Psicoterapeuta. - CRT 42.156

Psicoterapeuta. - CRT 42.156
Fernando Cesar Ferroni de Freitas

quinta-feira, 27 de junho de 2013

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
As notas a seguir são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.
Depressão maior ou transtorno depressivo reativo?



O que é depressão?

O termo depressão tem sido fartamente utilizado pelos leigos para descrever diversas situações de desconforto emocional, nem sempre de forma precisa. Mesmo quando adequadamente utilizado, ele abrange uma enorme variedade de situações psicológicas, tornando difícil sua adequada delimitação. O termo se refere a estados que vão desde ligeiras reações a certos eventos vivenciais até à verdadeira doença depressiva, chamada depressão maior, que constituía um dos aspectos clínicos da antigamente denominada psicose maníaco depressiva, hoje chamada transtorno bipolar do humor. As diferenças entre ambas não são apenas quantitativas, mas também qualitativas. Enquanto os transtornos depressivos reativos correspondem a um humor triste superficial, motivados por algum acontecimento desastroso (real ou suposto), o qual pode ser afastado, ainda que momentaneamente, a depressão maior corresponde a uma tristeza profunda e corporalizada (manifestada não só no afeto depressivo, mas também no tom da voz, no brilho dos olhos, na lentificação da motricidade e dos ritmos fisiológicos, em deficientes secreções hormonais, em atividade imunológica diminuída, etc.) que acontece inclusive quando tudo está indo muito bem e que não pode ser voluntariamente suspensa, ainda que por breves instantes.

Um professor reativamente deprimido, por exemplo, talvez consiga deixar sua tristeza fora da sala enquanto dá a sua aula e pegá-la de volta quando tiver terminado sua aula. O deprimido de uma depressão doentia não consegue fazer isso. Enquanto a primeira é apenas uma reação psicológica e demanda tratamento psicoterápico, a segunda é uma verdadeira doença que requer tratamento medicamentoso.

Quais são as causas e os sintomas?

Nas causas das depressões maiores é muito nítida a influência da genética, mas mesmos nas outras o fator hereditário tem importância, embora menor. Quanto a sintomas, eles variam em intensidade e modalidade nas diferentes formas de depressão, mas no geral compreendem:
Estado de ânimo triste, desânimo, fadiga fácil e/ou irritação.
Incapacidade para sentir prazer nas atividades cotidianas.
Insônia ou excesso de sono.
Diminuição do apetite e perda de peso.
Baixa autoestima e sentimento injustificável de culpa.
Dificuldades de concentração.
Lentificação dos movimentos.
Isolamento social.
Desesperança e impotência pessoal.
Ideação sobre morte e suicídio.

Do ponto de vista do tratamento, as medicações antidepressivas, fartamente receitadas, têm pouca ação sobre as depressões reativas, mas agem muito bem nas outras.

Quais são os principais tipos de depressão?
Depressões reativas: são estados entristecidos de humor que se instalam à raiz de eventos dolorosos, como divórcio, separação dos pais, morte de pessoa chegada, doenças ou acidentes graves em si próprio ou em membro da família, abuso ou abandono, perda do emprego, isolamento, mudanças ambientais bruscas, término de namoro, reprovação escolar ou em concursos, desastres econômicos, etc. Em geral, as depressões reativas são de duração e intensidade proporcionais aos acontecimentos desencadeantes e respondem em certa medida aos esforços alentadores das demais pessoas ou do ambiente. Embora possam afetar diversas funções psicológicas, como o sono e o apetite, por exemplo, geralmente não chegam a comprometer mais profundamente o funcionamento orgânico.
Depressões neuróticas: são estados entristecidos de humor de duração prolongada, de maior ou menor intensidade e de qualidade diferente da tristeza reativa e que geralmente se acompanham de outros sintomas neuróticos. Essas depressões podem ser chamadas de endorreativas porque elas tanto dependem de fatores interiores do paciente, quanto de ocorrências ambientais. No entanto, nelas não há adequação nem uma exata proporção entre os acontecimentos objetivos e as reações depressivas porque aqueles são vivenciados de maneira simbólica, alterada, nem sempre objetiva, e assumem significados diferentes do normal. As depressões neuróticas em geral pioram à tarde e à noite e melhoram pela manhã, ao contrário das depressões endógenas.
Depressão maior: uma tríade de sintomas, sempre presentes, caracteriza a depressão maior ou endógena:
Tristeza profunda.
Inibição psicomotora.
Lentificação dos ritmos fisiológicos.

Como correlatos desses sintomas, nelas ocorrem, além dos sintomas gerais, uma completa anedonia (perda de prazer nas atividades diárias); diminuição da capacidade de raciocinar, concentrar e tomar decisões; total abolição do interesse sexual; isolamento social e ideias (e às vezes consecução) de suicídio. Essas depressões se acentuam pela madrugada e o paciente está pior pela manhã que à tarde. Em geral elas coexistem com episódios inversos, de hiperforia. Dentre os vários fatores causais da depressão maior sobrelevam em importância as alterações dos neurotransmissores cerebrais, notadamente da serotonina. Por isso, o tratamento dela é feito por meios físicos, através de medicamentos ou de eletroconvulsoterapia (eletrochoque). Essas depressões podem cursar com sintomas psicóticos como delírios e/ou alucinações, congruentes com temas depressivos.

Há, ainda, depressões que ocorrem em condições especiais. Embora valha para elas as mesmas observações feitas para as depressões em geral, elas parecem ter um condicionante especial nessas condições. As principais delas são as depressões pós-parto, as depressões na gravidez, as depressões dos idosos, etc.

Associação entre doenças psiquiátricas e anemia por deficiência de ferro entre crianças e adolescentes: estudo com base populacional publicado no BMC Psychiatry.



Evidências já demonstraram que o ferro é um componente importante no desenvolvimento e no funcionamento cognitivo, neuromotor e social/emocional, porque o processo de desenvolvimento do sistema nervoso central é altamente dependente de enzimas e proteínas que contêm ferro. A deficiência de ferro em idades precoces pode aumentar o risco para doenças psiquiátricas.

Utilizando dados do National Health Insurance Database, de 1996 a 2008, crianças e adolescentes com diagnóstico de anemia por deficiência de ferro (ADF) foram identificadas e comparadas com controles da mesma idade e pareadas por sexo em uma investigação sobre o aumento do risco de transtornos psiquiátricos.

Um total de 2.957 pacientes com anemia por deficiência de ferro (ADF) e com um risco aumentado de transtorno depressivo unipolar, transtorno bipolar, transtorno de ansiedade, transtorno do espectro do autismo, déficit de atenção e hiperatividade, transtorno de tiques, atraso no desenvolvimento e retardo mental foi identificado. Um efeito em relação ao sexo foi observado, em que apenas as pacientes do sexo feminino com ADF tiveram um aumento do risco para transtorno bipolar (OR = 5,56, IC 95% = 1,98 ~ 15,70) e transtorno de tiques (OR = 2,95, IC 95% = 1,27 ~ 6,86).

No presente trabalho, observou-se que a deficiência de ferro aumenta o risco de transtornos psiquiátricos, incluindo transtornos do humor, transtorno do espectro do autismo, déficit de atenção e hiperatividade e transtornos de desenvolvimento. Mais estudos são necessários para esclarecer o mecanismo da associação entre a ADF e os transtornos psiquiátricos.

Os principais autores da pesquisa, Mu-Hong Chen e Ya-Mei Bai, do Departamento de Psiquiatria da National Yang-Ming University, de Taipei, em Taiwan, encorajam os pediatras a considerarem a suplementação de ferro em crianças como possível fator de proteção contra sequelas psiquiátricas e os psiquiatras a investigarem a deficiência de ferro em pacientes pediátricos com transtornos psiquiátricos.

Fonte: BMC Psychiatry, publicação online de 4 de junho de 2013
Sesau. 

Secretaria de Estado da Saúde.

Sesau realiza seminário sobre os cuidados aos dependentes químicos.
A utilização ou o uso abusivo de drogas tem crescido em todo o mundo, o que tem chamado à atenção dos gestores públicos, que buscam alternativas para combater o consumo desenfreado de entorpecentes, como também facilitar o acesso dos usuários ao tratamento.
Dentro da Política de Redução de Danos, a Gerência de Núcleo de Saúde Mental, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) realizou, na terça-feira (25), o seminário sobre “Clínica Ampliada no Cuidado à Dependência Química”. O evento teve como público alvo os trabalhadores dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), estudantes de psicologia, serviço social, enfermagem, terapia ocupacional e direito. O seminário, que prosseguiu na quarta-feira (26), foi realizado no auditório do Sesc.
A primeira mesa redonda do seminário teve como tema o Acolhimento em Dependência Química: Interfaces entre a Saúde e a Assistência, tendo como debatedora Isolda Dias, da Gerência de Núcleo Saúde Mental. A segunda palestra foi sobre o Atendimento em rede em Dependência Química: Perspectivas de Atenção na Clínica Ampliada, com a participação da professora da Ufal, Cícera Albuquerque.
Na quarta-feira (26),  o dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, foi realizada uma panfletagem no Centro de Maceió, para conscientizar e alertar a população sobre os problemas causados pelo uso indiscriminado de drogas.

Especialistas da ONU e OMS criticam internação compulsória de viciados em crack
É necessário oferecer aos viciados "serviços atrativos e uma assistência social sólida"

A internação compulsória de dependentes de crack não é a maneira mais eficiente de se lidar com o problema do vício, segundo especialistas da ONU e da OMS (Organização Mundial da Saúde) ouvidos pela BBC Brasil.
O tema voltou a debate no Brasil em janeiro, quando o governo de São Paulo fez uma parceria com a Justiça para agilizar a internação forçada de casos extremos de dependentes da droga.
O governo paulista diz que suas propostas para o tratamento dos usuários de crack estão de acordo com as premissas da ONU e da OMS e afirma que, até hoje, nenhum paciente foi internado por ordem judicial e menos de dez foram internados involuntariamente (a pedido da família, mas sem ordem da Justiça).
Para o médico italiano Gilberto Gerra, chefe do departamento de prevenção às drogas e saúde do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC, na sigla em inglês), é necessário oferecer aos viciados "serviços atrativos e uma assistência social sólida".
"Uma boa cura de desintoxicação envolve tratamento de saúde, inclusive psiquiátrico para diagnosticar as causas do vício, pessoas especializadas e sorridentes para lidar com os dependentes e incentivos como alimentação, moradia e ajuda para arrumar um emprego", diz Gerra.
"O Brasil precisa investir recursos para oferecer serviços que funcionem e ofereçam acompanhamento médico completo, proteção social, comida e trabalho para os dependentes", afirma.
De acordo com ele, o Brasil tem bons profissionais no campo do tratamento das drogas, mas faltam especialistas, e a rede médica nessa área é insuficiente.
Segundo Gerra, a internação compulsória deve ocorrer pelo prazo máximo de algumas semanas e só se justifica quando o dependente apresenta comportamento perigoso para a sociedade ou para si próprio.

Acompanhamento

O médico defende o acompanhamento contínuo mesmo após a fase de desintoxicação, como exames de urina para detectar drogas nas pessoas que receberam auxílio para arrumar um emprego ou a presença de assistentes na hora das compras no supermercado para fiscalizar se o cupom de alimentação recebido é realmente utilizado com essa finalidade.
Autor do documento "Da coerção à coesão: tratando a dependência às drogas por meio de cuidados à saúde e não da punição", do UNODC, Gerra diz que o tratamento do vício do crack não é feito com remédios, e sim com acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
Ele afirma ainda que os países democráticos devem "estar atentos" ao sistema de internação compulsória para não transformar isso em uma "rede" de tratamento para lidar com o problema.
Para o médico australiano Nicolas Campion Clark, da direção do abuso de substâncias da Organização Mundial da Saúde (OMS), a internação compulsória traz o risco de "criar uma barreira com o dependente" e afetar sua confiança, dificultando, portanto, o tratamento.
Clark afirma que muitos países possuem legislações que autorizam a internação compulsória de dependentes, mas "isso é usado raramente e não funciona realmente na prática".
"É melhor encorajar o sistema voluntário de tratamento. É difícil forçar alguém a se tratar. Se você oferecer uma chance para as pessoas se recuperarem e terem comida, alguns vão agradecer, outros vão querer voltar para onde estavam", afirma
.
Problemas múltiplos
O especialista da OMS também afirma que o vício do crack envolve problemas múltiplos (psicológicos e sociais) que devem ser tratados com ações em várias áreas além da médica, como moradia, alimentação, assistência geral e programas de emprego.
Ele afirma que há exemplos de programas de tratamento voluntário de dependentes em países como os Estados Unidos e a Austrália que "ajudam as pessoas a reconstruir suas vidas e não são apenas soluções temporárias".
O médico cita também o programa brasileiro que permite às grávidas viciadas em crack obter tijolos e materiais para construir casas em troca de tratamento.
"Isso dá instrumentos para que elas façam algo diferente em suas vidas", afirma.
A OMS já criticou o sistema de internação compulsória de dependentes realizado em países asiáticos. "Eles detém pessoas viciadas e estão tratando casos de saúde com a prisão", diz Clark.
A organização publicou um documento no ano passado solicitando aos países para fechar os centros de tratamento compulsório de drogas.
Segundo Clark, pelo menos 90% dos dependentes químicos no mundo não recebem tratamento.

São Paulo

No último dia 21, o governo de São Paulo iniciou em parceria com a Justiça um plantão jurídico em uma clínica especializada no tratamento de dependentes químicos no centro da capital.
A medida gerou polêmica e atraiu críticas de ativistas de direitos humanos, contrários à internação forçada e que temiam o uso da polícia para levar viciados para tratamento.
As autoridades de São Paulo afirmam que a participação da polícia na ação nunca esteve nos planos do governo e que a internação compulsória seria empregada apenas em casos extremos.
Mas a exposição do assunto na mídia aumentou o número de atendimentos voluntários na clínica. "Passamos a atender até 120 pessoas em um dia. Esse era o número de pessoas que recebíamos em uma semana", disse Rosângela Elias, coordenadora de saúde mental, álcool e drogas da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.
Segundo ela, o Estado mantém ainda cerca de 300 vagas em moradias assistidas. Nelas, o viciado em crack em processo de desintoxicação recebe por até seis meses um local para morar, alimentos e incentivos para voltar ao mercado de trabalho.
Nesse período, também é incentivado a frequentar clínicas públicas especializadas onde recebe atendimento clínico e psicológico. De acordo com Elias, há uma mobilização de secretarias estaduais e municipais para ajudar o dependente químico em recuperação a se reinserir na sociedade.

quarta-feira, 26 de junho de 2013


Reforma psiquiátrica e atenção psicossocial: 
Contextualização sócio histórica, desafios e perspectivas 

Este artigo faz um breve retrospecto da Reforma Psiquiátrica contextualizando social e historicamente a produção intelectual como meio para realização da atenção psicossocial, vista como um novo conjunto de dispositivos com fins de efetivar as propostas da Reforma. Analisa o impacto dos movimentos sociais das décdas de 1960 e 1970 no surgimento do Movimento de Reforma Psiquiátrica, até a promulgação da Lei 10.216/2001. Aponta, ao final, os desafios e os rumos da atenção psicossocial, considerando os rearranjos nas relações de poder e de hegemonia no campo da saúde mental.


LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001.

Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o- Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

Art. 2o- Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo.

Conheça mais sobre os direitos de portadores de tronstornos mentais.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Crack e outras drogas: o sistema de saúde está pronto para lidar com essa epidemia?

Por Maira Baracho
12/06/13 | 09:06


Mais de 800 mil pessoas declararam ter usado a droga no Nordeste em 2012
(Imagem: Agência Brasil)

O Nordeste concentra 800 mil usuários de crack, cocaína e outras drogas derivadas da mesma substância. O número equivale a 27% dos consumidores da droga no Brasil e coloca a região como a segunda maior em número de usuários do País, ficando atrás apenas do Sudeste, onde o índice chega a 46%. Em 2012, 832 mil pessoas afirmaram ter usado a substância no Nordeste. Os dados são do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), realizado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), estudo que revelou que o Brasil concentra 20% do consumo mundial de cocaína e que 1 milhão de pessoas são dependentes da substância no país, sendo 38% pela droga fumada.

Seguindo um fluxo de mudança de cenários e deixando de ser um problema apenas das camadas mais pobres da população, o crack chegou às classes média e alta e tem cada vez mais espaço na mídia e nas discussões dentro da sociedade, afirmando-se como um problema não só de saúde pública, mas também social. A falta de informações sobre o tema, o preconceito e o despreparo do poder público no enfrentamento à dependência da droga ampliam seu poder de destruição e os danos causados por seu consumo.


Para Antônio Nery Filho, da UFBA, a droga é um grande objeto de interesse da mídia

Para o psiquiatra e coordenador do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas da Universidade Federal da Bahia (Cetad/UFBA), Antônio Nery Filho, a droga é um grande objeto de interesse da mídia, que transformou seu consumo em fenômeno social. “O curioso é que a mega difusão do consumo de crack leva ao aumento do consumo (efeito propaganda), pela população geral, o que por sua vez justifica a exposição, num círculo de expansão contínuo. Contudo, muitos trabalhos mostram que o uso de crack é mais prevalente nas populações excluídas, em extremo abando nas ruas, formando guetos batizados como cracolândias (cidades do crack), largamente reproduzidos por todos”, defende.

Para traçar e compreender o perfil dos usuários e estimar o número de consumidores da droga no país, a Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro e Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (SENAD) estão desenvolvendo, desde 2011, uma pesquisa nas 26 capitais, em nove regiões metropolitanas e no Distrito Federal. No Recife (PE), a pesquisa está sendo conduzida pela Fiocruz Pernambuco (Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães). “A ideia é não só ter uma estimativa do número de usuários, mas também conhecer esse perfil, tanto em relação a problemas de saúde, seja saúde mental, bucal ou doenças infecciosas, como também o perfil em relação à questão da violência e da vulnerabilidade social como um todo. Estamos buscando dados sobre violência e também a respeito do acesso a serviços públicos, da saúde e também da assistência social”, conta Naíde Teodósio, pesquisadora da Fiocruz PE e uma das coordenadoras do estudo na capital pernambucana. Além de ser um estudo sociocomportamental, o trabalho também está realizando um inquérito sorológico para revelar a prevalência de HIV, Hepatite C e tuberculose entre os consumidores. “Acreditamos que problemática do crack envolve não apenas as demandas de saúde, mas também toda a vulnerabilidade em que está situado o dependente”, explica.

A diminuição dos impactos danosos do consumo do crack à saúde e à realidade social de seus dependentes é um grande desafio que envolve todas as vertentes do contexto em que se encontra este usuário. “Eu acredito que a questão do crack deve ser trabalhada com a relação do sujeito com a droga. É preciso construir com aquele sujeito um projeto de vida. Para isso ele precisa ter alguma perspectiva de trabalho, de família e de lazer. Além de cuidar da dependência, que exige a questão do apoio e alguns medicamentos para controle da dependência, trabalhar todo um suporte e um apoio, o dependente precisa de alfabetização, de um trabalho, precisa alugar uma casa, reestabelecer o vínculo com sua família, com os filhos, com os pais”, explica Naíde Teodósio. Para ela, a saúde pode ser um primeiro contato, junto com assistência social, que participa do enfrentamento, mas, sozinha, ela não vai resolver enquanto não for dada uma perspectiva à população dependente. Ela acredita no papel importante da polícia neste processo, na perspectiva da segurança pública, tanto no que diz respeito ao cuidado com os usuários, quanto no controle do tráfico de drogas.


Renato Rocha: “A polícia é apenas um dos atores envolvidos no processo de diminuição dos impactos danosos do uso de drogas”.

É o que também acredita o gestor do Departamento de Repressão ao Narcotráfico da Polícia Civil de Pernambuco (DENARC-PC-PE), delegado Renato Rocha, que defende que a polícia é um dos atores envolvidos no processo de diminuição dos impactos danosos do uso de drogas, mas que outros setores precisam ser inseridos. “Claro que o uso de drogas não é só caso de Polícia. Este problema também perpassa por questões sociais e de saúde pública, demandando uma vasta atuação de serviços públicos, razão pela qual, muitas vezes, a participação de outros órgãos e instituições voltadas ao problema se faz necessária para que a redução dos danos causados pelo uso de drogas seja alcançada”, explica, defendendo a importância do envolvimento de diversos sujeitos.

Dentro da perspectiva da saúde pública, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem um grande valor no cuidado e tratamento da dependência química, que tem estado muito agregado à iniciativa privada e, muitas vezes, religiosa. Para atender às necessidades impostas pela situação da droga no Nordeste, e no Brasil de maneira geral, o SUS deve se estruturar para criar condições de atender ao problema de forma precisa. “O sistema público de atenção à saúde no Brasil, particularmente o SUS – em que pese seu enorme valor – não está preparado tecnicamente, nem gerencialmente, para atender aos usuários de substâncias psicoativas legais e menos ainda as ilegais. Não existem leitos disponíveis em hospitais gerais para estes pacientes (provavelmente pelo enorme preconceito que ainda envolve os portadores de transtornos mentais , incluindo-se os usuários de psicoativos). Além disso, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e CAPS ad (para álcool e outras drogas), carecem de maior e melhor atenção pelos poderes municipais”, acredita Antônio Nery Filho. Ele destaca, ainda, que as comunidades terapêuticas que surgem para preencher o vácuo deixado pelo poder público, – boa parte com caráter religioso – atuam, em geral, sem a compreensão necessária dos aspectos socioculturais e medico-psicológicos nos quais está envolvido o consumo das substâncias psicoativas.

“Creio que não se deve separar as drogas de outros agravos à saúde: deve-se criar programas consistentes que alcancem as crianças e adultos na perspectiva de valorizar e proteger a vida, por exemplo, quanto à alimentação, ao esporte, ao trânsito, desde o início escolar até a entrada nas universidades. Por outro lado, creio ser indispensável tornar a mídia mais responsável no trato desta questão, afastando-se dos aspectos sensacionalistas, geralmente associados à violência”, conclui Nery.

O uso problemático do crack, assim como de todas as drogas – lícitas e ilícitas – sugere um problema que é muito maior do que o estado de saúde do dependente. A dependência, em suas diversas formas de apresentação, é o reflexo de uma doença que vai além da relação do usuário com a substância, mas, que agrega também todo o contexto no qual está inserido aquele indivíduo: nível de educação e de informação, moradia, trabalho e todo o contexto social no qual ele vive. Diante disso, e como tantas outras demandas de saúde e sociais, o enfrentamento a este problema exige uma compreensão ampla, estratégias intersetoriais que contem com o envolvimento de múltiplos níveis de gestão e de atuação.


Proporção de usuários em números absolutos – 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) (Fonte: UNIFESP)
Referências Bibliográficas

Laranjeira R, Madruga CS, Pinsky I, Caetano R, Ribeiro M, Mitsuhiro S. II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas: o uso de cocaína e crack no Brasil. São Paulo: INPAD; 2013 [acesso em 31 maio 2013]. Disponível em: http://inpad.org.br/wp-content/uploads/2013/03/LENAD_PressRelease_Coca.pdf
Citação Bibliográfica

Baracho M. Crack e outras drogas: o sistema de saúde está pronto para lidar com essa epidemia? [Internet]. Recife (PE): Portal DSS Nordeste; 2013 Jun 12 [acesso em]. Disponível em: http://dssbr.org/site/2013/06/crack-e-outras-drogas-o-sistema-de-saude-esta-pronto-para-lidar-com-essa-epidemia/




O evento contou com mais de 600 participantes, entre profissionais, pesquisadores, professores e estudantes, de todas as regiões do País.
Durante os três dias do evento foram atualizadas várias vertentes do conhecimento envolvendo a questão do uso de drogas e dependência química, no contexto da saúde mental.




Na abertura do evento, que aconteceu na noite do dia 12, no Auditório da Reitoria, a coordenadora do Congresso, professora Silvana Carneiro Maciel, deu as boas vindas aos congressistas e enfatizou a importância da realização do evento para a ciência, a educação e a sociedade paraibana. Um momento de destaque, que emocionou a plateia, foi a participação do grupo musical “Oficina do Samba”, do Caps-ad Primavera, da Prefeitura Municipal de João Pessoa. O grupo é constituído por usuários de álcool e outras drogas que estão em recuperação.

A pesquisadora Carla Bicca, da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Drogas (ABEAD), fez a palestra de abertura do evento, enfocando o tema da prevenção. Segundo ela, o álcool ainda é a substância psicoativa, cujo consumo, ainda causa os maiores problemas à população.

O evento contou com várias palestras e mesas redondas sobre os mais diversos temas sobre a problemática das drogas. Foram enfocados os temas da prevenção, tratamento e reinserção a partir das políticas públicas nos contextos da saúde mental, direitos humanos, ciência e educação.

A coordenadora do CRR, professora Vania Medeiros participou da mesa sobre “Os desafios da prevenção e do tratamento da dependência química: articulação do social, da família, da escola e da justiça”. A mesa foi composta com a participação dos pesquisadores Gilberto Lúcio, do Ministério Público de Pernambuco, e Carla Bicca, da ABEAD. A professora Vania Medeiros fez explanação sobre os processos formativos na área de drogas, a partir da teoria da complexidade. O jornalista Crisvalter Medeiros, mestrando em Serviço Social da UFPB, que integra da equipe do CRR, apresentou trabalho oral sobre a Experiência do CRR na Paraíba.

O Congresso Brasileiro sobre Saúde Mental e Dependência Química foi uma das realizações mais importantes, nessa área, das últimas décadas na Paraíba. O evento é uma indicação de que a UFPB assumiu, efetivamente, a pesquisa e a formação acadêmicas envolvendo a questão da dependência química no contexto da saúde.



ENCERRAMENTO
O médico psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas (ABEAD), fez a conferência de encerramento do evento, ontem, às 18 horas, no auditório 412, do CCHLA, da UFPB. Na palestra, o médico demonstrou preocupação com os movimentos pró-legalização do uso de maconha e alertou os participantes sobre a falta de estrutura do sistema de saúde, atualmente, para lidar com o aumento no consumo de substâncias

psicoativas que a legalização poderia acarretar.

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A principal preocupação do médico é com a vulnerabilidade dos adolescentes no contexto da legalização devido ao risco de se criar uma cultura de normalização do uso de maconha. Segundo ele, o uso continuado dessa substância causa dependência e desvia os jovens da sua vida educacional e produtiva.

Para Ramos, a legalização da maconha em alguns países resultou no aumento estatístico da epidemiologia da dependência química. O médico fez uma analogia sobre o que acontece atualmente com relação à maconha e o movimento de popularização do uso de tabaco no início do século passado. Segundo ele, a indústria do tabaco está repetindo os mesmos argumentos que foram utilizados para fazer propaganda do tabaco, para promover o uso da maconha, a exemplo da utilização medicinal e os direitos humanos.

A professora Silvana Maciel, coordenadora do grupo de pesquisa em saúde mental e dependência química, fez o encerramento oficial do evento, garantindo a continuidade da proposta como uma iniciativa da UFPB, mesmo que algumas edições do congresso aconteçam em outras instituições. Silvana sugeriu que o congresso continue aglutinando os discursos das diversas correntes acadêmicas da área e que seja um espaço democrático das expressões ideológicas das mais diversas visões sobre a temática.

LANÇAMENTO DE LIVRO:

A professora da Universidade Católica de Brasília, Maria Aparecida Penso, lançou o livro: "Os jovens pedem socorro", na abertura do I Congresso Brasileiro de Saúde Mental e Dependência Química, da UFPB. Maria Aparecida Penso, no centro, ladeada pelas professoras Maria Nilza (Serviço Social UFPB) e Vania Medeiros (CRR-IFPB)







I Congresso Brasileiro sobre Saúde Mental e Dependência Química traz o debate sobre drogas para a UFPB

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizou em junho o I Congresso Brasileiro de Saúde Mental e Dependência. Química.

Política nacional sobre drogas e saúde mental: percepções dos gestores e os desafios intersetoriais no arranjo politico.

Resumo
O debate em torno da Intersetorialidade vem se processando no âmbito das políticas públicas, visando à construção de ações e serviços mais integrados, que superem a ineficiência da fragmentação do setor público. No campo específico da Saúde Mental, esse debate surge com o Movimento da Reforma Psiquiátrica que se estende também à Política Integral de cuidados as pessoas que fazem uso prejudicial de álcool, crack, e outras drogas, por considerar os múltiplos determinantes do uso prejudicial dessas substancias, e a necessidade de inclusão social das pessoas que as usam abusivamente. O objetivo do trabalho foi analisar a construção da estratégia da Intersetorialidade na atenção às pessoas que fazem uso problemático de álcool, crack e outras drogas, a partir da percepção dos gestores da Rede de Atenção Psicossocial do município de Cabedelo-PB/Brasil. O percurso metodológico privilegiou a abordagem qualitativa, recorreu-se a entrevista semiestruturada e a observação participante. Teve como cenário a gestão dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS I e CAPS AD); Gerencia da Atenção Básica e a Secretaria de Saúde. A amostra foi composta por 06 gestores dos referidos serviços. Para analise das falas foi utilizada a técnica de analise de conteúdo. Constata-se que o debate sobre Intersetorialidade está presente nas discussões politicas dos gestores dos serviços de saúde mental, porém é atribuída a responsabilidade aos profissionais do serviço, evidenciado como estratégia profissional. Todavia os arranjos intersetoriais são ressaltados no trato aos usuários de crack, álcool e outras drogas como de extrema relevância para atenção integral.

Maria Milaneide de Souza, Rafael Nicolau Carvalho, Leandro Roque da Silva, Jossana Rafaela dos Santos,
Elisangela Braga de Azevedo, Patricia Barreto Cavalcanti.

Texto completo: PDF-A

segunda-feira, 24 de junho de 2013


IBGE: cresce o uso de drogas ilícitas por adolescentes,
LUCIANA NUNES LEAL E VINICIUS NEDER - Agência Estado

Cresceu o uso de drogas ilícitas por adolescentes de 2009 para 2012, sobretudo entre as meninas. É o que mostra pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira, 19. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), em 2012, chegou a 9,9% a proporção de adolescentes que vivem nas capitais que já experimentaram drogas ilícitas, o que equivale a pouco mais de 312 mil jovens. Em 2009, quando foi feita a primeira pesquisa desse tipo, o porcentual foi de 8,7%.
Para garantir que o levantamento refletisse ao máximo a realidade, a pesquisa foi feita com entrega de equipamentos eletrônicos aos próprios adolescentes, que responderam com privacidade sobre hábitos e comportamento. Nas capitais, em 2009, 6,9% das meninas disseram ter usado alguma droga, índice que subiu para 9,2% em 2012. O consumo entre os meninos ficou praticamente estável, oscilando de 10,6% para 10,7%. Em 2012 a pesquisa foi feita no País inteiro e o resultado foi de 7,3% de adolescentes com alguma experiência de uso de drogas. O levantamento anterior havia sido feito apenas nas capitais.
Foram entrevistados 109.104 alunos do 9° ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas em todo País, a grande maioria (86%) com idades de 13 a 15 anos. Os resultados foram projetados para o universo de 3,1 milhões de adolescentes que estudam no 9º ano. Embora a proporção pareça pequena, os técnicos do IBGE se espantaram com a revelação de que 0,5% dos adolescentes usou crack no período de 30 dias que antecederam a pesquisa, pois, em números absolutos, são 15 mil estudantes no País inteiro que já experimentaram a droga, que tem o maior potencial de dependência.
No caso das drogas lícitas, nada menos que sete em cada dez adolescentes já experimentaram alguma bebida alcoólica, proporção que teve pequena redução em relação a 2009, passando de 71,4% para 70,5%. No entanto, 50,3% informaram já ter tomado pelo menos uma dose, o que equivale a, no mínimo, uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça ou uísque. Esta pergunta não foi feita em 2009.
Solidão e bullying - Embora a pesquisa não tenha investigado as razões que levaram os adolescentes ao uso de bebidas alcoólicas e drogas e os efeitos causados, 16,5% dos jovens entrevistados disseram terem se sentido sozinhos nos 12 meses que antecederam a pesquisa. O sentimento de solidão é muito maior entre as meninas (21,7%) que entre os meninos (10,7%). As meninas também são mais suscetíveis à insônia em decorrência de preocupações: 12,85% delas disseram já ter perdido o sono, enquanto entre os meninos são apenas 6,3%.
Um quinto (20,8%) dos adolescentes pratica bullying, também revela a pesquisa do IBGE. De outro lado, 35,4% disseram ter sofrido agressão, humilhação e hostilidade por parte dos colegas, sendo que 7,2% disseram que a prática é frequente e 28,2% afirmaram que acontece raramente ou às vezes. Pela primeira vez os adolescentes foram questionados se participam de ataques aos colegas, por isso não há comparação com 2009.
Maior do que a proporção de adolescentes que sofrem bullying sempre ou quase sempre, no entanto, é a de jovens que são agredidos por adultos da própria família. Pouco mais de 10% dos entrevistados disseram terem sido agredidos nos 30 dias anteriores à pesquisa. As meninas são mais vulneráveis (11,5% delas sofreram agressões) que os meninos (9,6%).
Os dados também revelam que é crescente a proporção de adolescentes que se envolvem em brigas com armas brancas (passou de 6,1% para 7,3%) e com armas de fogo (de 4% em 2009 para 6,4%).
Trabalho - Embora o trabalho de crianças e adolescentes até 13 anos não seja permitido pela lei brasileira, 8,6% dos alunos do 9º ano no País trabalham, mostram os dados do IBGE. A região Sul tem a maior proporção, com 11,9% de estudantes trabalhadores. O menor índice está no Sudeste, com 7,5%. Além disso, os adolescentes brasileiros se alimentam mal, veem TV demais e se exercitam de menos, mostra a pesquisa do IBGE. Guloseimas como doces, balas e chocolates estão em terceiro lugar no consumo dos estudantes, atrás apenas do feijão e do leite e à frente de frutas e hortaliças.
Quatro em cada dez adolescentes comem guloseimas cinco dias ou mais por semana e apenas três em cada dez comem frutas com a mesma frequência. Os técnicos do IBGE se surpreenderam com a informação de que apenas 22,8% dos alunos das escolas públicas comem os alimentos oferecidos nas escolas, apesar de 98% terem acesso a refeições oferecidas pela rede de ensino.
Em relação aos exercícios físicos, apenas três em cada dez adolescentes são considerados ativos (fazem 300 minutos ou mais de exercício por semana, o que equivale a uma hora de atividade física, cinco dias por semana). Quase oito (78%) em cada dez adolescentes veem televisão durante pelo menos duas horas por dia, tempo considerado excessivo pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sexo - A PeNSE mostra ainda uma ligeira queda entre os adolescentes que já tiveram relação sexual e um aumento do uso de preservativos. Em 2012, 28,7% dos adolescentes já tinham tido relação sexual, proporção um pouco inferior aos 30,5% de 2009. Dos que têm experiência sexual, 79,5% dos adolescentes usaram camisinha na última relação, índice maior que os 75,9% de 2008.

Violência contra mulheres causa 'epidemia de saúde global', diz OMS

Mais de um terço de todas as mulheres do mundo são vítimas de violência física ou sexual, o que representa um problema de saúde global com proporções epidêmicas, disse um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A grande maioria das mulheres sofre agressões e abusos de seus maridos ou namorados, e sofrem problemas de saúde comuns que incluem ossos quebrados, contusões, complicações na gravidez, depressão e outras doenças mentais, diz o relatório.
"Esta é uma realidade cotidiana para muitas, muitas mulheres", disse Charlotte Watts, especialista em política de saúde na Escola de Higiene & Medicina Tropical de Londres e uma dos autores do relatório, em entrevista à Reuters.
O relatório, uma co-autoria de Watts e Claudia Garcia-Moreno, da OMS, concluiu que quase dois quintos (38 por cento) de todas as mulheres vítimas de homicídio foram assassinadas por seus parceiros, e 42 por cento das mulheres que foram vítimas de violência física ou sexual por parte de um parceiro sofreram lesões como consequência.
O relatório constatou que a violência contra as mulheres é uma das causas para uma variedade de problemas de saúde agudos e crônicos, que vão desde lesões imediatas, infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, à depressão e transtornos de saúde mental.
As mulheres que sofrem violência de seus parceiros são 1,5 vezes mais propensas a ter sífilis, clamídia ou gonorréia. E, em algumas regiões, incluindo a África sub-saariana, têm 1,5 vezes mais probabilidade de serem infectadas com o vírus da Aids, diz o relatório.
A OMS está emitindo orientações para os profissionais de saúde sobre como ajudar as mulheres que sofrem violência doméstica ou sexual. Eles salientam a importância em treinar os profissionais de saúde para reconhecer quando as mulheres podem estar em risco de ser agredida pelo parceiro e saber como agir.
Em um comunicado que acompanha o relatório, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que a violência causa problemas de saúde com "proporções epidêmicas", acrescentando: "os sistemas de saúde do mundo podem e devem fazer mais pelas mulheres que sofrem violência."



Vacina contra HPV reduz índice de infecção entre adolescentes nos EUA
Infecção com as cepas virais que causam câncer caiu de 7,2% em 2006 para 3,6% em 2010 entre os jovens de 14 a 19 anos
Apenas um terço dos adolescentes americanos foram vacinados com o curso completo de três doses
No Brasil a vacina poderá ser incorporada ao calendário nacional de imunização do Sistema Único de Saúde em 2014





Vacinação na Universidade de Miami: vacina ajuda a prevenir contra o câncer Joe Raedle/ NYT


NOVA YORK - A prevalência de cepas perigosas do papilomavirus humano (HPV) — a mais comum infecção sexualmente transmissível nos Estados Unidos e uma das principais causas do câncer de colo do útero — caiu pela metade entre os adolescentes nos últimos anos. Apenas um terço dos adolescentes nos Estados Unidos foram vacinados com o curso completo de três doses, ainda assim a infecção com as cepas virais que causam câncer caiu de 7,2% em 2006 para 3,6% em 2010, entre os jovens de 14 a 19 anos.

O declínio acentuado da taxa de infecção ocorre em um momento de aprofundamento da preocupação entre os médicos e funcionários de saúde pública sobre o uso limitado da vacina contra o HPV nos Estados Unidos. Secretarias de saúde em todo o país estão lutando para formas de aumentar as taxas de vacinação, enquanto grupos sem fins lucrativos estão usando lembretes postais e campanhas de mídia social, e pediatras estão sendo incentivados a convencer as famílias dos benefícios da vacina.

Existem indícios de que a resistência à vacina pode ser crescente. Um estudo publicado na revista “Pediatrics”, em março, descobriu que em 2010, 44% dos pais disseram não ter intenção de vacinar suas filhas. Como evita uma infecção transmitida sexualmente, a vacina carrega o estigma de promover a promiscuidade.

— Os resultados são surpreendentes — disse ao jornal “The New York Times” Thomas Frieden, diretor dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças americano. — Precisamos aumentar os índices de vacinação, porque é possível proteger a próxima geração e precisamos fazer isso.

A descoberta, publicada na versão on-line da “The Journal of Infectious Diseases”, acompanhou os anos de 2003 a 2010 e foram baseadas na pesquisa feita a cada dois anos, considerada padrão ouro nos indicadores de saúde. Os funcionários de saúde do governo entrevistaram mais de oito mil meninas e mulheres entre 14 e 59 anos e coletaram amostras vaginais para análise.

O índice de infecção das meninas caíram mesmo quando foram incluídas as duas estirpes do vírus que causam verrugas genitais, com uma queda de 56% durante o período do estudo. A taxa ficou estável nos anos antes da introdução da vacina. Autoridades de saúde começaram a monitorar a prevalência de HPV em meninos só este ano, os primeiros dados estarão disponíveis em 2015.

Existem cerca de 12 mil casos de câncer do colo do útero e quatro mil mortes por ano nos Estados Unidos. Com as taxas atuais de vacinação, a vacina evitaria 45 mil casos de câncer de colo do útero e 14 mil mortes entre as meninas hoje com 13 anos de idade e mais jovens ao longo de suas vidas. O aumento da taxa de vacinação para 80% poderia evitar um adicional de 53 mil tipos de câncer e cerca de 17 mil mortes.

No Brasil há 137 mil casos da doença por ano

O HPV se destaca como uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns do mundo, com uma em cada cinco mulheres como portadora do vírus. No Brasil, o Ministério da Saúde registra a cada ano 137 mil novos casos no país. Este ano o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que a vacina contra HPV, lançada no país em 2007, poderá ser incorporada ao calendário nacional de imunização do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014. Atualmente só o Distrito Federal oferece a vacina de graça. Na rede privada as três doses custam entre R$ 540 e R$ 1.050 e deve ser tomada antes do início da vida sexual.


sexta-feira, 21 de junho de 2013


Álcool é uma droga mais problemática que o crack, dizem médicos.

Chamados ao Senado para falar sobre problemas com drogas, especialmente o crack, médicos e psiquiatras, além de todos os representantes das comunidades terapêuticas, foram unânimes em alertar que o grande peso para a saúde pública é a dependência de álcool.


Droga legal, álcool é vendido livremente no país: 16% dos adolescentes dizem beber em grandes quantidades.

“Embora ainda não tenhamos dados confiáveis sobre o crack, o aumento da visibilidade não corresponde à magnitude do problema. Os problemas relacionados ao álcool são, de longe, muito mais significativos. O número de pessoas envolvidas e o custo econômico em relação ao álcool são infinitamente superiores aos do crack”, afirmou o psiquiatra Roberto Kinoshita, coordenador da área de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde.

“Notoriamente, o álcool representa a maior preocupação em relação à drogadição, por uma questão estatística irrefutável”, reforçou o vice-presidente do CFM, Carlos Vital Corrêa Lima.

“Acho que pedagogia é adotar a mesma atitude diante da substância predominante dos adultos [álcool]”, sugere o psiquiatra Carlos Alberto Salgado. Ele considera um paradoxo a sociedade brasileira se indignar tanto com a presença e a disponibilidade brutal do crack e ter uma atitude permissiva com relação ao álcool. Salgado lembra que, além dos danos causados ao organismo, o álcool é responsável por grandes prejuízos à sociedade, como no caso dos milhares de acidentes e vítimas fatais, causados por motoristas bêbados, principalmente nos feriados nas estradas brasileiras.


Salgado: “Nos incomodamos com o crack, mas há 1 milhão de pontos de venda de álcool, droga cujo uso é até incentivado”.

As afirmações se sustentam em todos os levantamentos realizados, que apontam o álcool como a droga mais consumida. Em 2007, Senad e Unifesp fizeram o 1º Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População, segundo o qual a primeira experiência com álcool ocorre antes dos 14 anos. Cerca de 16% dos adolescentes entrevistados relataram beber pesado, o que aumenta riscos sociais e de saúde.

Um dos capítulos do estudo – “Como Bebem os Adolescentes Brasileiros” – concluiu que 24% dos adolescentes bebem pelo menos uma vez por mês, sendo que 10%, em quantidades consideradas “arriscadas”. Mais que isso, 13% dos adolescentes apresentam intenso consumo de álcool (índice que chega a 17% entre os meninos).

Outra pesquisa, Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, do Ministério da Saúde, de abril de 2011, mostra que o percentual da população adulta que consumiu álcool em excesso nos 30 dias anteriores à pesquisa passou de 16,2%, em 2006, para 18% em 2010 (26,8% dos homens e 10,6% das mulheres).

Despertador

Ainda assim, senadores e médicos acreditam que a disseminação do crack serve para que haja uma mobilização maior com relação à dependência química.

“O crack, infelizmente, serviu para que a sociedade acordasse. Com 35 anos de formado, ouço colegas me dizerem 'Vocês têm que fazer alguma coisa!'. A exacerbação serviu para que o Congresso e a sociedade se mobilizassem para enfrentar o crack. A gente tem que entender a necessidade de enfrentar a dependência química”, pondera o senador Waldemir Moka.

O médico Ricardo Paiva entende que é importante abordar o crack de maneira específica. “Segundo a ONU, a droga cuja incidência mais aumentou nos países ricos foram os estimulantes do sistema nervoso central [ecstasy e anfetaminas], diz".

Abordagem multidisciplinar para reabilitação de dependentes químicos

Desintoxicar o dependente químico é apenas parte do tratamento. Além de depender da vontade do paciente, o uso de medicamentos, isolado, pouco consegue ajudar uma pessoa completamente desorganizada, desde seus cuidados básicos de higiene até suas relações sociais e laços afetivos.

Debate na subcomissão do Senado mostrou necessidade de abordagem multidisciplinar para o sucesso do tratamento. Foto: José Cruz

Daí o consenso de que é necessária uma abordagem multidisciplinar para que o tratamento seja eficaz. Desintoxicação, psicoterapia, terapia ocupacional e assistência social são apenas partes do tratamento. E há ainda quem defenda um componente religioso nessa recuperação do indivíduo. Porém, em regra, essa abordagem multidisciplinar ainda está completamente desarticulada no Brasil.

Além da articulação, há necessidade de grande dedicação por parte de quem aplica o tratamento. O atendimento ao usuário exige habilidade e disponibilidade emocional dos profissionais envolvidos, o que demanda grandes investimentos, inclusive em treinamento.

Essa necessidade é agravada ainda pelas recaídas, muito comuns, por outras doenças associadas, por problemas afetivos e com a lei. E o tratamento dessas questões é tão importante quanto livrar o dependente do abuso das drogas.

Segundo o psiquiatra e consultor da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, José Manoel Bertolote, “o sucesso de qualquer tratamento para dependência química passa pela vontade do usuário de se manter afastado da droga”. Ele se aproxima do conceito de abordagem multidisciplinar, ao lembrar que “a desintoxicação tem seu papel, no sentido de reduzir os danos a que está sujeito o usuário, mas é uma contribuição modesta. Um sólido sistema de apoio médico, psiquiátrico, social, familiar e psicológico é essencial”.

Os médicos confirmam que não existe medicação para reduzir o desejo por crack ou cocaína. Por isso, dizem que não se pode passar às famílias e dependentes a ideia de que, sozinhos, medicamentos vão resolver o problema. Isso sem contar que, a cada passo da medicina, o mercado de drogas ilícitas diversifica seus produtos, deixando os cientistas para trás.

Os psiquiatras da Unifesp Hamer Alves, Marcelo Ribeiro e Daniel de Castro recomendam ainda que o tratamento com abordagem multidisciplinar leve em conta o uso concomitante de outras drogas, especialmente do álcool, generalizado entre dependentes de crack ou cocaína. A equipe da Unifesp observa que o álcool é um dos maiores obstáculos ao tratamento, por reduzir a capacidade crítica e a motivação e por levar o usuário a estados de impulsividade e euforia, o que aumenta o risco de recaída.

Além disso, qualquer medicamento pode oferecer risco se não for considerada a interação com o álcool, as recaídas, os efeitos colaterais e o uso dos remédios em tentativas de suicídio.

Para tornar o quadro ainda mais complexo, estudos relatam que o uso de cocaína e crack pode desencadear psicose, depressão e esquizofrenia, entre outras doenças psiquiátricas. Para que o tratamento tenha sucesso, o diagnóstico deve ser o mais exato possível para que essas doenças sejam tratadas com remédios específicos, tradicionais e de eficácia comprovada.

Caso a caso

A estratégia de tratamento com abordagem multidisciplinar deve ser definida para cada usuário, de acordo com sua idade, sexo e formação, e sua realidade sócio-econômica. Ainda assim, essa estratégia deve estar sempre sujeita a revisões. Os médicos estimam ser necessários entre seis e 12 meses de tratamento, que pode chegar a mais de três anos. Internações são consideradas imprescindíveis nos casos em que o paciente for um risco para si mesmo e para os outros.

A família e os amigos são fundamentais para que os dependentes se mantenham motivados e compromissados com o tratamento recebido. No entanto, informa a psiquiatra Gilda Pulcherio, “a maioria dos estudos confirma que o universo familiar dessa população é frequentemente disfuncional”. Assim, muitas vezes o tratamento deve incluir também apoio psicológico para a família do dependente.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Governo tentará impedir aprovação da 'cura gay' em outras comissões

O deputado pastor Marco Feliciano é autor do projeto da 'cura gay'



Luciana Cobucci
Direto de Brasília.

Após passar pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara dos Deputados, o projeto que trata da chamada “cura gay” poderá morrer nas demais comissões em que a matéria ainda será analisada. A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, condenou nesta terça-feira a aprovação da matéria, que altera uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e suspende a vigência desse documento, que proíbe psicólogos de atuarem para mudar a orientação sexual de pacientes e considerar a homossexualidade como doença.


Confira direitos conquistados pelos homossexuais
“O projeto é muito ruim porque além de intervir nas atribuições do CFP, o projeto quando fala em cura considera homossexuais como doentes e não considera a diversidade sexual como um direito que deve ser considerado. As pessoas têm a liberdade de serem como são de acordo com sua identidade e a democracia e os direitos humanos reconhecem isso às pessoas. Vamos dialogar com as bancadas e presidentes das demais comissões, reafirmando que o projeto não respeita os homossexuais brasileiros”, disse a ministra após reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).



A constitucionalidade do projeto será avaliada ainda pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O projeto também passará pela Comissão de Seguridade Social da Câmara.

O deputado Anderson Ferreira (PR-PE), relator da matéria na CDH, alegou que há jurisprudência que considera inconstitucional qualquer resolução de conselho profissional que limita o exercício da profissão. "Essa resolução cerceia a independência e liberdade dos profissionais e o direito da pessoa de procurar um psicólogo e de receber orientação. É direito do paciente procurar atendimento que satisfaça seus anseios. O projeto de decreto legislativo garante o direito ao homossexual a mudar sua orientação sexual e ser acolhido por um profissional", afirmou o relator durante a leitura do seu parecer, que pede a aprovação da matéria.

Ferreira alegou que a suspensão dos efeitos da resolução terá efeito somente até que haja uma decisão judicial que determine se psicólogos devem ou não ajudar pacientes a "deixarem" a homossexualidade. Em resposta, o CFP afirmou que os psicólogos estão proibidos de tratar a homossexualidade como doença.

"Estão, sim, proibidos os psicólogos de exercerem qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, e adotarem ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. (...) A norma orienta os profissionais da psicologia a não se pronunciar e nem participar de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica", defendeu o conselho representativo dos psicólogos
em nota.


Ministra de Direitos Humanos diz que vai trabalhar contra projeto da 'cura gay'
Ministra de Direitos Humanos diz que vai trabalhar contra projeto da 'cura gay'

Publicação: 19/06/2013 08:18 Atualização: 19/06/2013 08:23
Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, disse nessa terça-feira que vai trabalhar para que o projeto que autoriza psicólogos a tratar homossexuais com o objetivo de curá-los, a chamada “cura gay”, não seja aprovado em outras comissões da Câmara dos Deputados. O projeto foi aprovado hoje na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (inclusive quanto ao mérito).


“Quando o projeto fala em cura, ele considera os homossexuais como pessoas que estão doentes e não considera a diversidade sexual como um direito humano que deve ser respeitado. As pessoas têm a liberdade de serem como são, de acordo com a sua própria identidade. O básico é dizermos que o projeto é muito ruim e eu espero que ele não seja aprovado”, disse a ministra após encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

De autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), o projeto quer suprimir um dos trechos da Resolução nº 1/99 do Conselho Federal de Psicologia, que proíbe os profissionais da área de participar de terapia para alterar a orientação sexual e de atribuir caráter patológico (de doença) à homossexualidade. Os profissionais também não podem adotar ação coercitiva para orientar homossexuais para tratamentos não solicitados atualmente.

A ministra esteve no Senado para levar sugestões de uma agenda comum de direitos humanos com matérias que são de interesse da pasta comandada por ela. As propostas incluem projetos que tratam de crimes de ódio, tortura e trabalho escravo.

Segundo Maria do Rosário, os relatores de matérias sobre esses crimes já apresentaram pareceres que ela avaliou como positivos. “Nós teremos a possibilidade de aprovar essas matérias com o apoio do presidente Renan Calheiros”, concluiu a ministra.
Edição do dia 19/06/2013
19/06/2013 11h05 - Atualizado em 19/06/2013 11h05
Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprova projeto da 'cura gay'.
A proposta permite que psicólogos tratem a homossexualidade como doença, contrariando resoluções do Conselho Federal de Psicologia.



A Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou uma proposta polêmica que já provocou muitas reações. É o tratamento para combater a homossexualidade, como se fosse uma doença.

O projeto que ficou conhecido como "Cura gay". A proposta permite que psicólogos tratem a homossexualidade como doença, contrariando resoluções do Conselho Federal de Psicologia.
O governo promete trabalhar para derrubar o projeto antes da votação final.

A reação da ministra da Secretaria de Direitos Humanos foi imediata. “Representa um retrocesso na medida em que não reconhece a diversidade sexual como direito humano”, declara Maria do Rosário, secretária nacional de Direitos Humanos.

O projeto aprovado, na prática, permite que psicólogos proponham tratamento da homossexualidade, derrubando assim, normas do Conselho Federal de Psicologia, que proíbem que profissionais tratem a homossexualidade como doença. O autor do projeto diz que não é bem assim.

“Por que o hétero, querendo procurar um profissional de psicologia para uma orientação na área sexual pode, e por que o homo não pode?”, diz o deputado João Campos, autor do projeto.

A Organização Mundial da Saúde, em 1990, retirou a homossexualidade do rol de doenças ou transtornos. Esse é um dos argumentos usados por parlamentares que são contra o projeto, que foi apresentado há dois anos e que chegou a ter a votação adiada cinco vezes na Comissão de Direitos Humanos.

Enquanto dois manifestantes solitários mostravam cartazes contrários à proposta, poucos deputados defendiam o projeto. “Escutamos a sociedade, escutamos os homossexuais, escutamos os psicólogos e o que o Conselho de Psicologia fez foi tolher o direito de o profissional exercer sua profissão e isso não pode, é inconstitucional”, declara o deputado Anderson Ferreira, relator do projeto.

“Temos muita expectativa de que na outras comissões haja uma razoabilidade e uma compreensão da inconstitucionalidade que é legislar sobre uma profissão e, mais ainda, reforçar preconceito e estereótipos com uma população que tem sido assassinada simplesmente por ser homossexual”, diz Cynthia Ciarallo, do Conselho Federal de Psicologia.

O projeto ainda terá que ser aprovado em duas comissões, depois seguirá para votação em plenário.

OMS quer regras mais rígidas para combater a obesidade infantil.

Órgão da ONU diz que anúncios estimulam consumo de gordura e açúcar.
A propaganda de alimentos nocivos a crianças se mostrou "desastrosamente eficaz" em estimular a obesidade, em especial com o uso das redes sociais para promover alimentos ricos em gorduras, sal e açúcar, disse a sede regional europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta terça-feira (18).

A OMS, um órgão da ONU, defendeu controles mais rígidos contra esse tipo de publicidade.

"As crianças estão cercadas de anúncios estimulando-as a consumirem alimentos ricos em gordura, ricos em açúcar e ricos em sal, mesmo quando estão em locais onde deveriam ser protegidas, como escolas e instalações esportivas", disse Zsuzsanna Jakab, diretora regional da OMS na Europa.
Há anos a promoção desse tipo de alimento é apontada como um fator de risco significativo para a obesidade infantil e, numa idade mais avançada, para doenças crônicas associadas à alimentação, como doença cardíaca e alguns tipos de câncer.
Em um relatório sobre a publicidade alimentícia, a OMS-Europa disse que o setor usa cada vez mais ferramentas baratas, como as redes sociais e aplicativos de celulares, para atingir as crianças.
"A televisão continua sendo a forma dominante de publicidade, e uma ampla maioria de crianças e adolescentes passa em média mais de duas horas diárias na frente do aparelho", diz o relatório.
"O sobrepeso é um dos maiores desafios de saúde pública do século XXI: todos os países são afetados em graus variados, particularmente nos grupos socioeconômicos mais baixos", disse Jakab na introdução do relatório. "E a situação não está melhorando", acrescentou.
Dados da Iniciativa de Vigilância da Obesidade Infantil, da OMS, mostram que em média um terço das crianças de 6 a 9 anos está obeso ou acima do peso.


terça-feira, 18 de junho de 2013


Perfil sociodemográfico e clínico de dependentes químicos em tratamento: análise de prontuários.

Pesquisa descritiva transversal realizada em uma unidade de reabilitação de um hospital psiquiátrico com o objetivo de caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico de dependentes químicos em tratamento. Foram coletados dados de 350 prontuários. A média de idade dos pacientes foi de 35,8 anos: 39,4% eram solteiros; 67,3% estudaram até o ensino fundamental; e 45,1% eram desempregados. A média de idade do primeiro consumo de drogas ocorreu antes dos 18 anos: 54,9% eram dependentes de álcool e 43,7%, de crack; 79,6% utilizavam mais de uma substância; 99,4% faziam uso diário; 13% apresentavam algum tipo de comorbidade psiquiátrica e 30,1%, comorbidades clínicas; 69% tinham familiares envolvidos com drogas, e desses, 48,3% eram pais, com destaque para o álcool em 86% dos casos. A dependência química atinge diversas idades, iniciando precocemente na adolescência, e ocasiona significativas alterações no âmbito biológico, familiar, social e ocupacional.


Fonte: Esc. Anna Nery Rev. Enferm;17(2):234-241, abr.-jun. 2013.

Capacitação sobre álcool e drogas reúne 400 agentes de saúde em Praia Grande.
Cerca de 400 agentes comunitários de saúde participaram de capacitação sobre álcool e drogas com o tema ‘Como identificar o paciente usuário’. O evento ocorreu no Auditório Jornalista Roberto Marinho, da Secretaria de Educação (Seduc). O encontro contou com organização do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) da Secretaria de Saúde Pública (Sesap).
Para a Coordenadora do serviço de Saúde Mental da Secretaria da Sesap, a psicóloga Dorian Rojas, a integração de toda rede de saúde do Município e de outros setores da Administração Municipal é a saída para atingir êxito nas ações realizadas. “A responsabilidade é de todos nesse combate as drogas e no atendimento a essas pessoas. Precisamos nos unir cada vez mais”.
A palestra foi ministrada pelo médico do Caps AD, Luiz Guilherme Leal Ferreira Filho. Com experiência neste tipo de atendimento, o profissional detalhou os serviços desenvolvidos com as pessoas que são atendidas na unidade e a estrutura existente na Cidade para quem procura tratamento.
Outro destaque da palestra ficou por conta das informações sobre cada droga e ainda sobre consumo exagerado de álcool. O médico explicou a modificação de comportamento de um usuário ou de quem passou a ser dependente além da forma correta que essas pessoas devem ser abordadas. A participativa plateia aproveitou a oportunidade para tirar dúvidas e interagir sobre o tema.
De acordo com a chefe de especialidades médicas da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de Praia Grande, Vera Lúcia Bontempi, o papel do agente comunitário de saúde neste processo é de fundamental importância. “Buscamos estabelecer uma parceria com a categoria. A Usafa é a porta de entrada de toda a rede e o agente é quem realiza o primeiro contato”.
Um dos momentos mais emocionantes do encontro ficou por conta do depoimento da agente de saúde da Usafa Samambaia, Maria Vera Lúcia de Sousa. Ela fez parte de uma ação que conseguiu tirar uma mulher do vício das drogas. “Já são seis meses que ela está em tratamento. É como se você estivesse salvando uma família. Só o profissional que passa por uma situação dessas sabe a importância de nossa função”.

Dados
O Caps AD possui equipe composta por psiquiatra, médico clínico, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, enfermeiro e auxiliares de enfermagem, além de técnicos educacionais. Com instalações modernas e confortáveis, o local ainda conta com consultórios, salas de medicação, cozinha, área de convivência e de lazer, horta, refeitório, repouso e outros.
A unidade, localizada na Rua São Caetano, Bairro Boqueirão, complementa a estrutura da rede de assistência à saúde mental no Município e, em breve, no mesmo local, entrará em funcionamento o Caps Infantil (Caps I). O objetivo é livrar crianças, jovens e adultos do vício, que vem se tornando um grave problema para as cidades brasileiras.

Fonte:
Diário do Litoral.

Ciência & Saúde Coletiva
Por que é relevante a ambientação e a aculturação visando pesquisas qualitativas em serviços para dependência química?

Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas.

Este trabalho realizado no Ambulatório de Substâncias Psicoativas do Hospital das Clínicas da Unicamp, objetivou relatar uma experiência de entrada em campo como fator de facilitação do estudo das vivências de sujeitos dependentes químicos vistos em um serviço universitário especializado. As observações surgiram a partir das vivências da pesquisadora em fase de ambientação e aculturação, ou seja, a partir da inserção no ambulatório, em fase preliminar à coleta de dados para uma pesquisa qualitativa. A experiência foi importante, pois permitiu compreender melhor o universo psicocultural da população atendida e como se dão as relações profissional-paciente, ampliando o conhecimento do campo onde depois foi realizada a pesquisa. A partir desta entrada inicial em campo, delimitou-se melhor o tema e a população a ser pesquisada, adequando às necessidades e à realidade observada naquele serviço, bem como refletir sobre o método de pesquisa (clínico-qualitativo) que melhor serviria para compreender as questões levantadas, e, inclusive, elaborar um roteiro para as futuras entrevistas do estudo. Conclui-se ser muito útil esse momento preliminar como fase habitual em novas pesquisas que usem a mesma metodologia nos settings clínicos.

Introdução

O presente artigo pretende discutir a relevância da aproximação do objeto de uma pesquisa e do lugar onde esta se desenvolverá, através de estratégias de ambientação e de aculturação. Optamos por vivenciar um primeiro momento de ambientação e aculturação em um ambulatório universitário para dependentes de substâncias psicoativas (SPA), visando posterior pesquisa utilizando o método clínico-qualitativo.

A antropologia e a psicanálise, dentre outras áreas do conhecimento científico, têm feito uso, historicamente, dos chamados métodos qualitativos, desde o início do Século 20. Posteriormente, as disciplinas científicas da área da educação, das ciências sociais, das ciências da saúde e da psicologia também passaram a se valer desses métodos. Essas disciplinas são consideradas pertencentes ou associadas às Ciências Humanas, as quais visam compreender e interpretar os nexos de significados presentes nos fenômenos individuais e sociais1.

Um amplo estudo de revisão bibliográfica apontou que, ao longo dos anos, constituiu-se um representativo campo para estudos sobre a construção científica na área das ciências sociais em saúde. Na década de 60 surgiram no Brasil importantes cientistas sociais, muitos como autodidatas em questões da Saúde, começando trabalhos multiprofissionais especialmente voltados para a comunidade. O material que surge desses trabalhos – e que incorpora tanto um conhecimento dos aspectos médicos, assim como sociais, culturais e psicológicos – pretendia ser uma aproximação interdisciplinar e conduzia a um retrato biopsicossocial2-3.

Ao buscar um refinamento da compreensão de significados pessoais atribuídos aos diversos fenômenos observados, especificamente em settings da Saúde, e considerando a experiência clínica do pesquisador, o método eleito para este estudo conduzido em serviço ambulatorial universitário de referência, é o clínico-qualitativo. Este nasce da necessidade de uma estruturação metodológica específica com os cuidados clínicos com a saúde, nomeadamente ao sofrimento existencial e psicológico, associados às manifestações no processo saúde-doença4.

Quando se pretende utilizar uma metodologia qualitativa, na compreensão de um fenômeno ou setting, faz-se fundamental antes de qualquer intervenção, conhecer bem o campo em que se dará a coleta dos dados, ainda que não lacemos mão do trabalho etnográfico propriamente dito.

"Na virada do século XIX para o XX, localiza-se o projeto de uma Antropologia do indivíduo e da singularidade cultural, projeto que se opõe à anterior tendência de buscar a universalidade do homem nos estudos comparativos das diferentes culturas. É, ainda nesta virada de séculos que a Antropologia moderna, se institui como ciência"5.

Nesse momento surge então, o interesse em conhecer o indivíduo imerso em sua cultura. Essa Antropologia moderna exige então uma postura do pesquisador de observação participante, dando origem aos métodos atuais de pesquisa etnográfica, na qual o observador é também inserido na cultura que pretende pesquisar5.

A pesquisa etnográfica privilegia a observação sistemática das situações reais no local onde os fenômenos ocorrem. Esse tipo de pesquisa não se configura como uma aplicação de uma técnica, mas vai se desenvolvendo "na medida em que o pesquisador vai se imbricando no campo, vai se relacionando com os sujeitos e construindo um processo reflexivo sobre suas vivências e impressões"6.

O antropólogo Bronislaw Malinowiski se tornou referência primordial para estudos clássicos, desenvolvidos pioneiramente em trabalho de campo com nativos em cultura do extremo oriente. Para ele, o trabalho de campo deveria produzir uma visão autêntica da vida da comunidade em estudo, devendo-se ultrapassar alguns obstáculos, tais como a falta de domínio da língua nativa, os preconceitos e opiniões de pessoas externas ao grupo observado. O trabalho de campo também deveria estar integrado a problematizações teóricas ao propiciar um contato, o mais íntimo possível, na perspectiva do grupo estudado7.

Trabalhos em campo constituem-se etapa central da pesquisa qualitativa em saúde. Nesse tipo de pesquisa, é crucial uma relação de intersubjetividades e de interação social com o pesquisador, que resulte em conhecimentos novos, que podem ser confrontados com a realidade concreta e com pressupostos teóricos, gerando uma construção mais ampla de saberes8.

Este artigo trata de descrever as experiências de entrada em campo, as quais são chamadas de aculturação e ambientação, mas que não se trata de uma etnografia, mas parte da importância destacada em trabalhos etnográficos ao conhecimento prévio da população e ambiente a serem estudados.

É descrito em literatura como etapa anterior ao trabalho da pesquisa de campo propriamente dita, a fase exploratória, na qual serão definidos: o espaço da pesquisa, o grupo a ser pesquisado, os critérios de amostragem e a estratégia de entrada em campo8. Sempre considerando que a pesquisa qualitativa preocupa-se com o aprofundamento e a abrangência da compreensão seja de um grupo humano, de uma organização ou de uma instituição. É necessário à pesquisa qualitativa conhecer amplamente os sujeitos envolvidos, com idas repetidas a campo, antes do trabalho de coleta propriamente dito. Tal fase de ambientação e aculturação permite o fluir da rede de relações e possíveis correções iniciais dos instrumentos da futura coleta formal de informações8.

Pressupõe-se que, a todo pesquisador que parte para a fase da investigação em settings, é necessário essa fase de ambientação e aculturação, em espaço de tempo se não longo, porém em profundidade. O termo ambientação está aqui entendido como a adaptação geral à rotina do setting onde se coletarão os dados, bem como a aquisição de informações sobre o cotidiano das pessoas que ali trabalham e daquelas que são atendidas no local. Por sua vez, aculturação, conceito mais abrangente, pressupõe um contato com a incorporação das mentalidades, costumes e valores da população deste campo de investigação9.

Apesar de propormos os processos de ambientação e aculturação de forma simultânea e complementar, devemos apontar que, conforme definições anteriores, são conceitos diferentes e, por vezes, podem ter pesos diferentes em uma pesquisa de campo, sendo priorizado ora um, ora outro.

Turato4 acrescenta, ainda: havendo uma adaptação do pesquisador, a partir da ambientação e da aculturação, ao espaço do serviço de saúde onde ocorrerá a pesquisa, à rotina de trabalho, aos hábitos, à linguagem e à problemática vivenciada, poderá ser construído um setting, um ambiente delimitado para a realização das futuras entrevistas.

A necessidade desse momento de ambientação e aculturação surge com a necessidade de transpor barreiras que afastam pesquisador e pesquisado. Conhecer anteriormente a rotina de trabalho, a linguagem utilizada, a problemática ali exposta, é fundamental para que se possa realizar uma pesquisa qualitativa de forma mais apurada e com menos vieses4.

Na pesquisa qualitativa em Ciências Sociais, o estudo etnográfico é a principal ferramenta utilizada para se conhecer mais profundamente uma população. Este se dá exatamente a partir da inserção do pesquisador no ambiente a ser estudado, por um espaço de tempo por vezes prolongado, com contato direto com o objeto de estudo, sendo posteriormente relatado em texto, de forma sistemática10.

Verificamos na literatura a importância de se buscar uma maior aproximação do grupo a ser estudado, não apenas para se conhecer melhor as especificidades do mesmo, mas também para que o pesquisador seja previamente aceito pelos sujeitos, posto que a qualidade dos dados obtidos depende, em grande parte, de como se dá a relação entre sujeito e pesquisador. "Dessa forma é possível manter uma relação dialógica, de proximidade e confiança, baseada em princípios éticos"10.

Leite e Vasconcellos11, também apontam que a entrada em campo e o contato inicial com os informantes merecem atenção especial por determinarem o início de uma relação que pretende ser de confiança. Sendo que, quando o pesquisador consegue assimilar a linguagem e o universo cultural do grupo em estudo, ocorre uma maior aceitação por parte dos seus interlocutores e a interação entre eles pode ser aprofundada. Todavia, tal interação é um processo que demanda tempo, por isso a necessidade de uma aproximação do grupo, antes do início da pesquisa propriamente dita.

Clifford12 aponta a importância de se construir "um mundo de experiências partilhadas, em relação ao qual todos os 'fatos', 'textos', 'eventos' e suas interpretações serão construídos". A qual se dá a partir da experiência do pesquisador em campo, com seus sentimentos intuitivos, percepções e inferências.

A observação participante exige um bom aprendizado da língua ou mesmo da linguagem do grupo estudado em sentido amplo, o que favorece ainda certo grau de envolvimento. Também é preciso algum despojamento das expectativas pessoais e culturais do observador12.

Paul Rabinow13, também demonstra em seus trabalhos etnográficos um cuidado com as pessoas envolvidas. Buscando estar "separado o suficiente para evitar uma identificação fácil, próximo o suficiente para compreender de uma forma benevolente, embora crítica".

O antropólogo Roberto da Mata14 afirma que para escrever uma boa etnografia é necessário aproximar-se empaticamente das pessoas do grupo estudado, mas também perceber-se solitário em seu trabalho de observação. Podendo entrar em contato com os sentimentos despertados ao relacionar-se com essas pessoas. Ele propõe também a tarefa de transformar o "exótico em familiar e o familiar em exótico". O primeiro caso corresponde ao movimento original da Antropologia, mas a segunda transformação proposta visa estranhar algo em nosso quotidiano familiar, "o exótico no que está petrificado dentro de nós pela reificação e pelos mecanismos de legitimação".

A partir do que conhecemos em estudos anteriores, apontados nesta revisão bibliográfica, compreendemos ser fundamental haver um contato prévio com o grupo a ser estudado, sem ambicionarmos o trabalho de um etnógrafo, treinado para esses fins, mas ainda buscando nos familiarizar com o grupo a ser pesquisado, sua linguagem e seu modo de funcionamento. Acreditando que o conhecimento acerca de um grupo se dá de forma constante, como uma construção, que inclusive só se faz possível com a figura do pesquisador inserida naquele grupo e atento aos seus próprios movimentos internos, por isso propõe-se a aculturação e a ambientação.

Entre as subáreas que compõe a saúde mental, algumas se beneficiam particularmente da aproximação do objeto em função de especificidades relacionadas aos sujeitos, ao contexto e à visão social do tema, entre outras. Neste sentido o estudo de temas relacionados ao consumo de substâncias psicoativas merece particular atenção.

O uso de substâncias psicoativas, com maior repercussão social, é um fenômeno relativamente recente. Embora o consumo de drogas psicoativas seja milenar, seu uso só se tornou um problema social amplo, na maior parte dos países ocidentais, a partir do quarto final do século XIX, com a criminalização e a medicalização dessas substâncias. Tal ocorreu inicialmente nos EUA, em função de movimentos religiosos e sociais, e, principalmente, por interesses de ordem econômica15.

A dependência de Substâncias Psicoativas (SPA) é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um transtorno mental e do comportamento. A Classificação Internacional das doenças (CID–10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais norte-americano (DSM–IV) discriminam os principais quadros relacionados ao uso de SPA, bem como a dependência, caracterizada de forma semelhante em ambos, a saber: um desejo pronunciado de tomar a substância; dificuldade em controlar o uso; estado de abstinência fisiológica; tolerância; relegar a um segundo plano as necessidades, interesses e atividades prazerosas; e uso persistente, não obstante os danos causados à própria pessoa e aos outros; e por fim, um critério que descreve um padrão intermediário entre uso e dependência que é o uso nocivo ou abuso16-17.

Para a compreensão dos diversos aspectos da dependência de SPA faz-se necessária a existência de um enfoque abrangente, que leve em consideração a diversidade de usos e de comportamentos, tanto em relação aos produtos como em relação ao contexto social em que ocorrem. A especificidade das dependências químicas procede do encontro do indivíduo com uma SPA em um determinado contexto sociocultural. O uso indevido de drogas, como dito, constitui fenômeno de grande complexidade, não podendo ser reduzido a componentes biológicos, nem compreendido apenas a partir de aspectos da conduta dependente ou da psicodinâmica envolvida, mas pensando que todos estes enfoques estão presentes concomitantemente e se influenciam mutuamente18. Sendo que, em função de tais especificidades, a dependência química se faz presente não apenas no campo da saúde, mas também em campos como o jurídico e o sociológico.

A dependência química, também é uma área envolta em preconceitos, e mesmo entre os especialistas há divergências nas formas de compreender a problemática e atuar junto a essa população. Assim sendo, uma aproximação anterior do objeto de estudo, pode ser fundamental para minimizar a possibilidade de haver uma imposição de um olhar contaminado com ideias preconceituosas, ao trabalho de pesquisa propriamente dito.

Portanto, o olhar antropológico sobre a forma de se fazer pesquisa em saúde, pode ser muito útil nos estudos em dependência de SPA. Ele favorece aqueles voltados para as relações entre saúde e condições de vida, incorporando também a visão do sujeito, por exemplo, o usuário de um serviço de saúde. Deve buscar um redimensionamento dos limites da ciência, ampliando a sua interação com outras formas de apreender a realidade. Com isso, abre-se espaço para novas formas de construção científica que expliquem a realidade19.

Neste relato, mencionamos a experiência da ambientação e da aculturação da pesquisadora em ambulatório universitário especializado, voltado para tratamento de dependência de SPA. Fundamental foi conhecer intimamente a realidade de um serviço de saúde, a linguagem das pessoas ali atendidas e as dinâmicas das relações envolvidas a fim de se ter inserção suficiente para o subsequente trabalho de pesquisa na abordagem qualitativa.

Buscamos com este trabalho relatar uma experiência de entrada em campo como fator de facilitação do estudo das vivências de sujeitos dependentes químicos vistos em um serviço universitário de especialidade psiquiátrica.

Relato de vivências da pesquisadora frente à estruturação do campo (percurso dos procedimentos)

Contextualizando a descrição do campo, o trabalho aqui apresentado deu-se a partir da inserção da pesquisadora, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, no serviço assistencial de seu hospital público de referência. O Ambulatório de Substâncias Psicoativas (ASPA) é parte do conjunto de ambulatórios psiquiátricos do Hospital das Clínicas de Campinas (HC/UNICAMP) e atende principalmente à população do Município e Região. Os atendimentos são semanais para os habitantes locais, enquanto pessoas vindas de municípios distantes ou mesmo de outros estados são atendidas para devida avaliação e encaminhamento a serviços próximos à localidade de origem. O atendimento é integralmente gratuito e a entrada no serviço é ágil, todos que procuram o serviço são imediatamente inseridos no ambulatório, já iniciando participação em grupos. A inserção no ambulatório independe de encaminhamentos via rede básica de saúde.

A população ambulatorial é composta principalmente por adultos que têm o diagnóstico de dependência de álcool, tabaco e/ou drogas ilícitas, sendo frequente a existência de comorbidades clínicas e/ou psiquiátricas. Os pacientes participam inicialmente de um grupo de recepção onde se trabalha a motivação para o tratamento, sendo propostas reflexões sobre as consequências da droga em sua vida, o real desejo de mudança, de deixar ou de diminuir o uso de substâncias. Os pacientes também são atendidos individualmente por médicos residentes de psiquiatria, para devida avaliação clínica e possível farmacoterapia. Após estas etapas, alguns grupos são oferecidos, conforme o indicado a cada pessoa. Para álcool e outras drogas, há o grupo que trabalha técnicas de prevenção à recaída e o grupo no qual são fornecidas informações sobre as drogas, sua constituição e efeitos a curto e longo prazo, bem como o grupo de apoio para familiares. Para tabagistas, há um grupo onde se trabalha a motivação para o tratamento e o abandono do hábito de fumar, e um grupo terapêutico. Além dos médicos residentes, atuam nos atendimentos: psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e auxiliares de enfermagem; todos, de algum modo, vinculados à Unicamp, como funcionários, estagiários ou voluntários. Lembrando que se trata de um hospital-escola e, assim sendo, os atendimentos geralmente são acompanhados por alunos-observadores.

Este período de ambientação e aculturação foi uma fase preliminar à coleta de dados de uma pesquisa qualitativa, marcada pela observação do campo. A pesquisadora esteve presente no ambulatório uma vez por semana, no período da manhã, durante seis meses consecutivos, até o início da pesquisa propriamente dita. Acompanhou as discussões de casos clínicos conduzidas por equipe multiprofissional, e também frequentou seminários teóricos. Participando do ASPA, a pesquisadora teve ainda a oportunidade de dirigir um grupo informativo, a cada dois meses, sendo responsável por discutir aspectos psicológicos da dependência de SPA em reuniões. Também conduziu um grupo motivacional misto, de frequência semanal. Nele, pacientes são atendidos antes mesmo de passarem por consulta médica, sendo um momento de recepção, uma primeira escuta sobre o que os levou a buscar esta ajuda. É desempenhada uma tarefa que, além de oferecer uma escuta para as angústias trazidas, visa fortalecer a motivação para o tratamento.

Reflexões acerca da experiência de ambientação e aculturação do pesquisador

O primeiro ponto que merece reflexão trata-se do emprego dos conceitos de ambientação e aculturação. Em pesquisa qualitativa, não lançamos mão dos chamados pré-testes ou das entrevistas-piloto, cujo objetivo, equivalentemente, é assegurar-se de que os instrumentos de investigação estão 'regulados' para a aplicação e a coleta validadas visando o alcance dos objetivos do empreendimento. Nas pesquisas qualitativas, nas quais o pesquisador é o próprio instrumento, o entrevistador deve adquirir experiência prévia em coletar os dados adequadamente planejados4.

Neste período, de ambientação e aculturação, pôde-se conhecer de perto, além do funcionamento operacional do serviço de ambulatório, enquanto campo físico desenhado para a pesquisa, também o universo psicocultural da população atendida e como se dão as relações profissional-paciente; bem como aspectos relevantes para serem aprofundados na investigação clínico-qualitativa.

Durante o processo de ambientação e aculturação é importante destacar como foi a experiência da inserção da pesquisadora no serviço. No ASPA, foi bem aceita pelos profissionais responsáveis, sendo prontamente incluída nas discussões e atividades. Também não teve dificuldade em adaptar-se à rotina do ambulatório e compreender a linguagem ali utilizada.

Os profissionais, particularmente os residentes, demonstraram essa boa receptividade em relação à pesquisadora, principalmente ao procurarem sua opinião nos casos atendidos por ela e também encaminhando pacientes para seu grupo. Percebeu-se nos profissionais um real propósito de ajudar seus pacientes, embora lidassem com a frustração das constantes recaídas.

As mais importantes reflexões e conclusões acerca do que era observado e experimentado em campo ocorriam, efetivamente, a posteriori. Durante a vivência no ambulatório, a pesquisadora envolvia-se de tal modo com o serviço e a agitada rotina dos atendimentos, discussões e encaminhamentos, que se sentia como membro da equipe, não como mero observador.

Verificou-se que para profissionais e pacientes uma nova ajuda, uma visão adicional sobre a problemática atendida era bem-vinda. Não se pode esquecer que se tratava de um ambulatório dentro de um hospital-escola, onde as pessoas tenderiam a ser mais receptivas a qualquer nova informação. Todavia, podemos compreender que os profissionais demonstravam uma angústia semelhante à de seus pacientes, talvez identificados com eles em seus sofrimentos, no desejo de cessar a dor. Mas, por outro lado, talvez sentindo a necessidade de dividir as angústias e os questionamentos despertados pelos atendimentos.

Conforme anteriormente descrito, a pesquisadora teve contato com os pacientes do ambulatório em dois grupos, sendo que o motivacional, por ser de frequência semanal e com menos participantes, foi o campo onde se fez a maior parte das observações. Dessa forma, é importante compreender o processo deste grupo, no qual a pesquisadora desempenhava um duplo papel, o de observadora e o de terapeuta.

O que seria então motivação? Miller e Rollnick20 falam de motivação como um "estado de prontidão para mudança", que varia de pessoa a pessoa, é mutável e influenciável. Portanto, um paciente pode estar mais ou menos pronto para a proposta do tratamento, mas, com um trabalho específico, pode-se favorecer a tal prontidão. Isto pode ser alcançado através de algumas estratégias propostas pelos autores anteriormente citados, a saber: oferecer orientação, remover barreiras, proporcionar escolhas, diminuir o aspecto desejável do comportamento, praticar a empatia, proporcionar feedback, esclarecer objetivos e ajudar ativamente20.

No referido grupo motivacional, conduzido pela pesquisadora, buscava-se oferecer um momento de reflexão inicial sobre o porquê dos pacientes buscarem o tratamento e o que esperavam receber no ambulatório. Seguia-se pelo questionamento de como estava o envolvimento com a substância, quais as perdas acumuladas no decorrer do tempo de uso, quais objetivos de cada um com o tratamento, que atitudes poderiam ajudá-los a atingir seus objetivos. No papel de terapeuta, procurava ser empática com os problemas trazidos pelo grupo, oferecia alguns esclarecimentos sobre as substâncias e seus efeitos no organismo, e sobre os atendimentos oferecidos no ASPA, mas deixava claro que respeitaria as escolhas individuais. No decorrer do processo a terapeuta também passou a discutir com os médicos possíveis encaminhamentos.

Este papel desempenhado pela pesquisadora foi bastante enriquecedor, pois dessa forma pôde, ao mesmo tempo, estar mais próxima dos pacientes e vivenciar um pouco os papéis exercidos pelos profissionais envolvidos no serviço. Isso favoreceu uma maior compreensão das reais demandas e necessidades do ambulatório e da população nele atendida.

Essa integração entre papéis assistenciais e de investigação científica consiste em rica estratégia, já que usa este meio disponível e a condição de favorecimento com o fim de alcançar o objetivo específico da pesquisa. Pode-se considerar uma forma de se conhecer mais profundamente este campo, inclusive tendo um papel definido em um grupo, com as mesmas características da população a ser pesquisada.

Como vimos na literatura, é um elemento central em pesquisa de metodologia qualitativa a incorporação do campo, não partindo de um pressuposto dado, mas sim da construção de seu sentido, do mergulho em suas singularidades21.

Enquanto observadora do serviço em questão, a pesquisadora adotou uma postura mais ativa, não somente a de escuta, mas também participando e opinando a respeito dos casos atendidos. Ela pôde ter uma compreensão mais ampla, não apenas da dinâmica do serviço, mas também sobre a de cada paciente ali atendido. Tal compreensão, mais global e profunda, favoreceu o trabalho terapêutico da pesquisadora no grupo motivacional que coordenava, tendo obtido mais ferramentas para discutir as dificuldades trazidas pelo grupo, descrever a eles o serviço ali oferecido e a importância do tratamento.

Ocupando o lugar de observadora/terapeuta a pesquisadora pôde se aproximar do grupo, buscando tornar familiar o ambiente (ambulatório) ainda parcialmente desconhecido, mas também buscava descobrir não necessariamente pontos "exóticos" em meu familiar papel de terapeuta, mas perceber aquela realidade em toda sua complexidade. Como visto na teoria, o processo de "estranhar o familiar" ocorre quando confrontamos intelectualmente, e mesmo emocionalmente, diferentes versões e interpretações pré-existentes. Haja vista que "o que sempre vemos e encontramos pode ser familiar, mas não é necessariamente conhecido e o que não vemos e encontramos pode ser exótico, mas, até certo ponto, conhecido"22.

Através desse recurso de observação participante, constatou-se que o papel de terapeuta precisa ser flexível, ora acolhendo o sofrimento, ora ensinando conceitos (como efeitos e consequências do uso de substâncias), ora motivando, ora esclarecendo ao paciente uma realidade que ele não consegue ou não quer ver. Vivenciou-se ainda o sentimento de frustração em situação de abandono do tratamento, ou recaídas dos pacientes, bem como a necessidade do terapeuta buscar em si mesmo a referida "motivação" para transmitir ao paciente.

Com relação às observações da população atendida pelo ASPA, destaca-se a importância dada pelos pacientes ao apoio sentido por parte da equipe técnica e do grupo. Na pesquisadora ficou a impressão de que, em um espaço no qual os pacientes pudessem falar livremente de seu sofrimento frente à substância e ouvir relatos de companheiros que vivenciam situações semelhantes, seria uma ajuda fundamental.

Percebeu-se ser frequente o abandono do tratamento, sendo grande a rotatividade no grupo. Muitos retornavam algum tempo depois e relatavam os motivos do abandono. Verificou-se que tais motivos passavam por processos de recaída do uso, porém, foi constatado também o abandono em função da melhora do paciente, que interrompia o tratamento e seguia reconstruindo sua vida com a família e o trabalho. Havendo o retorno ao ambulatório em um momento posterior quando novamente sentiam que precisavam de ajuda.

Outro ponto rapidamente observado, foi que no grupo motivacional conduzido pela pesquisadora, havia uma quantidade maior de homens do que mulheres (cerca de sete homens para cada mulher), sendo mais frequente o abandono por parte das mulheres. Percebeu-se que estas interagiam menos nos grupos, falando quando estimuladas e demonstrando certo enfado com as falas dos companheiros homens.

Devido às diferenças constatadas durante o processo de aculturação e ambientação entre a população masculina e feminina atendida no ambulatório, decidiu-se o tema da futura pesquisa clínico-qualitativa. Percebeu-se a necessidade de compreender o significado do tratamento ali oferecido para as pacientes mulheres. Inicialmente pensamos em estudar apenas uma população de mulheres dependentes de cocaína e crack, mas com o conhecimento prévio do serviço, percebemos que não haveria um número suficiente de sujeitos para a pesquisa. Assim sendo, propusemos um estudo sobre as significações psicológicas da adesão ao tratamento de mulheres dependentes de SPA.

Considerações finais

A experiência de ambientação e aculturação foi entendida como momento importante para um trabalho de investigação clínico-qualitativo, devendo ser indicado como fase habitual em novas pesquisas que utilizem a mesma metodologia nos settings clínicos. No tocante à ambientação, percebemos que um serviço ambulatorial, dentro de um hospital-escola, possui particularidades que o diferencia de outros serviços especializados em dependência. Pôde-se conhecer as limitações e as vantagens de um serviço como este, bem como perceber que a população que busca o ASPA também tem suas condições. Quanto à aculturação, esta se mostrou importante para facilitar a aproximação da pesquisadora das mulheres a serem pesquisadas, como por exemplo, ao conhecer e utilizar a linguagem verbal e gestual da referida população, que em parte servem para criar uma cultura própria de comunicação (que por vezes exclui o profissional) e por outro lado, uma vez entendida, permite uma maior compreensão de sentidos.

A pesquisadora registrou, já no primeiro contato com a população do ASPA, a importância de se oferecer uma recepção cuidadosa a pacientes que procuram tratamento em função do uso de drogas, a fim de ajudá-los a superar medos de exporem-se e de serem julgados como estão habituados. Demonstraram a necessidade de serem ouvidos e auxiliados na melhor compreensão de seus problemas.

A partir da vivência de aculturação e ambientação da pesquisadora, verificamos um aspecto relevante a ser bem estudado que é o perfil de atitudes diferentes entre os gêneros, notadamente conhecer as especificidades de um atendimento necessário a mulheres. Por conseguinte, a vivência da fase preliminar à coleta de dados em campo de pesquisa confirmou a relevância científica de se empreender o estudo das representações psicossociais e significações simbólicas sobre a adesão de mulheres ao tratamento especializado para dependência de SPA.

Fonte:
Ciência & Saúde Coletiva
Print version ISSN 1413-8123.