes quimicos.

Lotus Tratamento.: Tratamento gratuito para dependentes quimicos.: Mais de 30 entidades ofertam tratamento a dependentes químicos. Ao todo, as parcerias disponibilizam 700 vagas no Estado do Piauí, que são...

Tratamento gratuito para dependentes quimicos.

Mais de 30 entidades ofertam tratamento a dependentes químicos.
Ao todo, as parcerias disponibilizam 700 vagas no Estado do Piauí, que são custeadas pela Cendrogas.

Os dependentes químicos do Piauí podem encontrar ajuda terapêutica gratuita em 31 entidades parceiras da Coordenadoria de Enfrentamentos às Drogas (Cendrogas), órgão do Governo do Estado que tem por missão prevenir e implantar políticas públicas de enfrentamento às drogas.
Segundo o coordenador da Cendrogas, Sâmio Falcão, os dependentes químicos que procuram a entidade são ouvidos por profissionais e, em seguida, encaminhados às comunidades terapêuticas que atuam de forma voluntária.
“As pessoas que procuram a Cendrogas são recebidas por assistentes sociais e psicólogos, que fazem o trabalho de escuta para saber qual o tipo de dependência química e direcionar, após os exames, para uma comunidade terapêutica”, explica.
Ainda de acordo com coordenador, as casas de recuperação credenciadas atendem adultos e jovens em diversos municípios do Estado. “Temos comunidades que atendem gratuitamente em Demerval Lobão, Nova Teresina, Campo Maior, Piripiri, Parnaíba, Luís Correia, São Raimundo Nonato, São João do Piauí, dentre outros municípios. Vale ressaltar que as casas atendem homens, mulheres e jovens que cometeram pequenos delitos em função do vício”, disse.
O tratamento nas comunidades terapêuticas é feito em pacientes que procuram espontaneamente por recuperação. Dependo da casa, o acolhimento pode durar de 6 meses a 1 ano. Ao todo, o Piauí disponibiliza 700 vagas custeadas pela Cendrogas. A entidade afirma ainda que não trabalha com a desintoxicação dos pacientes e, que esse procedimento, é feito pelo Sistema de Saúde.
Cendrogas
Em 2018, mais de 25 mil pessoas foram beneficiadas com ações da Cendrogas. Entre as casas de recuperação estão: Fazenda da Paz, Fundação Casa, Comunidade Shalom, Comunidade Terapêutica Pe. Pio, dentre outras. A Coordenadoria Estadual de Enfrentamento às Drogas (Cendrogas) fica localizada na Rua Antonino Freire, 1473, 6º andar, no Centro de Teresina.


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Lotus Tratamento.: Polícia desativa refinaria de drogas e apreende 2,...

Lotus Tratamento.: Polícia desativa refinaria de drogas e apreende 2,...: Dois homens foram presos em sítio no bairro Sertãozinho em Nazaré Paulista (SP). Trabalho de pesagem da droga foi finalizado somente no fi...

Polícia desativa refinaria de drogas e apreende 2,2 toneladas de cocaína em SP

Dois homens foram presos em sítio no bairro Sertãozinho em Nazaré Paulista (SP). Trabalho de pesagem da droga foi finalizado somente no fim da manhã desta segunda (21).

globoplay.globo.com/v/8021446/

Uma operação da Polícia Civil desativou uma refinaria de drogas e apreendeu 2,2 toneladas de cocaína neste domingo (20) em um sítio no bairro Sertãozinho em Nazaré Paulista (SP). Dois homens foram presos.
Segundo a Polícia Civil, a droga apreendida foi levada para o Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e o trabalho de pesagem só foi finalizado no fim da manhã desta segunda (21).
Além das 2,2 toneladas de cocaína, a polícia apreendeu mais de uma tonelada de insumos para produção da droga, como éter, codeína e cafeína.
Essa foi a maior apreensão de cocaína feita pelo Denarc neste ano. Balanço mais recente da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo aponta que neste ano foram apreendidas 119 toneladas de drogas no Estado, sendo 27 toneladas de cocaína. O balanço é referente ao período de janeiro a agosto.
Na ação, os policiais conseguiram prender dois homens que estavam na entrada do sítio, que era utilizado para o refino e preparo das drogas. Parte do bando conseguiu fugir e a polícia faz buscas na região.
No sítio foram apreendidos diversos equipamentos usados no preparo e no embalo da droga para o comércio, além de drogas.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Retrocessos à vista no campo da saúde mental no Brasil.

“A nomeação de Valencius Wurch Duarte Filho não é uma ingenuidade do ministro, ou apenas um descuido, é uma tentativa de desarticular uma política que é bem sucedida e que interfere nos interesses arcaicos conservadores da psiquiatria e nos interesses econômicos da área”.
Aponta o pesquisador.
As políticas de saúde mental no Brasil têm uma trajetória de lutas que vem da mesma atmosfera dos movimentos contra a ditadura e pela redemocratização do país. Trata-se de uma história impregnada pela participação das bases, dos movimentos sociais, também ligada às reivindicações por um serviço de saúde universal, que atendesse a todos os brasileiros.
Em entrevista por telefone à IHU On-Line, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Paulo Amarante, ressalta que o campo da saúde mental teve um papel importante nas lutas pela universalização da saúde no país porque incluiu a ideia da participação social no processo de construção das políticas.
Segundo o pesquisador, que é um histórico militante da Reforma Psiquiátrica e Sanitária brasileira, a partir desses movimentos foi estruturado no país um conceito diferente no tratamento da saúde mental, voltado para os direitos e a cidadania dos pacientes, e foi mais além: “trouxe algo bastante inovador que é atentar para a autonomia desses sujeitos. Pessoas até então consideradas loucas, incapazes de gerir a própria vida passam, no sistema de saúde mental, a ser protagonistas das políticas e a ter um papel de construção e de participação que não há em nenhum outro país do mundo”.
Essa concepção a respeito dos usuários dos serviços de saúde mental provocou uma virada na configuração do tratamento psiquiátrico no país. “Não é só um plano de organização de serviços para otimização e eficiência, estamos falando de uma questão política de participação, de integração social e de cidadania. Ademais, nós partimos para uma ideia de serviço de saúde articulado com outras políticas públicas nos campos de serviços sociais, da cultura, do esporte, do trabalho e da residência, sendo a área de saúde mental mais uma vez exemplar nisso”, explica Amarante.
Entretanto, essa concepção sobre a saúde mental não é unânime, contrastando com alguns setores que ainda apostam em métodos de tratamento tradicionais, baseados na medicalização e isolamento dos pacientes, e muitas vezes entram em conflito com os adeptos de abordagens mais modernas. De acordo com o pesquisador, “o grande interesse na resistência desses grupos que defendem a permanência do modelo antigo de tratamento psiquiátrico é econômico e financeiro. São donos de hospitais psiquiátricos que têm há dezenas de anos essas instituições como fonte de renda, pois são serviços com baixo poder de regulamentação do público”.
Recentemente, os conflitos entre essas duas perspectivas da saúde mental se evidenciaram ainda mais com a nomeação de Valencius Wurch Duarte Filho, para a Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogasdo Ministério da Saúde. Na década de 1990 o psiquiatra foi coordenador da Casa de Saúde Doutro Eira, considerado o maior manicômio privado da América Latina, fechado em 2012 por graves violações aos Direitos Humanos. ParaPaulo Amarante a decisão do Ministério da Saúde não foi causal, pois de acordo com o pesquisador, Duarte Filho é um defensor do modelo manicomial e “alguém que conheceu a Reforma Psiquiátrica e foi um militante ativo contra esse movimento”.
Esse cenário é de apreensão para os que lutam em prol de políticas de saúde mental mais inclusivas e cidadãs. Os protestos se espalham pelo país na tentativa de evitar retrocessos nesse campo considerado vanguardista por diversos outros países, mas que tem a possibilidade de sofrer as sanções do poderio econômico. O pesquisador atribui a escolha do ministério “a uma tomada de consciência do risco que essa política de Reforma Psiquiátrica representa para determinados segmentos que pensam a saúde como mercado, como privatização e que querem dar um freio nesse movimento. Não me parece uma escolha ingênua ou desavisada, e sim uma decisão consciente, pois se trata de um opositor explícito e declarado da Reforma Psiquiátrica”.
Paulo Amarante é graduado em Medicina pela Escola de Medicina da Santa Casa de Misericórdia, especialista em Psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, mestre em Medicina Social pelo Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ e doutor em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, com pós-doutorado no Departamento de Saúde Mental de Ímola, na Itália. Atualmente é Professor e Pesquisador Titular do Departamento de Direitos Humanos, Saúde e Diversidade Cultural da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da FIOCRUZ.
Também leciona no Programa de Mestrado Profissional em Saúde Mental da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e tem participado como professor convidado em universidades nacionais e estrangeiras.
Coordena do GT de Saúde Mental e é Vice-Presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO, e presidente de honra da Associação Brasileira de Saúde Mental – ABRASME.

Como está organizada a Política de Saúde Mental no Brasil? De que forma o sr. a avalia? Ela tem sido implementada? De que modo?

Paulo Amarante – No Brasil, nós temos um processo que denominamos de Reforma Psiquiátrica que vem desde os anos 1970. É mais ou menos simultâneo ao processo de redemocratização do país, quando começamos a lutar pelo fim da ditadura e as demandas políticas. Muito particularmente na saúde, nós tivemos uma grande movimentação pela democratização dos serviços dessa área, pelas políticas públicas, pela ideia de criar políticas mais voltadas para os segmentos mais desfavorecidos da sociedade etc. Almejávamos uma política que fosse realmente nacional e não uma política de assistência à doença que fosse voltada para as camadas da população com mais posses. Então esse movimento ficou conhecido como reforma sanitária e compreendeu a criação de uma política nacional pública e gratuita, como dever do Estado e direito do cidadão, proposta que acabou sendo inscrita na Constituição.
Desse modo, a proposta do Sistema Único de Saúde – SUS nasceu dos movimentos sociais, não foi uma ementa parlamentar, foi realmente popular e acho que é a única nesse perfil presente na Constituição de 1988. Na Carta Magna consta então essa ideia de que a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado e ainda a universalidade da atenção à saúde, que até aquele momento era restrita principalmente a previdenciários. O campo da saúde mental teve um papel muito importante nisso porque falava da noção da participação social nas políticas. Ficou denominada como Participação e Controle Social a ideia de criar conferências nacionais de saúde, conselhos nos níveis municipal, estadual e nacional para a sociedade ter canais de participação efetivos na política. Recentemente, em dezembro de 2015, tivemos a realização da 15ª edição da Conferência Nacional de Saúde.
Assim, esses processos se iniciaram aproximadamente entre 1976 e 1978 e se estendem até hoje. A saúde mental teve essa contribuição importante pelo fato de que, além dessa discussão do direito e da cidadania do usuário de serviço mental, ela trouxe algo bastante inovador que é atentar para a autonomia desses sujeitos. Pessoas até então consideradas loucas, incapazes de gerir a própria vida passam, no sistema de saúde mental, a ser protagonistas das políticas e a ter um papel de construção e de participação que não há em nenhum outro país do mundo. Esse é o princípio geral dessa proposta, que não é só um plano de organização de serviços para otimização e eficiência, estamos falando de uma questão política de participação, de integração social e de cidadania. Ademais, nós partimos para uma ideia de serviço de saúde articulado com outras políticas públicas nos campos de serviços sociais, da cultura, do esporte, do trabalho e da residência, sendo a área de saúde mental mais uma vez exemplar nisso.
A política de saúde mental conseguiu desenvolver grupos culturais, como há em Porto Alegre um grupo envolvido com teatro ligado ao Hospital Psiquiátrico São Pedro e uma banda de Hip Hop ligada a um Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, chamada Black Confusion; e uma série de iniciativas que foram surgindo e que tiveram autonomia. Não se trata só de um grupo de artistas com transtornos mentais, é um grupo de teatro, por exemplo, que também tem pessoas com transtornos mentais, ou diagnósticos psiquiátricos, e se apresenta em diversos espaços.
Foi um avanço muito grande. Temos políticas, cooperativas de trabalho, residências onde vivem ex-moradores de hospitais psiquiátricos que agora estão morando nas cidades, produzindo e fazendo uma série de coisas. Além disso, nós conseguimos fechar no país mais de 60 mil leitos psiquiátricos, abrimos mais de dois mil CAPS, mais de mil projetos culturais, como de teatro, musicais, corais, e artistas individualmente também têm se sobressaído. Existem ainda dezenas de blocos de carnaval, no Rio de Janeiro há grupos que receberam prêmios, que já estão na agenda cultural da cidade. No ano passado saiu uma notícia no jornal New York Times sobre o bloco “Tá Pirando, Pirado, Pirou”, e o “Loucura Suburbana” ganhou o prêmio de segundo melhor bloco de carnaval do Rio de Janeiro, só perdeu para o “Cordão do Bola Preta”, um grupo muito tradicional carioca.
Essa é a grande inovação, uma política pública de saúde mental que muda o modelo assistencial, mas que também muda o lugar desses sujeitos, considerados antes só pacientes e depois protagonistas, agentes das próprias histórias. No momento, corremos o risco de sofrer um retrocesso em todo esse avanço no Brasil.

 Como está o acesso ao tratamento psiquiátrico pelo Sistema Único de Saúde – SUS?

“Os hospitais internavam milhares de pessoas, mas não faziam tratamento, faziam isolamento”

Paulo Amarante – Estamos vivendo um período longo de mudança, pois antes assistência psiquiátrica indicava a internação. Muitos familiares, médicos e segmentos da sociedade ainda acham que se não há internação, não há tratamento, o que é um equívoco. Nós mostramos que os hospitais internavam milhares de pessoas, mas não faziam tratamento, faziam isolamento. Então ainda estamos em um processo de transformação. Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, os Centros de Convivência e Cultura, asresidências assistidas, e a criação de vários outros projetos poli culturais, assistenciais e de trabalho, isso tudo é consistência, é cuidado na forma de lidar com as pessoas com transtorno mental. No meu entendimento, ainda é muito pouco, nós deveríamos ter muito mais CAPS, Centros de Convivência, recursos para incentivar projetos culturais e desportivos, criar eventos e residências para pessoas que não têm família ou que os parentes não as aceitam. Porém, ainda se gasta milhares de reais em internação.
Por outro lado começa haver uma inversão, onde o sistema público financia mais serviços e dispositivos sociais, territoriais e comunitários do que hospitais. Isso já é uma mudança, mas ainda acho que a política deveria investir mais em serviços alternativos ao modelo psiquiátrico tradicional. O SUS está no caminho certo, mas está muito lento, vagaroso. Os investimentos precisam ser mais efetivos no sentido de superar todo o modelo manicomial tradicional, pois ainda temos mais de 20 mil leitos no país; e direcionar as verbas a equipamentos territoriais e comunitários, que fomentam a inclusão social, a reabilitação, inclusão social e são bem sucedidos em seus propósitos, mesmo com todas as limitações existentes. Esse tipo de trabalho é incomparavelmente superior ao modelo psiquiátrico hospitalar anterior.

Interesses financeiros atravessam os processos decisórios quanto às políticas de saúde mental no Brasil? De que maneira? Como é essa situação em outros países?

Paulo Amarante – Esses leitos psiquiátricos são em grande parte privados. São geridos por empresas e sua quase totalidade é financiada pelo SUS. Nos anos 1980 essas organizações privadas tiveram um grande boom, como o caso da Casa de Saúde Doutor Eiras, que foi dirigida pelo atual nomeado coordenador Geral de Saúde Mental, contra o qual está havendo uma série de protestos. A Doutor Eiras teve mais de dois mil leitos psiquiátricos privados pagos pelo SUS, então era uma mina de ouro. Assim, acabar com esse modelo é claro que interfere em um negócio importante de prestação de serviços médicos e no mercado de trabalho, porque essas empresas contratam profissionais, e uma grande preocupação nossa é deixar claro que as pessoas não precisam ser demitidas, elas podem ser incorporadas em outros recursos e serviços.
O grande interesse na resistência desses grupos que defendem a permanência do modelo antigo de tratamento psiquiátrico é econômico e financeiro. São donos de hospitais psiquiátricos que têm há dezenas de anos essas instituições como fonte de renda, pois são serviços com baixo poder de regulamentação do público, porque é muito difícil alguém entrar em um local desses, e para isso, como foi o caso da Doutor Eiras em Paracambi, é necessário às vezes acionar o Ministério Público, porque o próprio SUS não consegue fiscalizar o trabalho prestado, ou mobilizar aVigilância Sanitária. Especificamente a qualidade da atenção em saúde mental é muito difícil de acompanhar nessas organizações, então é um serviço que tem uma tranquilidade de funcionamento, tem pouca interferência.

O que representam para o campo de estudos em saúde mental as experiências brasileiras de tratamento psiquiátrico comunitário a partir da abordagem interdisciplinar, em relação aos métodos tradicionais, mais centrados na medicalização e internação em hospitais?

Paulo Amarante – Representam a possibilidade de formar profissionais novos. Um dos grandes problemas no Brasil é que a formação profissional, principalmente da psiquiatria, é controlada pela Associação Brasileira de Psiquiatriaque tem uma posição conservadora, muito ligada a interesses privados, afinal de contas os proprietários dos hospitais são os dirigentes de determinadas entidades. Desse modo, as residências médicas não abrem para esta nova formação, querem continuar formando em hospitais, na prática institucionalizante e medicalizante. Quando os estudantes, por algum motivo, um furo, uma brecha nesse espaço de formação, conhecem os CAPS e essas experiências culturais e projetos novos eles ficam fascinados, apaixonados porque vislumbram uma prática médica e psiquiátrica, de saúde mental, diferente. São campos de formação muito relevantes, é importante que a gente consiga abrir espaços de formação para as faculdades não mais nesses manicômios, mas sim nos CAPS, nas práticas territoriais, na saúde da família e em outras experiências.
Sobre a importância da experiência brasileira, eu participei agora em dezembro de 2015 em Trieste, na Itália, do Encontro Internacional “Uma sociedade sem isolamento”, promovido pela Organização Mundial da Saúde – OMS, pude ver que o trabalho desenvolvido no Brasil é considerado um dos mais importantes hoje no mundo, por ter uma abordagem inovadora e avançada. Essa é a opinião externada pelo dirigente da OMS, mas também compartilhada pela Organização Pan-Americana de Saúde, por professores, intelectuais, autores de várias universidades inglesas, norte-americanas, francesas, e pesquisadores do Japão, Nova Zelândia e Canadá, país do qual recebemos uma docente titular da Universidade de Quebec como professora visitante na Fundação Oswaldo Cruz. Então, as pessoas também estão vindo conhecer a nossa experiência e fazer pesquisas.
Também estive na Espanha para lançar um livro em um importante seminário sobre práticas inovadoras em psiquiatria. Na ocasião, entre os títulos lançados, a única obra não espanhola lançada no evento foi o nosso livro sobre a experiência brasileira. Isso é sinal de que temos uma escuta, um interesse internacional e de que a experiência do Brasil está entre os trabalhos de referência.

De que modo o campo da Reforma Psiquiátrica no Brasil tem tratado a questão dos Direitos Humanos e da cidadania das pessoas com transtornos mentais? Tendo em vista que o país já foi criticado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por violações em hospitais psiquiátricos que resultaram em morte de pacientes.

Paulo Amarante – Direitos Humanos e cidadania são os temas centrais. Desde o início da Reforma Psiquiátrica, da luta contra a ditadura etc., que percebíamos como os hospitais psiquiátricos eram locais de segregação, não só de pessoas com diagnóstico psiquiátrico, mas de vários segmentos sociais que eram marginalizados e para os quais o Estado não tinha políticas públicas sociais. Então esses depositários de pessoas, também eram locais psiquiátricos. Espaços onde eram comuns a violência exercida por funcionários; a invisibilidade dos sujeitos internados em instituições deste tipo, os quais acabavam perdendo seus direitos; as mortes, sempre atribuídas a conflitos entre os internos, nunca a agressões cometidas pelos empregados dessas organizações. Sobre a violência, houve um caso clássico de um paciente no nordeste em que foi considerado que ele próprio teria batido em si mesmo até morrer. Foi dito que ele teria se espancado com um pedaço de pau. Isso é considerado tecnicamente impossível, qualquer legista sabe disso.

Um caráter também inovador da Reforma Psiquiátrica brasileira em relação aos Direitos Humanos é que, além da luta contra a violência exercida às pessoas com transtorno mental, também houve uma preocupação com oreconhecimento da diversidade desses sujeitos. Significa perceber nas pessoas com transtorno mental uma capacidade discursiva, narrativa, de produção de arte, de identidade que é potente. Ao construir uma forma de identificação com o coletivo, se oferece uma nova condição de possibilidade de saúde mental que é a da pessoa não sentir-se constrangida por ser quem é, por ter um sofrimento mental, sua diversidade mental, mas ver nisso também uma das suas formas de identidade.

Por outro lado, não é romantizar a condição do sofrimento, mas é reconhecer que as pessoas têm determinadas circunstancias, condições, características e que isso não precisa ser endeusado, glorificado, mas também não demonizado ou escondido. Isso dá uma característica de identidade e de suporte às condições mentais psicológicas subjetivas. Essa é uma articulação importante dos Direitos Humanos nesse caráter de um suporte subjetivo, afetivo, emocional às pessoas pela sua condição de diversidade, com a denúncia e a luta contra a violência que se exerce contra essas pessoas.

De que forma a nomeação de Valencius Wurch Duarte Filho, para a Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, contrasta com a trajetória dos movimentos pela Reforma Psiquiátrica e a luta antimanicomial no Brasil? Como os movimentos sociais ligados a estas lutas estão recebendo essa decisão?

Paulo Amarante – Recebemos com total perplexidade e inaceitação porque se trata de uma pessoa que foi dirigente do Manicômio Doutor Eiras, de Paracambi, considerado o maior hospital psiquiátrico privado da América Latina, mas eu penso que se é o maior da América Latina é o maior do mundo, pois eu nunca vi um hospital privado desse tipo com mais de dois mil leitos em lugar nenhum do mundo, nunca tive notícia de uma coisa assim.

“Colocar uma pessoa para dirigir uma política nacional que seja contra essa política é no mínimo um contrassenso e no máximo uma tentativa de desarticulá-la”

Eu conheci esse hospital e ele teve 2500 leitos pagos pelo SUS. O que é mais impressionante é que nenhum país do mundo tem essa política de privatização pelo Estado, pois é possível privatizar e passar ao setor privado determinado setor da economia, mas o que acontece no Brasil é que o país continua pagando a conta. Não são as pessoas em particular ou os planos de saúde contratados que custeiam esse serviço, mas sim o Sistema único de Saúde. Então aqui a lógica é diferente, os empresários da área da saúde querem que se privatize, mas querem que o SUS continue pagando, porque assim eles garantem o sustento do serviço e não dependem do mercado.
O Hospital Doutor Eiras teve uma intervenção federal, doMinistério Público estadual e foi fechado por graves violações dos Direitos Humanos. O então diretor clínico era o médico Valencius Wurch Duarte Filho, que resistiu a essa intervenção, fez várias tentativas de manter esse hospital em funcionamento atuando em relação à equipe que trabalhou no processo de fechamento da instituição e foi um defensor até o último momento do manicômio e desse modelo de tratamento psiquiátrico.
Ele se utilizou de todas as estratégias para que esse hospital permanecesse funcionando porque defendia fundamentalmente que os internados eram pessoas que não tinham condições de vida fora do manicômio, organizou os familiares desses pacientes para que eles não aceitassem as altas, afirmando que era um interesse que o Estado tinha em devolvê-los às famílias, o que é uma visão deturpada dos fatos, pois as famílias que tiveram condições de receber seus parentes foram amparadas por um programa chamado “De Volta pra Casa”, para os que não puderam voltar foram constituídas residências coletivas financiadas pelo SUS.
Dessa maneira, esse médico é um defensor do modelo manicomial, não é um médico qualquer que talvez tivesse uma prática mais manicomial, mas é alguém que conheceu a Reforma Psiquiátrica e foi um militante ativo contra esse movimento. Então, é muito curioso, por exemplo, que fosse indicado ministro da saúde alguém que é contra o SUS, que é a política pública oficial. A Reforma Psiquiátrica também é uma política pública oficial, foi aprovada pela Lei 10.216/2001, que passou pela Câmara, Senado e foi sancionada pelo presidente da República. Colocar uma pessoa para dirigir uma política nacional que seja contra essa política é no mínimo um contrassenso e no máximo uma tentativa de desarticulá-la. No nosso entendimento, não é uma ingenuidade do ministro, ou apenas um descuido, é uma tentativa de desarticular uma política que é bem sucedida e que interfere nos interesses arcaicos conservadoresda psiquiatria e nos interesses econômicos da área.

Diante das mobilizações intensas dos movimentos sociais e entidades ligadas à promoção da saúde mental contra a nomeação de Valencius Wurch Duarte Filho, a que o sr. atribui essa escolha do Ministro da Saúde, Marcelo Castro?

Paulo Amarante – Atribuo a uma tomada de consciência do risco que essa política de Reforma Psiquiátricarepresenta para determinados segmentos que pensam a saúde como mercado, como privatização e que querem dar um freio nesse movimento. Não me parece uma escolha ingênua ou desavisada, e sim uma decisão consciente, pois se trata de um opositor explícito e declarado da Reforma Psiquiátrica.

O contexto da saúde mental brasileira como consequência da reforma psiquiátrica.

Este artigo científico predomina estudos realizados com usuários, profissionais de saúde e familiares. Alguns dos desafios a serem superados se referem à necessidade de maior articulação da saúde mental com a atenção básica do estabelecimento de relações colaborativas entre usuários e profissionais de saúde, sendo que, para tanto, a execução de processos avaliativos e a qualificação desses profissionais revelam-se essenciais. Pode-se concluir que o nível da saúde mental vem sofrendo dificuldades para seguir as novas propostas da assistência psiquiátrica, devido a instituições que ainda seguem o padrão hospitalocêntrico, trabalhando ainda com a ideia de saúde-doença, prestigiando o modelo curativo. Além disso, nota-se a percepção errônea da loucura, principalmente por discentes, tornando o aprendizado difícil e limitado, pois a representação da loucura como periculosidade e incapacidade cria barreiras e dificulta a prática dos novos conceitos da assistência na saúde mental.

Pós-Doutorado em Educação: Formação de Professores e Psicanálise, pela FCU – FLORIDA CHRISTIAN UNIVERSITY – USA – IESLA. Doutorado e Mestrado em Educação: Formação de Professores e Novas Tecnologias e Comunicação: Audiovisual, pela UNIATLÁNTICO. (América Latina e Europa). Pós-graduação em: Educação Ambiental: Sustentabilidade pela UCAM – Universidade Candido Mendes – Rio de Janeiro. Bacharelado em Linguística

“Democracia com fome, sem educação e saúde para a maioria, é uma concha vazia.”
(Nelson Mandela)

“Não basta fazermos movimentos para provocarmos mudanças. Nem guerra para destruirmos o mal. Temos que mudar para transformarmos o nosso meio”.
(Nildo Laje)

Documentadamente foi no século XIX que se provou o momento de transformações políticas e econômicas no Brasil onde houve a transição do governo monárquico para o regime republicano. Foi nessa época também que o início da psiquiatria científica foi marcado no Brasil. Ocorreu nessa conjuntura de transformações, que os discursos e os debates psiquiátricos se construíram. O Hospício Dom Pedro II, inaugurado em 1852, foi primeiro manicômio brasileiro. Este hospício foi uma tentativa do Brasil de estar harmoniosamente de acordo com modernidade europeia, sendo que sua administração estava tutelada à Santa Casa de Misericórdia, uma instituição religiosa (PAVÃO, 2006).
Neste cenário, o Estado assumiu a assistência aos “loucos” a partir da proclamação da República legitimado pelo discurso cientifico que começara a surgir no país, havendo assim uma materialização da gestão médica do hospício (PAVÃO, 2006). A partir daí, a loucura passou a ter novas dimensões onde se associava o “louco” como aquele individuo perigoso e ameaçador, sem uma fala coerente, marcado como o ser extravagante e diferente que precisava ser contido. Para Fonte (2012) esse período estava marcado pela medicalização da loucura onde o seu tratamento estava unicamente voltado para os hospícios e as colônias agrícolas fundamentando o isolamento do louco da sua vida social. Nessa época, as colônias agrícolas eram ofertadas pela maioria dos Estados brasileiros como um serviço que complementava a atuação dos hospitais psiquiátricos tradicionais ou como única opção de tratamento.
Por mais que as intenções dos criadores das colônias agrícolas fossem a recuperação total do indivíduo “louco”, essas colônias permaneceram, na prática, com a mesma função característica da assistência aos doentes mentais do Brasil desde a sua criação: a exclusão do convívio social e a de “escondê-lo” dos olhos da sociedade (FONTE, 2012). O modelo de assistência em saúde mental supracitado só veio a ter uma nova dimensão na década de 1920 com a criação da LBHM Liga Brasileira de Higiene Mental.
Apesar ser uma nova dimensão, a LBHM nasceu com o proposito maior de cristalizar o movimento de higiene mental com um arcabouço de intervenções no meio social caracterizadas por ações e discursos eugenistas, xenofóbicas, antiliberais e racistas. A presença de pessoas com perturbações mentais foi registrada durante toda a história. Na antiguidade Pré-Clássica, os transtornos eram tidos como algo sobrenatural, mas a partir de 600 a.C., os filósofos gregos trouxeram a ideia organicista da “loucura” e até o começo da Idade Média o tratamento realizado era de apoio e conforto aos indivíduos com limitações mentais.
Saúde mental no contexto da atenção básica entre a literatura científica casos de evidências: Potencialidades, limitações e desafios.
Daremos inicio ao termo Psicossomático vem da junção de duas palavras de origem grega, psique, que significa alma, e soma que significa corpo, ou seja, uma doença psicossomática é aquela que tem origem na alma e no psicológico, gerando consequências também físicas no corpo.
A história da psiquiatria nos mostra que os primeiros médicos no Brasil a se dedicarem á assistência aos doentes mentais eram clínicos e sofriam forte influencia dos franceses, pois era considerada a psiquiatria moderna. No período de 1841 a 1852 consta que Jose da Cruz Jobim foi o primeiro e único medico do Asilo Provisório, primeiro catedrático de medicina legal e poderia ter sido ele o motivador de Machado de Assis compor a figura do conto “O alienista”.

1881 – Dr. Nuno de Andrade assumi como titular a cadeira de clinica psiquiátrica.

1989 – Proclamação da Republica, o afastamento dos maçons que eram considerados fieis ao Imperador destituído, com isto possibilitou a entrada na administração efetiva dos asilos pelos médicos.

1890 – O Decreto 142 tira os chamados alienados das mãos das freiras e os entregam aos médicos, não iniciava aqui uma reforma?

1903 – O Decreto 1.132 de Rodrigues Alves Reorganiza a assistência a alienados, Juliano Moreira assume o Hospital Nacional de Alienados e constitui as bases para o estabelecimento da psiquiatria no Brasil e traz o modelo alemão para o Brasil. Muito se fala daquilo que acontecia com os alienados nos porões das Santas Casas, nos chamados hospícios, onde a atuação da classe medica não era significativa, isto ate o fim do Império. No Século XX, os hospícios passam a ser chamados de Hospital, aqui a meu ver mais uma reforma acontece.

1924 – Jacintho Godoy funda apos seu retorno de Paris o Manicômio Judiciário, sendo a segunda instituição brasileira dedicada aos detentos portadores de doenças mentais. Hipócrates acreditava que a cura dos distúrbios se dava com a participação principal da própria natureza e, nessa recuperação, os médicos seriam apenas auxiliares para os processos de cura. No Século XVII, já existiam hospitais para pessoas com limitações mentais, mendigos e inválidos, mas ainda eram extremamente precários, por falta de apoio médico.

No Século XVIII, Phillippe Pinel, considerado o “Pai da Psiquiatria”, instituiu reformas humanitárias para o cuidado com indivíduos que apresentavam transtornos psíquicos. Os asilos foram substituídos pelos manicômios, destinados somente aos indivíduos com limitações psíquicas.
Com o passar do tempo, houve uma leitura modificado tratamento moral de Pinel, sem os cuidados originais do método. As ideias corretivas para o comportamento dos hábitos dos doentes passaram a ser recursos de imposição da ordem e da disciplina institucional, recursos estes que visavam naquele momento ao bem da instituição.
Ao findar a parte teórica do curso, os alunos precisavam colocar em prática uma atividade que exemplificasse a caridade. A turma queria realizar algo novo e significativo.
A proposta começa a ganhar forma quando, em 1962, Jacques Conchon recebe do “Comandante” Edgard Armond, na época Secretário Geral da Federação Espírita, um bilhete com um recorte de jornal que falava sobre o trabalho de prevenção do suicídio desenvolvido pelos “Samaritanos” de Londres.
O entusiasmo juvenil de Jacques o fez atravessar o Atlântico para conhecer mais sobre esse drama humano com o reverendo anglicano Chad Varah, que desenvolvia um trabalho pioneiro na prevenção ao suicídio.
Ao retornar para o Brasil, Jacques e seus colegas de turma começaram a estudar e pesquisar sobre o tema para, em seguida, dar início aos trabalhos do CVV. Centro de Valorização da Vida. O CVV começou a funcionar na Federação Espírita em uma sala onde os 17 voluntários tinham apenas um aparelho de telefone para o atendimento. O grupo se encarregava do atendimento, da divulgação e da organização do CVV, sem perder o foco e o objetivo da proposta: trazer as pessoas que atingiram o estágio de “conspiração silenciosa” para o limite da suportabilidade da vida.
Após 10 anos o sonho e o idealismo de um grupo já haviam rompido os limites de uma sala para estar presente em várias cidades do país.
Para os voluntários era a hora de buscar novos desafios. Numa viagem Jacques conheceu o Dr. Roberto Mercatelli e sua esposa Genny de Castro Villas, administradores do Sanatório Sayão de Araras, SP.
Não é de se espantar, portanto, as palavras do sábio grego Sócrates, quando bem afirmou que “se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma. Ora, não se achando o todo em bom estado, impossível é que uma parte dele passe bem”. Do encontro com o Dr. Roberto Mercatelli e de uma conversa com Chico Xavier, surgiu à ideia de se construir um Hospital Psiquiátrico para ampliar o atendimento oferecido pelo CVV.
O idealismo deste grupo de jovens alunos da Escola de Aprendizes do Evangelho ganhou o apoio de Waldemar Nunes, que doou um terreno em São Paulo para a construção do Hospital. Mas, por motivo de falta de documentação, foi necessário paralisar as obras. Para solucionar o problema, Waldemar trocou a doação por um terreno de sua propriedade na cidade de São José dos Campos, SP, uma área de aproximadamente 07 alqueires. O mesmo grupo que fundou o CVV deu início às obras para a construção da Clínica de Repouso em 1969. O grupo promovia eventos para arrecadar dinheiro e também se revezava para acompanhar a obra. No dia 12 de Agosto de 1972, foi inaugurada a Clínica de Repouso Francisca Júlia, com 72 pacientes vindos do Sanatório Juqueri. O atendimento em pouco tempo saltou de 72 para 173 leitos.
Da inauguração até hoje, quarenta anos depois, muitas coisas aconteceram, a Clínica de Repouso passou a Hospital Francisca Júlia e agora CVV Francisca Júlia. Cuidou das crianças órfãs e abandonadas no Lar Esperança, das crianças excepcionais na Casa da Criança Jesus Gonçalves, dos pacientes esquecidos pelas famílias na Casa de Transição, primeiro passo para o Serviço Residencial Terapêutico.
Pouco mais tarde, abriu as portas para os dependentes químicos e para as mulheres com problemas mentais, tanto para atendimento a convênios e particulares. Implementou os ambulatórios adulto e infanto-juvenil, a Oficina Koisa de Loko e os consultórios. Este breve relato histórico nos mostra que saudar a iniciativa de um grupo de idealistas que não mediram esforços e nem hesitaram em dedicar as suas juventudes planejando e construindo projetos que serviram para a prática concreta do amor ao próximo e que ampararam a dor de muitas pessoas e famílias. CVV Francisca Júlia e parabeniza aos jovens, Flávio Focássio, Wilson Focássio, Dr. Pedro Augusto Martins, Jacques André Conchon, Dr. Mario Seki, Valentim Lorenzetti, Suely Battaglia Conchon e Arnaldo Cesar da Silva Coutinho que, há 40 anos tornaram possível esta comemoração. Citamos ainda Dr. Roberto Mercatelli, a Sra. Geni Mercatelli e ao Dr. Wilson Ferreira de Mello grandes incentivadores dessa obra. Jacques Conchon sempre acompanhava Joaquim nas viagens que fazia até a casa de Chico Xavier para ele aprovar as capas que fazia para seus livros. Numa determinada viagem, Joaquim esqueceu a capa do livro em São Paulo e retornou para buscá-la, enquanto isso Jacques permaneceu na casa de Chico Xavier aguardando pelo seu retorno. Inexplicavelmente, nesse dia Chico Xavier estava sozinho e com tempo livre para uma longa conversa com Jacques, que aproveitou a chance para comentar sobre os planos para a criação do CVV. Centro de Valorização da Vida. Nesse dia Chico Xavier antecipou para Jacques o futuro do CVV e revelou que, além do CVV, também seria construído o Hospital Francisca Júlia, para tratamento psiquiátrico e dependência química, e os trabalhos seriam acompanhados por dois mentores espirituais: a própria Francisca Júlia e Batista Cepellos, ambos suicidas.
Posteriores pesquisas mostraram que Francisca Júlia havia sido uma importante poetisa que cometera suicídio após a morte precoce do seu marido, a quem devotava profundo amor. Em vida sempre se preocupou com os problemas sociais e com a angústia das pessoas. Muitas de suas poesias refletiam esse seu estado de espírito.
Nascido em Cotia, o mulato Batista Cepelos teve a educação e a carreira proporcionada por Francisco de Assis Peixoto Gomide, político influente na nova era republicana paulista. Quando anunciou a intenção de se casar com Sofia, uma das filhas de Gomide, o pai da moça se trancou com ela num cômodo da casa e a matou com um tiro no peito, matando-se em seguida. O poeta Batista Cepelos era, também, filho de Gomide, de uma relação que tivera aos 23 anos. Batista mudou-se para o Rio de Janeiro e mais tarde foi encontrado morto em um penhasco no bairro do Catete. Não se sabe se foi assassinato ou suicídio.
Avaliação e gestão de serviços públicos ou privados em Saúde mental no Brasil.
A Prefeitura de São José dos Campos, localizada interior do Estado de São Paulo – Vale do Paraíba, inicia um processo de reformulação em sua rede de atenção psicossocial. O objetivo é reduzir a hospitalização e promover a reinserção social dos pacientes psiquiátricos, como preconiza a política antimanicomial, regulamentada no país há mais de 20 anos e voltada para a humanização do atendimento.
Mudança para nos enquadrar nas regras preconizadas pelo SUS para pacientes de saúde mental. É uma mudança lenta e gradativa, que já começou. O objetivo é, com o tempo, acabar com as internações de longa duração. “Hoje, há pacientes internados mais de 15 anos, e isso é desumano e precisa acabar”, disse o secretário de Saúde. Em São José dos Campos, há dois hospitais psiquiátricos, o Francisca Julia, com 147 pacientes internados, e a Associação Instituto Chuí de Psiquiatria, com 139 pacientes, sendo que apenas 28 são da cidade. O primeiro passo da nova política será transferir, gradativamente, os pacientes que estão no Chuí para o hospital Francisca Júlia. Com isto, será possível devolver ao Estado a gestão e regulação de 100% das vagas do Chuí.
Todos os pacientes internados serão reavaliados, para que possam ser encaminhados para as unidades administradas pela Secretaria de Saúde. Os pacientes que estão controlados serão encaminhados para os Caps (Centros de Atenção Psicossocial), e aqueles que estão em internação de longa permanência, há mais de 02 anos, serão encaminhados para residências terapêuticas. “A transferência de pacientes do Chuí para o Francisca Julia foi um movimento necessário para não descredenciarmos leitos desse hospital, que atende a pacientes de outros municípios. Já o Francisca Júlia, que atende só pacientes de São José dos Campos, terá leitos transformados em residências terapêuticas, o que preconiza o Ministério da Saúde”. Residências terapêuticas são casas, locais de moradia, destinadas a pessoas com transtornos mentais que permaneceram em longas internações psiquiátricas e que perderam seus vínculos familiares. Essas residências foram instituídas pela portaria 106, de Fevereiro de 2000, e são parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde.
Segundo a portaria, essas casas devem ser mantidas com recursos financeiros que anteriormente eram destinados aos leitos psiquiátricos. Assim, para cada morador de hospital psiquiátrico transferido para a residência terapêutica, igual número de leitos psiquiátricos deve ser descredenciado do SUS, e os recursos financeiros que os mantinham serão realocados para os fundos financeiros do município tendo em vista a manutenção das residências terapêuticas.
Em São José dos Campos, existem hoje 08 residências terapêuticas em funcionamento há 08 anos. O credenciamento para novas unidades está aberto. A estimativa é que mais da metade dos pacientes hoje internados seja desospitalizada e encaminhada para tratamento em outras unidades, com foco na reinserção social.
A adaptação às novas diretrizes não altera o atual fluxo de atendimento aos pacientes psiquiátricos.
Tanto o paciente com transtorno mental, quanto o que tem dependência química, e esteja em crise ou surto, deve ser atendido pela UPA de Saúde Mental. Depois de medicado, controlado e estabilizado, será encaminhado para outras unidades de saúde, para prosseguir com o tratamento.
Pacientes psiquiátricos são encaminhados aos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), Uaism (Unidade de Atenção Integral à Saúde Mental) e ambulatórios. Pacientes que, por critério médico, necessitam de um período de internação são encaminhados ao Francisca Julia ou Hospital Municipal. Pacientes já internados por mais de dois anos e que, de acordo com avaliação médica, possam ser ressocializados serão encaminhados às residências terapêuticas. No caso de pacientes com dependência química, o encaminhamento é para o VemSer, que é o programa municipal intersecretarias de combate às drogas. No eixo “cuidar”, que é onde atua a Secretaria da Saúde, o programa tem as unidades específicas para atendimento aos pacientes: Caps AD, SAMA (Serviço Ambulatorial Especializado no Tratamento da Dependência Química em Mulheres e Adolescentes), comunidades terapêuticas, consultório de rua e internações (voluntárias e involuntárias).
Funcionários do hospital psiquiátrico Francisca Julia, em São José dos Campos. Depois que Brasil entrou em crise. E afetou Indústria e Vale do Paraíba. Mesmo recebendo pela Prefeitura de São José dos Campos. Os salários dos 280 trabalhadores, os últimos relatos colhidos anos 2014 e diante é que deveriam ter sido acertados no último dia 07, ainda não foram pagos pela instituição, que alega atraso no repasse feito pela Prefeitura de São José. Ao aderirem à greve, os funcionários adotaram um sistema de revezamento para atender 90 pacientes internados na unidade. O Francisca Júlia é administrado pelo CVV (Centro de Valorização da Vida). A administração da entidade alega que valores relativos à Junho e Julho não foram repassados pelo governo do ex- Prefeito Carlinhos Almeida (PT).
Atualmente com novo mandato Felício Ramuth Clínica e Hospital passam pela mesma situação. Por conta desse atraso, que chegariam a R$ 450 mil, os salários de agosto não foram depositados na conta dos funcionários.
A prefeitura admite o atraso e garante que comunicou a direção do Francisca Júlia sobre a reprogramação do pagamento. O repasse, segundo o governo, será realizado ainda hoje. A administração admitiu ainda a reprogramação de pagamentos feitos ao hospital Provisão. Pressão Ontem, o secretário de Saúde, Paulo Roitberg, enviou ofício ao Departamento Regional de Saúde do Estado de São Paulo pedindo que o governo assuma o hospital Francisca Julia.Roitberg acredita que o caráter regional do hospital justificaria essa mudança .O ofício, segundo informou a administração municipal, diz que São José continuará mantendo os demais equipamentos assistenciais, principalmente as 11 residências terapêuticas existentes. “O que queremos é a colaboração da Secretaria de Estado para que as internações regionais sejam de responsabilidade do Estado. E que o município de São José deixe de custear o tratamento de pacientes de outras cidades”, disse o secretário de Saúde.
Atendimentos clínicos e assistência social especializada. Processos de atualizações projetos educativos de Inclusão Social
Uma possível mudança de administração no Francisca Julia, segundo a Secretaria de Saúde, não vai alterar o atual fluxo de atendimento aos pacientes psiquiátricos da cidade. Tanto o paciente com transtorno mental quanto o de dependência química que esteja em crise ou surto deve ser atendido pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Saúde Mental. Depois de medicado, controlado e estabilizado são encaminhados para outras unidades.Pacientes psiquiátricos vão para o CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), Uaism (Unidade de Atenção Integral à Saúde Mental) e ambulatórios.
Pacientes que, por critério médico, necessitam de um período de internação, são encaminhados ao Francisca Julia ou Hospital Municipal. Os 280 funcionários do Francisca Júlia, em São José, entraram em greve ontem por falta de pagamento salarial. Os trabalhadores, que deveriam ter recebido no último dia 07, se revezaram para atender os 90 pacientes internados.
O Francisca Júlia alega que a Prefeitura de São José atrasou os repasses de verbas. Sem esses valores, que chegaria a R$ 450 mil, instituição não conseguiu pagar funcionários. Governo afirma que vai repassar quantia ainda hoje. Secretário de Saúde de São José, Paulo Roitberg, propôs que o governo estadual assuma o controle do Francisca Júlia. O argumento é que o hospital recebe pacientes de toda a região. Município não teria condições de arcar com a atual demanda. O projeto da Oficina Agrícola faz parte do trabalho terapêutico realizado com as pessoas portadoras de transtornos mentais leves ou moderados e dependentes químicos e tem como objetivos prevenir a reinternação hospitalar, trabalhar a autoestima e proporcionar a geração de renda.
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), entre todos os dispositivos de atenção pública à Saúde Mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira, pois o objetivo é oferecer atendimento aos usuários, realizando acompanhamento clínico na tentativa de reinserção psicossocial pelo acesso ao trabalho, ao lazer, ao exercício dos direitos civis ao fortalecimento dos laços familiares e comunitários. São serviços de saúde municipais, abertos, comunitários e que oferecem atendimento diário em busca da rede de suporte social, preocupando-se com o sujeito e a singularidade, sua história, sua cultura e sua vida cotidiana.
Os CAPS são produtores de autonomia que convidam usuário à responsabilização e ao protagonismo em toda a trajetória do seu tratamento. Entre as funções, está acolher e atender as pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, procurando preservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território, dar suporte e atenção à saúde mental na rede básica e articular estrategicamente a rede e a política de saúde mental em um determinado território.
O perfil populacional dos municípios é um dos principais critérios para o planejamento da rede de atenção à Saúde Mental nas cidades e para a implantação de Centros de Atenção Psicossocial, porém é o gestor local, articulado com as outras instâncias de gestão do SUS, que terá as condições mais adequadas para definir os equipamentos que melhor respondem às demandas de Saúde Mental de seu município.
Capacitação de profissionais da Saúde Mental
Ao longo do tempo é possível observar que o setor da saúde mental demonstra defasagem entre os conteúdos discutidos na formação o que esses profissionais atualmente vivem e observam no seu cotidiano. Os profissionais costumam se referir à graduação como o momento em que receberam apenas os embasamentos para o trabalho. Asseguram que ela foi escassa especialmente pela ausência de conteúdos atrelados à saúde pública e à reforma psiquiátrica. Observamos, assim, uma fragilidade no que diz respeito à formação acadêmica desses profissionais para o trabalho específico nos serviços substitutivos. Segundo Maciel (2007) o trabalho na comunidade e na família, e a ênfase na prevenção primária exigem, entre outras coisas, uma equipe grande e qualificada. Os profissionais, a comunidade e a família precisam estar preparados para receber e prestar assistência aos pacientes desospitalizados. Além disso, deve haver a criação de espaços de assistência extra-hospitalares em número suficiente para atender toda a população.
Por que continuar lutando pelo e festejando 18 de Maio?
O dia 18 de Maio. Dia Nacional da Luta Antimanicomial é uma data crucial para legitimar mais de três décadas pelo direito das/os usuárias/os de saúde mental por atendimento digno, respeitoso, qualificado e inserido na sociedade. Durante séculos, pessoas em sofrimento psíquico foram vítimas das mais diversas atrocidades dissimuladas em atendimento.
No Brasil, a história recente do Hospital Colônia de Barbacena (MG), onde as estimativas apontam mais de 60 mil vítimas de maus-tratos, comprovam o descaso com as vidas de quem tem o estigma da doença mental.
No dia 07 de Agosto de 1992 houve no Rio Grande do Sul a homologação da lei n° 9.716, da Reforma Psiquiátrica. No dia 06 de Abril de 2001 foi homologada a lei n° 10216/2001, da Reforma Psiquiátrica, e estas legislações trouxeram grandes avanços na área da saúde mental, garantido a estes sujeitos atendimento de qualidade, próximos da sua família e inseridos na comunidade e em uma grande rede de atendimento psicossocial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aposta brasileira na reforma psiquiátrica é, sem dúvida, ético-política, algo muito valoroso que nos foi deixado pelos anos 1980. Nesse período, houve a expansão do Sistema Único de Saúde, da rede de serviços comunitários (os Centros de Atenção Psicossocial) e ainda a diminuição do número de leitos em hospitais psiquiátricos monovalentes. Isso significou melhores coberturas e cuidado para as pessoas com transtornos graves de saúde mental.
Várias pesquisas demonstraram que as redes reformuladas têm uma melhor cobertura para pacientes e familiares, conseguindo tratar melhor os transtornos graves de saúde mental, abordando-os de forma humanizada, na comunidade e sem produzir isolamento social nem exclusão. Estas evidências comprovam que a proposta da reforma não é mera utopia, e que é, sim, possível ser alcançada quando nas cidades se investe em saúde. Estes dados concretos e objetivos comprovam o equívoco de uma política de saúde mental baseada em uma psiquiatria pseudocientífica, entregue a interesses comerciais, que pretende nos apresentar como burros, mal informados ou, na melhor das hipóteses, como ingênuos ignorantes bem-intencionados e não científicos.
Em todo o mundo, os modelos de tratamento comunitário, baseados na experiência pioneira do Brasil, vêm demonstrando a superioridade desse estilo de abordagem interdisciplinar, bem mais efetivo que a tradição psiquiátrica tradicional, centrada na medicalização e em internação em hospitais. As evidências científicas estão contra a psiquiatria tradicional: Abordagem familiar e psicodinâmica tem mais efetividade do que medicamentos fantásticos e mentirosos. A ciência está comprovando isto; o resto é discurso influenciado por interesses corporativos e empresariais.
Numerosos estudos apontam que os transtornos mentais são cada dia mais prevalentes, e isso só tende a crescer, tendo em vista as condições competitivas da vida contemporânea. Muitos dos sistemas de saúde de cobertura universal têm se preocupado com esse tema e vêm se reorganizando para enfrentar o problema, como é o caso do inglês.
Mesmo em países sem sistemas de cobertura universal, como nos Estados Unidos, o movimento de pessoas em prol do recovery (a possibilidade de viver melhor apesar do contexto) tem ganhado força desde os anos 80; e não casualmente alguns desses pacientes escolheram ser chamados de survivors (sobreviventes), como alternativa ao horror do isolamento e da segregação social do tratamento asilar.
Que a luta pelos direitos das pessoas com transtornos mentais tenha se alinhavado às lutas pela democracia no Brasil não deveria, portanto, nos surpreender. O Brasil foi criticado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por violações em hospitais psiquiátricos que resultaram em morte de pacientes.
A lógica da segregação e despersonalização dos manicômios não pode ser reformulada ou humanizada.

*(discurso defendido pelo atual ministro da Saúde).

Bolsonaro sanciona lei que permite venda de bens do tráfico: ‘Grande passo’.

A lei publicada no Diário Oficial da União na última sexta, ainda permite que recursos provenientes do leilão dos bens sejam empregados em políticas públicas para recuperação de dependentes.
O presidente Jair Bolsonaro comentou, neste domingo (20), a sanção da lei 13886/19, publicada na última sexta-feira (18), no Diário Oficial da União (DOU). No Twitter, Bolsonaro a classificou como um “grande passo”. Na prática, a lei acelera a destinação de bens apreendidos ou sequestrados que tenham vinculação com o tráfico de drogas no país.
Armas de fogo apreendidas pelas polícias dos Estados que tenham vínculo com o tráfico de drogas deverão passar por perícia para que, em seguida, “quando não mais interessarem à persecução penal, sejam encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei”, diz o texto da lei.
Já bens móveis e imóveis deverão ser leiloados por meio de hasta pública, um ato processual que permite a venda de bens penhorados, realizada pelo poder público.
Quando os bens apreendidos se tratarem de veículos, embarcações ou aeronaves, a autoridade ou órgão competente, juntamente com a Secretaria da Fazenda, “devem proceder à regularização dos bens no prazo de 30 (trinta) dias, ficando o arrematante isento do pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo proprietário”.
No Twitter, o presidente Bolsonaro também destacou que os valores provenientes do leilão de bens apreendidos do tráfico deverão ser usados para “prevenção e repressão ao tráfico de drogas e tratamento de dependentes
A lei menciona o Fundo Nacional Antidrogas (Funad), do Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Qualquer bem de valor econômico, apreendido ou sequestrado em decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de qualquer forma utilizado em atividades ilícitas de produção ou comercialização de drogas abusivas, ou, ainda, que haja sido adquirido com recursos provenientes do referido tráfico, e perdido em favor da União, constitui recurso do Funad.”
Parte dos valores ainda pode ser disponibilizada para as polícias que atuaram nas operações de apreensão. A lei estabelece percentual de 20% a 40% dos recursos provenientes da alienação, desde que os órgãos provem a existência de estruturas que possam gerir os “ativos apreendidos nas unidades federativas, capazes de auxiliar no controle e na alienação de bens apreendidos e na efetivação de suas destinações”, além de estarem em dia com o fornecimento de dados ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), ao atuarem na apreensão de bens oriundos do tráfico, também poderão ficar com até 40% dos recursos e ficará a cargo do Ministério da Justiça e Segurança Pública dispor sobre “os critérios e as condições que deverão ser observados na sua aplicação”.
A lei ainda garante o uso dos recursos para “financiar políticas públicas destinadas às ações e atividades desenvolvidas pelas comunidades terapêuticas acolhedoras” por meio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad).