Psicoterapeuta. - CRT 42.156

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Fernando Cesar Ferroni de Freitas

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Prefeitura de SP reduz vagas para internação

Prefeitura de SP reduz vagas para internação de dependentes químicos.

GIBA BERGAMIN JR.DE SÃO PAULO

A gestão Fernando Haddad (PT) encerrou contratos com três comunidades terapêuticas --clínicas para tratar dependentes químicos--, fechando ao menos cem leitos de internação.

Assinados na administração anterior, de Gilberto Kassab (PSD), os convênios venceram e não foram renovados.]

Com essa medida, a Prefeitura de São Paulo vai priorizar um modelo de atendimento que reduz internações prolongadas e mantém usuários de drogas nas chamadas unidades de acolhimento, onde é permitido que eles passem por tratamento sem ficarem isolados.

As vagas de internação fechadas, diz o município, foram "reabertas" nesses locais.

Em vez de isolamento por um período de três a seis meses, como nas comunidades terapêuticas, os usuários de drogas ficam em casas da prefeitura, com a possibilidade de sair para trabalhar ou estudar e, depois, voltar para dormir.
Apu Gomes/Folhapress 
Usuários de drogas em centro terapêutico de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

A administração municipal chama essa política de "redução de danos".
A coordenadora de Saúde Mental da prefeitura, Myres Cavalcanti, afirma que a internação prolongada de dependentes não é ideal.
Ela diz que os leitos fechados já foram repostos em novas casas de acolhimento --seis delas foram abertas neste ano, aumentando o total de unidades para 16.

PROGRAMA ESTADUAL

Mais uma tentativa de reduzir o número de viciados em crack, o novo modelo se confronta com o programa do governo paulista, iniciado em janeiro deste ano, que prevê internação involuntária --contra a vontade do dependente-- em hospitais e clínicas da rede estadual.

Representantes das comunidades dizem que a mudança põe em risco o tratamento iniciado com dependentes químicos graves.

"As famílias estão desesperadas. Tenho experiência em dependência química e não acredito em redução de danos", disse uma funcionária da Comunidade Sagrada Família, em Cotia (Grande São Paulo), que pediu para não ser identificada.
"Nesse método, a pessoa costuma usar [droga] controladamente para tentar chegar ao ponto de abstinência."

A prefeitura nega que permitirá o uso controlado.

Além da Sagrada Família, cujo contrato foi encerrado em 15 de agosto, as comunidades Estância Verão, em Cajamar (Grande São Paulo), e Padre Haroldo, em Campinas (100 km de SP), também não tiveram os acordos renovados.
Os convênios firmados com outras três entidades vencem neste ano. A prefeitura ainda estuda se haverá ou não a renovação.
Gestor de convênios da Estância Verão, o psicólogo Edson Terra Tomazi disse que o município vai precisar ampliar os leitos das unidades de acolhimento.

"Do ponto de vista técnico, não acho que a prefeitura esteja errada. O que não pode é fechar leitos sem abrir outros para dar continuidade. E não é possível dizer que isto esteja acontecendo."

Usuário de crack desde os 26 anos, A., 49, desempregado, teria o tratamento interrompido numa das clínicas cujo convênio acabou. Ele se recusou a sair e pediu à direção que o mantivesse. Conseguiu.
Morador do Itaim Paulista (zona leste), A. está há cinco meses internado. "O pessoal da prefeitura queria me levar para essa unidade de acolhimento. Eu iria voltar a usar [droga], certamente. Ninguém passa o dia na rua sem usar. A recaída é muito mais fácil."

Um comentário:

Lotus Tratamento disse...

A meu ver, desfazer os convênios com as Comunidades Terapêuticas é uma ação que diminuiu o índice de recuperação, tendo em vista que muitos usuários encontram "recuperação" e consequentemente , a partir dai retomam suas vidas passam desenvolver novas estratégias para ter uma vida com qualidade, que antes não tinham.
Vejo que as unidades de saúde mental AD, ( Cap's AD)que trabalham com o modelo de "Redução de Danos", como tudo na vida tem resultados satisfatórios , e as vezes não, é uma variável intensa e constante, afinal, são pessoas diferentes, com histórias diferentes, uso de substancias diferentes , em frequência de uso diferentes, "O que leva o individuo ao uso"? São questão múltiplas, que dependem de uma estrutura multidisciplinar, olhar terapêutico, clinico, psicológico,, psiquiátrico.....é uma serie de fatores, e parece ser tratado como se fosse uma receita de bolo:
"Vai lá e faz isso que vai dar certo".
Os convênios não contemplam alguns usuários, que pode encontrar na Redução de Danos a solução para o seu problema, assim como quem não consegue dentro da Redução de Danos obter um bom resultado no que diz respeito a manter -se abstinente, dependente de uma Comunidade Terapêutica para atingir a abstinência, retomar o senso critico, e poder voltar a sociedade e tomar suas próprias decisões,.
O que eu não entendo é ....que critérios são usados para se tomar determinadas ações na vida de pessoas que estão completamente comprometidas psicologicamente e cognitivamente.
Falta ao meu ver conhecimento sobre o assunto, e de como tratar essa questão.
Entre a dependência química fisiológica e a psicológica a uma fronteira muito estreita, que precisa ser analisada com muita cautela, pois pessoas diferentes , tem valores diferentes, quem não se adapta a um modelo de tratamento, pode se adaptar a outro, precisamos apresentar outros modelos , como a prevenção a recaída, que é um fato constante e complexo, "o desejo por usar a droga", o comprometimento com o tratamento, a família, a sociedade de forma geral, e principalmente consigo mesmo.
Não podemos limitar e sim desenvolver mais estratégias de tratamento, e não desfazer os convênios que o kassab fez e o Haddad agora desfaz porque venceu o contrato que era de um ano, em um ano quantos conseguiram se recuperar, quantos estão na ambivalência, e quantos iniciaram o uso,e podem ir para o abuso e chegar a dependencia... se não colocar em pratica os modelos de prevenção universal, seletiva,ou dirigida, respeitando os estágios motivacionais de cada usuário, e criar nova estrategias de abordagem, penso eu que isso é como se diz popularmente, " chover no molhado".